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    Após três trimestres de prejuízo, Vale volta a lucrar com ajuda do câmbio

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO

    30/07/2015 08h45

    Dado Galdieri - 9.mai.2013/Bloomberg
    Caminhões basculantes carregam minério de ferro de mina da Vale em MG
    Caminhões basculantes carregam minério de ferro de mina da Vale em MG

    Com a desvalorização do dólar, preços melhores do minério de ferro, além de reduções de custos, a Vale registrou lucro líquido de R$ 5,144 bilhões no segundo trimestre deste ano, após três trimestres consecutivos de perdas para a companhia.

    O lucro líquido cresceu 61,4% na comparação ao mesmo período do ano passado (R$ 3,187 bilhões). No primeiro trimestre deste ano, houve prejuízo líquido de R$ 9,538 bilhões.

    Em dólares, o lucro líquido foi de US$ 1,675 bilhão no último trimestre, bem superior à estimativa média do mercado de US$ 408 milhões, segundo pesquisa da agência de notícia Reuters.

    Vale volta ao positivo

    A Vale também anunciou nesta quinta-feira (30) a venda de uma participação na Minerações Brasileiras Reunidas (MBR) para um fundo do Bradesco BBI por R$ 4 bilhões, além da venda de quatro navios para uma companhia de navegação chinesa (veja mais abaixo).

    A mineradora disse que o resultado do segundo trimestre foi puxado principalmente pela apreciação de 3% do real contra o dólar. No primeiro trimestre, a moeda havia se desvalorizado 21%.

    A variação do câmbio afeta o balanço da Vale porque suas dívidas são em dólar. Quando a moeda americana sobe, fica mais caro pagar a dívida. Quando cai, o resultado é positivo. São efeitos contábeis, sem impacto no caixa da empresa.

    O lucro básico da Vale, que exclui esses efeitos do câmbio, foi de R$ 2,993 bilhões de abril a junho deste ano, uma queda de 31,5% na comparação ao mesmo período do ano passado.

    No primeiro semestre, porém, a mineradora teve um prejuízo de R$ 4,3 bilhões, frente a um lucro líquido de R$ 9,1 bilhões em igual período do ano passado.

    PREÇOS

    O preço do minério de ferro, principal fonte de receita para Vale, iniciou uma trajetória de queda no ano passado, fruto da desaceleração da atividade econômica da China e de uma "sobreoferta" do produto no mercado asiático.

    No segundo trimestre, o preço dos finos do minério de ferro da Vale foi de US$ 50,6 a tonelada. Isso representa uma queda de 40% na comparação ao mesmo período do ano passado, quando estavam em US$ 84,6 a tonelada

    O preço foi, contudo, melhor do que no primeiro trimestre deste ano, quando estava em US$ 46. Isso é uma boa notícia considerando que os preços médios do minério de ferro no mercado tiveram queda no período.

    O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, um indicador da geração de caixa da companhia, foi de R$ 6,817 bilhões de abril a junho deste ano, alta de 47,1% frente ao primeiro trimestre. Em comparação ao mesmo período de 2014, a queda foi de 25,4%.

    Os custos do minério entregue na China, ajustados pela qualidade e umidade, diminuíram para US$ 39,1 por tonelada no segundo trimestre, contra US$ 43,4 no primeiro trimestre, destacou a companhia.

    Como exemplo dos motivos para a queda do custo, a Vale citou que o preço do frete em dólares foi reduzido em 2,3%, devido à renegociação de contratos de afretamento.

    "O setor passou por uma mudança estrutural muito forte [de preços]. Mas nós já vínhamos falando sobre esse fim do superciclo das commodities não é de hoje. De qualquer forma, estamos preparados para isso e os resultados estão aparecendo", disse o presidente da Vale Murilo Ferreira, em videoconferência com analistas do mercado.

    VENDAS
    A Vale também anunciou nesta quinta-feira (30) a venda de uma fatia da subsidiária Minerações Brasileiras Reunidas (MBR) para um fundo do Bradesco BBI por R$ 4 bilhões.

    O valor se refere a uma fatia de 36,4% da mineradora no capital social da MBR. A subsidiária produz 65 milhões de toneladas de minério de ferro em minas localizadas Minas Gerais.

    A Vale também anunciou a venda de quatro navios com capacidade de 400 milhões de toneladas para a China Merchans, uma empresa estatal chinesa operadora de transportes marítimos.

    A venda totalizou US$ 448 milhões, valor que será recebido pela Vale, valor que será recebido com a entrega dos navios –conhecidos como Valemax– para a estatal chinesa em setembro deste ano.

    A Vale também concluiu a venda, que já havia sido anunciada, de outros quatro navios de grande porte para a Cosco (China Ocean Shipping Company), no valor de US$ 445 milhões.

    O presidente da Vale disse que existe interesse em venda de mais ativos. Ele citou como exemplo o interesse na venda de ações excedentes da ferrovia MRS Logística, que tem atuação no região Sudeste.

    "Tem outra [possível venda de ativos], mas não posso contar no momento", disse Ferreira.

    PRODUÇÃO
    Na semana passada, a Vale informou que sua produção de minério de ferro cresceu 7,4% no segundo trimestre, na comparação ao mesmo período do ano passado, para 85,3 milhões de toneladas.

    Mesmo com os preços baixos no mercado internacional, a produção de minério de ferro da Vale foi o melhor da história para um segundo trimestre da companhia mineradora e o segundo melhor desempenho trimestral da história.

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