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    Governo terá de cobrir mais uma conta bilionária no setor elétrico

    JULIA BORBA
    FÁBIO MONTEIRO
    DE BRASÍLIA

    23/07/2015 18h05

    André Corrêa/Agência Senado
    O ministro de Minas e Energia Eduardo Braga, em sessão na Comissão de Serviços de Infraestrutura
    O ministro de Minas e Energia Eduardo Braga, em sessão na Comissão de Serviços de Infraestrutura

    Uma decisão da Justiça forçou o governo a procurar alternativas para cobrir um novo rombo no setor elétrico. A conta que está em aberto é de aproximadamente R$ 2 bilhões ao ano.

    Nesta terça-feira (23), o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) esteve no Ministério da Fazenda tentar resolver a questão que envolve a recusa do pagamento de alguns encargos por grandes consumidores de energia.

    Segundo Braga, não há risco de que o montante acabe sendo repassado para a conta do consumidor.

    "Não há nenhum aumento nem impacto em tarifa. Estamos fazendo é ajuste de fluxo de caixa", disse o ministro.

    O valor em questão está relacionado a uma contestação na Justiça feita Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), que já obteve decisão liminar favorável.

    De acordo com o presidente-executivo da associação, Paulo Pedrosa, o processo busca resolver o que ele chama de "acidente legislativo", quando grandes consumidores de energia passaram a pagar dez vezes mais pela chamada CDE (Conta de Desenvolvimento Energético).

    O problema, segundo ele, está no rateio dessas despesas que seriam, em parte, cobertas pelo Tesouro Nacional. Neste ano, porém, em função dos cortes, o Tesouro suspendeu repasses para a CDE e todos os gastos da conta foram apenas redistribuídas pelos consumidores, incluindo a indústria.

    "Além de ser uma questão de sobrevivência para as empresas, tratamos um problema conceitual. Essa liminar é para proteção, necessária da indústria. Mas nós ainda achamos que o diálogo pode levar a uma solução", afirmou Pedrosa.

    "Existe uma visão de que o setor elétrico tem problemas, mas os da indústria são imensamente maiores", completou.

    No grupo de associados da Abrace estão grandes nomes, como a Ambev, Braskem, Vale, Votorantim, Nestlé, GM e Gerdau.

    A liminar permite que essas empresas deixam de pagar os custos adicionais desse encargo até julgamento final do processo.

    Apenas este ano foram repassados para os consumidores, de forma geral, R$ 22 bilhões para cobrir a CDE, principal motivo da elevação das tarifas.

    Dentre os gastos previstos por esta conta estão os da manutenção de programas sociais, como a Tarifa Social e o Luz para Todos.

    ESTUDOS

    De acordo com o ministro Eduardo Braga, a solução para o problema ainda está sendo construída.

    "Temos estudos, mas ainda inconclusivos. Esperamos na semana que vem tomar uma decisão sobre o tema", disse ao deixar o Ministério da Fazenda.

    Desobrigadas de pagar a CDE, as indústrias gastarão menos com energia, ao tempo em que o governo terá de criar uma forma para repor esse dinheiro e dar continuidade aos programas.

    "Estamos discutindo de que forma temos como alongar [os pagamentos] sem que haja algum tipo de impacto ou repasse, mas ainda não conseguimos chegar a uma conclusão", afirmou Braga.

    Para o ministro, a liminar está "prejudicando todo o setor" e seu "equilíbrio financeiro".

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