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    Após abrir em queda, dólar inverte tendência e sobe a R$ 3,40

    DE SÃO PAULO

    28/07/2015 11h42

    Mark Wilson/AFP
    Dólar sobe pelo quinto dia e atinge R$ 3,40 pela primeira vez desde 2003
    Dólar sobe pelo quinto dia e atinge R$ 3,40 pela primeira vez desde 2003

    Após ter começado o dia em queda, o dólar inverteu a tendência e opera em alta frente ao real nesta terça-feira (28). A moeda americana subiu nas últimas quatro sessões, voltando a níveis de mais de 12 anos.

    Às 11h40 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 1,11% sobre o real, cotado em R$ 3,400 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançava 1,07%, também para R$ 3,400. Por ora, ambos estão no maior valor desde 24 de março de 2003.

    O mercado aguarda pela decisão de política monetária do Banco Central do Brasil e do Federal Reserve (BC dos Estados Unidos) nesta quarta-feira (29). A maioria das apostas são de continuidade do ciclo de aperto monetário brasileiro em julho, com aumento de mais 0,5 ponto percentual da Selic (taxa básica de juros), hoje em 13,75% ao ano.

    Já nos Estados Unidos as expectativas recaem sobre possíveis sinalizações por parte do Fed sobre quando a autoridade monetária americana irá de fato começar a subir os juros naquele país. A presidente da instituição, Janet Yellen, já afirmou que o aperto deverá ocorrer em 2015. A taxa básica de juros dos EUA está em seu menor patamar histórico, entre zero e 0,25% ao ano, desde 2008 –uma medida para conter os efeitos da crise.

    O aumento dos juros nos EUA deixaria os títulos do Tesouro americano –cuja remuneração acompanha essa taxa e que são considerados de baixíssimo risco– mais atraentes do que aplicações em emergentes, como o Brasil, provocando uma saída de recursos dessas economias. Com a menor oferta de dólares, a cotação do dólar seria pressionada para cima.

    "O principal vetor dos mercados continua sendo o cenário político no Brasil", diz João Pedro Brügger, analista da Leme Investimentos. A avaliação é que não há clareza sobre o rumo da economia, e os desentendimentos entre o Executivo e o Legislativo adicionam tensão entre os investidores.

    "Aumentou a cautela com um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff. Há manifestação contra o governo prevista para este mês e uma cobrança pesada sobre as medidas do [ministro da Fazenda] Levy", afirma Brügger. A crise política, diz, retarda as decisões de ajuste fiscal e ameaça o grau de investimento (selo de bom pagador) do país.

    Assim, a deterioração do quadro político nacional deve seguir como o principal fator que empurra o preço da moeda americana para cima, segundo operadores. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta terça que o governo tem de priorizar as despesas neste momento, inclusive aquelas criadas por lei, para controlar a dívida pública. Ele voltou a defender a necessidade de atuação do Congresso para garantir o ajuste fiscal.

    Na véspera, Levy afirmou à Agência Estado que a meta de superavit primário do ano que vem, que foi cortada de 2% para 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto), pode ser aumentada se "houver um alinhamento de prioridades entre o Executivo e o Congresso". O governo não tem a intenção de deixar a dívida pública crescer além do nível de 70% do PIB, segundo ele.

    Também na última segunda, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, descartou o uso pelo governo de recursos de reservas internacionais para tentar controlar o câmbio, e disse que o dólar tende a se estabilizar.

    Mesmo com a recente escalada da moeda americana, o BC manteve o ritmo de rolagem do lote de US$ 10,675 bilhões em swaps cambiais que vencem em agosto e renovou nesta terça-feira mais 6.000 contratos. A operação equivale a uma venda de dólar no mercado futuro.

    CHINA NO RADAR

    No exterior, o aumento das compras de ações por parte do governo chinês ajudou a limitar a queda das Bolsas na China nesta terça-feira, com o índice Xangai Composto registrando um recuo de 1,68%, para 3.663 pontos. No pregão anterior, o índice caiu 8,48%, o maior tombo diário desde fevereiro de 2007, o que derrubou os demais marcados acionários do mundo e provocou uma disparada do dólar.

    Assim, após sete quedas consecutivas, o principal índice da Bolsa brasileira corrigia parte das perdas recentes nesta terça-feira. Às 11h40, o Ibovespa subia 1,70%, para 49.562 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 1,9 bilhão. O ânimo também era visto em Nova York, onde as Bolsas ganhavam de 0,2% a 0,6%. Na Europa, os indicadores acionários tinham valorização em torno de 1%.

    As ações preferenciais da Petrobras, mais negociadas e sem direito a voto, disparavam 5,88% às 11h40, para R$ 10,07 cada uma. Os papéis corrigiam parte da perda de 20,22% acumulada após sete baixas consecutivas.

    A também estatal Eletrobras subia, apesar de a Polícia Federal ter prendido nesta terça-feira o presidente licenciado da Eletronuclear, sua subsidiária. A prisão faz parte de uma nova fase da operação Lava Jato, agora no setor elétrico, que foi batizada como "Radioatividade".

    Os papéis preferenciais da Eletrobras ganhavam 1,53% às 11h40, para R$ 8,58. No mesmo horário, as ações ordinárias da empresa, com direito a voto, subiam 1,10%, para R$ 5,48.

    Das 66 ações do Ibovespa, apenas 16 caíam ou operavam sem variação em relação ao preço de fechamento da véspera, às 11h40. As perdas eram guiadas pela Rumo Logística (-4,12%), pela operadora de telefonia Oi (-2,86%) e pela Ecorodovias (-2,20%).

    Do outro lado do índice, os papéis da Braskem lideravam os ganhos, com valorização de 8,68%, para R$ 11,77 cada um. O movimento refletia, segundo analistas, uma correção à perda de mais de 10% na véspera, quando foi afetada pela denúncia do Ministério Público Federal envolvendo contrato de nafta da petroquímica com a Petrobras, na Lava Jato.

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