• Mercado

    Monday, 06-May-2024 03:56:26 -03

    Reforma no ministério grego indica eleição ainda neste ano

    TONY BARBER
    DO "FINANCIAL TIMES", EM ATENAS

    20/07/2015 11h53

    Ian Langsdon/Efe
    Premiê grego, Alexis Tsipras, pode estar preparando o país para uma eleição geral
    Premiê grego, Alexis Tsipras, pode estar preparando o país para uma eleição geral

    O primeiro-ministro Alexis Tsipras parece estar preparando o país para uma eleição geral convocada às pressas em setembro ou outubro, depois de promover uma reforma ministerial que retirou do governo membros dissidentes do Syriza, seu partido radical de esquerda.

    As mudanças, anunciadas na sexta-feira, significam que agora Tsipras controla um ministério mais leal a ele e mais comprometido para com sua aceitação das reformas exigidas pelos credores gregos na zona do euro, em troca de um novo pacote de resgate no valor de até US$ 86 bilhões.

    Tsipras pode contar com o apoio de partidos oposicionistas moderados e pró-União Europeia, na aprovação legislativa das reformas, e os legislativos da Alemanha e outros países aprovaram novas negociações de resgate. Isso indica que o caminho da Grécia para um acordo de resgate tem cada vez menos obstáculos, ainda que continuem a existir questões quanto à capacidade do país para sobreviver em longo prazo na zona do euro.

    Grécia

    Muitos governos da zona do euro estão preocupados com o grau de energia que o governo de Tsipras, mesmo depois da reforma ministerial, dedicará a implementar um programa de reforma que, na opinião do premiê grego, lhe foi imposto brutalmente e contraria suas mais profundas crenças políticas.

    Uma eleição geral antecipada parece ser a mais provável perspectiva, assim que o Legislativo grego aprove a reforma, a fim de reordenar a confusa paisagem política na qual Tsipras é ao mesmo tempo refém dos rebeldes do Syriza e de partidos oposicionistas que pretendem lhe oferecer apoio apenas temporário.

    De acordo com um ministro do governo, o momento mais provável para a nova eleição é setembro ou outubro, depois do recesso parlamentar de verão na Grécia. Seria a quarta eleição geral no país desde 2012, e Tsipras teria forte chance de manter o poder, porque o Syriza ainda conta com vantagem forte nas pesquisas de opinião diante dos partidos oposicionistas.

    Mas o descontentamento para com as concessões de Tsipras aos credores europeus é forte no Comitê Central do Syriza, o principal órgão diretivo do partido. Entre os mais prementes desafios, portanto, está a tarefa de reafirmar o controle sobre o aparelho partidário e garantir que o maior número possível de candidatos do Syriza ao Legislativo sigam a linha do líder.

    O destaque da reforma ministerial foi a demissão de Panagiotis Lafazanis, que servia como ministro da Energia da Grécia desde que o Syriza assumiu, em janeiro. Ele lidera a facção Plataforma de Esquerda, a linha dura do partido, e advoga que a Grécia saia da zona do euro como maneira de restaurar a soberania nacional e libertar a economia do que os ultraesquerdistas de seu partido encaram como grilhões da opressão capitalista estrangeira.

    Lafazanis foi substituído no Ministério da Energia por Panos Skourletis, aliado de Tsipras que até agora era ministro do Trabalho. Skourletis, por sua vez, foi substituído na pasta do Trabalho por George Katrougalos, ex-ministro da Reforma Administrativa.

    Os mais importantes integrantes da equipe de política econômica de Tsipras - Euclid Tsakalotos como ministro das Finanças e George Stathakis como ministro da Economia - continuaram em seus postos.

    Os nove novos ministros e ministros assistentes tomaram posse no sábado, menos de três dias depois que quase um quarto dos 149 legisladores do Syriza se recusaram a seguir a instrução de Tsipras para que votassem em favor das reformas impostas pelos credores. A rebelião em seu partido forçou Tsipras a depender de votos da oposição para aprovar as medidas.

    Os bancos gregos reabriram na segunda-feira, mas com virtualmente as mesmas restrições a saques e transferências ao exterior que entraram em vigor quando as autoridades ordenaram seu fechamento em 29 de junho, de acordo com decreto do governo promulgado no sábado.

    Nos termos do decreto, os gregos poderão sacar € 420 por semana, mas em montantes variados por dia, ante os € 60 diários atuais. O limite semanal, portanto, ficará inalterado.

    O decreto mantém a proibição de que cidadãos gregos transfiram dinheiro para fora do país. Mas os detentores de cartões bancários gregos poderão usá-los para pagamentos quando estiverem fora do país.

    Os controles sobre o movimento de capitais não devem ser suspensos inteiramente até que a recapitalização dos bancos gregos seja concluída, um processo que depende da negociação bem sucedida de um novo acordo de resgate entre o governo e seus credores na zona do euro.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024