A General Motors investirá US$ 5 bilhões em uma nova família de veículos para venda nos mercados de maior crescimento mundial, e aprofundará sua parceria com a SAIC Motor, da China, como parte dos esforços da terceira maior montadora mundial de automóveis para reformular sua estratégia nas economias emergentes.

A GM e a SAIC, sócias em uma joint venture na China, desenvolverão a arquitetura de um veículo completamente novo e os motores para um grupo de carros que serão montados em quatro polos industriais - China, Brasil, Índia e México -, com alta proporção de componentes obtidos localmente.

Os carros, que portarão a marca Chevrolet, serão depois exportados a outros países, mas não existem planos de vendê-los nos Estados Unidos ou na Europa.

Dan Ammann, presidente da GM, disse que a companhia estava tentando desenvolver uma "fórmula para a vitória" nos mercados que propelirão as vendas de automóveis no futuro, enquanto as montadoras de automóveis de todo o planeta enfrentam um mercado norte-americano que é visto como próximo de seu pico, demanda anêmica na Europa e problemas localizados em países como a Rússia.

Cerca de 88% das vendas mundiais de carros de passageiros devem vir de mercados emergentes, entre agora e 2030, de acordo com a GM.

"O objetivo na verdade é atender as necessidades em rápida mudança dos clientes nesses mercados em crescimento", disse Ammann. "Sentimos que era muito importante deixar claro... onde colocaremos nossas apostas, da perspectiva do crescimento".

A GM promoveu mudanças radicais em sua presença mundial este ano, promovendo retirada total ou parcial de países como a Rússia, Indonésia e Tailândia e ao mesmo tempo investindo em aumento de capacidade no México para a produção de modelos como a próxima geração do compacto Cruze, hoje montado na Coreia do Sul.

A nova linha, que deve chegar ao mercado em 2019 e registrar vendas anuais de dois milhões de unidades, será em geral produzida em fábricas existentes e marca a mais nova tentativa de uma montadora multinacional de produzir um "carro mundial" que atenda aos gostos locais em mercados emergentes mas ofereça grau considerável de compatibilidade, permitindo economia nos custos de produção.

A Renault recentemente lançou o compacto Kwid, na Índia, que foi parcialmente projetado e desenvolvido naquele país e está sendo montado em Chennai.

Embora a linha da GM deva ser parcialmente desenvolvida no centro Patac de pesquisa, em Xangai, Ammann negou que ela represente uma tentativa de competir com a Dacia, a marca romena de preços acessíveis da Renault, cujos produtos encontraram considerável sucesso até mesmo em mercados desenvolvidos.

Ele disse que o objetivo não era produzir um modelo de "baixo custo", mas combinar conteúdo e valor, em linha com as demandas por maior conectividade, mais segurança, e mais economia de combustível.

Ammann se recusou a comentar sobre os estilos de carrocerias que serão incluídos na nova linha, ou a informar se ela incluiria veículos comerciais leves. Mas a linha seria "primariamente orientada a carros de passageiros", ele disse.

A GM deseja reduzir o número de plataformas mundiais com que opera de 30 em 2010 a apenas quatro "conjuntos flexíveis de veículos", em 2025. O novo carro dedicado aos mercados emergentes será uma dessas plataformas - o termo amplo usado para descrever carros com as mesmas dimensões, motores, transmissões e componentes de carroceria.

"Isso é de muitas maneiras um bom exemplo de como tirar vantagem da escala mundial que temos nesta empresa... para fazer algo de uma ordem de magnitude que não foi tentada antes", disse Ammann.

Tradução de PAULO MIGLIACCI