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    Não havia alternativa à redução da meta fiscal, afirma Raul Velloso

    TONI SCIARRETTA
    DE SÃO PAULO

    23/07/2015 02h00

    Pedro Carrilho/Folhapress
    O economista Raul Velloso, especialista em contas públicas
    O economista Raul Velloso, especialista em contas públicas

    Diante da crise de credibilidade, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) não tinha alternativa além de reduzir para um patamar mais factível a meta de superavit fiscal, a economia que o governo faz para manter o controle da dívida pública. A avaliação é do economista Raul Velloso, um dos maiores especialistas do país em contas públicas.

    "Não mexer deixaria um cheiro de enganação", disse.

    Folha - O governo acertou ao reduzir a meta? Não seria melhor mantê-la, mesmo que não fosse cumprida.

    Raul Velloso - Não tinha outra escolha. O governo não podia fazer mais isso [manter a meta e descumpri-la]. Isso só pode ser usado uma vez e não ano após ano. Já queimaram esse cartucho no passado. Ficaria um cheiro de enganação.

    A credibilidade sai abalada?

    O mais importante é a perseverança do governo no esforço do ajuste. Porque, de fato, não havia nada que o Levy poderia fazer para mudar esse quadro. É diferente da situação de um governo alheio. O ministro não estava de férias, esperando acontecer [não cumprir a meta]. Ele falava, mostrava os últimos planos e as coisas novas que estava pensando. A [presidente] Dilma também demonstrava apoio forte a ele. Imagino que ela tenha escutado opiniões contra o Levy e mesmo assim decidiu manifestar seu apoio político ao ministro.

    Como o país deve enfrentar a situação?

    A situação do Brasil é bem mais cômoda em relação a divisas. Estou falando em dólar, as reservas são altas e o país tem acesso aos mercados. É diferente do que foi no passado. As agências de risco sempre se preocupam se o país tem opção...

    O país vai perder o grau de investimento? É fato?

    Se houver uma demostração clara de esforço contínuo para fazer superavit e continuar o apoio da Dilma ao Levy, não vejo essa situação.

    Quais as consequências da redução da meta para o futuro?

    Claro que essa redução do superavit terá consequências para os próximos anos. O superavit terá de ser menor. Mas primeiro precisamos cuidar deste ano.

    Qual patamar ficará o endividamento público? Pode passar 67% do PIB como afirmam alguns economistas?

    Com certeza vai subir. Esse número só sobe... Não tenho confiança de fazer essa conta agora, porque depende de variáveis que ainda não foram definidas, como a trajetória da dívida e da economia.

    Infográfico Projeções para o PIB

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