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    Com demanda alta, confinamento do boi deve crescer na pecuária do Brasil

    TÁSSIA KASTNER
    DE SÃO PAULO

    30/07/2015 02h00

    O posto do Brasil é de maior exportador de carne bovina do mundo, com 1,25 milhão de toneladas embarcadas em 2014. São 198 milhões de cabeças de gado em uma área de pastagem de 167 milhões de hectares. Assim como a agricultura, a pecuária brasileira exibe números importantes que fortalecem a imagem de fornecedor de alimentos do mundo.

    No entanto, para continuar atendendo à crescente demanda mundial por proteínas, a produção ainda precisa buscar ganhos de produtividade e previsibilidade, dizem especialistas do setor. E a chave da transformação deve passar por uma diminuição da imagem que temos do boi no campo, comendo exclusivamente capim.

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    O futuro aponta para o crescimento do confinamento, ambiente controlado no qual os animais são alimentados exclusivamente com ração, recebem água em abundância, não sofrem com o risco climático que pode afetar o pasto e a engorda do gado, e ganham peso para abate mais rapidamente.

    Em relatório, o Rabobank ressalta que a disputa de área de pecuária com a agricultura deve estimular o crescimento do confinamento no país.

    No último ano, 10% do rebanho brasileiro passou pelo confinamento (veja no infográfico). Segundo a Assocon (entidade que reúne os confinadores), o percentual deve saltar para 20% em dez anos. No Estados Unidos, quase 100% dos animais vão para o confinamento.

    "O confinamento auxilia no ganho de produtividade e limita o desmatamento, mas a produção a pasto vai ser sempre fundamental para o país", diz Bruno Andrade, gerente executivo da Assocon.

    O diretor técnico da consultoria Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz, lembra que o confinamento teve impulso no país para manejo de pastagens. "O Brasil tem vantagens competitivas na engorda a pasto", observa.

    No inverno, o frio e a seca diminuem o capim, e o produtor tinha duas alternativas: armazenar alimentos ou vender o animal mesmo antes de ele estar no melhor peso. Com a alternativa do confinamento terceirizado, o pecuarista tira uma parte do rebanho do pasto e coloca no cocho parar aliviar a pastagem.

    Porém, o custo elevado limita expansão. Segundo a Assocon, um animal criado a pasto custa entre R$ 45 e R$ 50 por mês, enquanto o boi que vai para o confinamento demanda de R$ 150 a R$ 160 mensais, na região de Goiás.

    ATIVIDADE INDUSTRIAL

    Para Andrade, o ganho no confinamento está na aproximação da pecuária com uma atividade "industrial", com mais controle do processo de produção, o que deixa o negócio mais previsível.

    Ferraz ressalta, entretanto, que um dos principais gargalos da pecuária brasileira hoje é a produção de novos animais. Produtores foram concentrando esforços nas demais fases de produção, mais rentáveis, e o reflexo é uma diminuição no número de animais para reposição.

    "Concordo que há uma necessidade de intensificar a pecuária, e o confinamento é uma das alternativas. Mas mesmo em outras partes do mundo não se faz a cria em confinamento, e essa atividade está se tornando cada vez mais um gargalo" reforça.

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