• Mercado

    Saturday, 04-May-2024 06:26:35 -03

    HSBC está perto de vender unidade brasileira ao Bradesco por US$ 4 bi

    MARTIN ARNOLD
    DO "FINANCIAL TIMES"

    31/07/2015 18h53 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    O HSBC está perto de vender sua subsidiária brasileira ao rival local Bradesco, por cerca de US$ 4 bilhões, e deve anunciar a transação junto com os seus resultados na segunda-feira, disseram pessoas informadas sobre as negociações.

    Se o acordo for concluído em tempo, permitiria que o HSBC demonstrasse progresso rápido quanto a algumas das metas definidas em sua atualização estratégica de junho.

    Na época, o banco prometeu cortar 50 mil funcionários, vender suas unidades no Brasil e na Turquia, além de transferir recursos aos mercados asiáticos, mais promissores.

    Andy Rain/Efe
    Agência do HSBC em Londres, no Reino Unido; banco britânico anuncia saída do Brasil
    Agência do HSBC em Londres, no Reino Unido; banco britânico anuncia saída do Brasil

    Duas pessoas informadas sobre o assunto disseram que o Bradesco, o segundo maior banco privado brasileiro, estava conduzindo negociações exclusivas com o HSBC para adquirir suas operações no Brasil, por quantia próxima ao seu valor contábil de US$ 4 bilhões.

    As negociações com o Bradesco surgiram depois de um leilão organizado pelo Goldman Sachs que atraiu diversos interessados, entre os quais o Santander, da Espanha.

    O HSBC também está conduzindo negociações exclusivas com o banco holandês ING para a venda de sua unidade turca, por entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão. Mas uma pessoa próxima às negociações disse que elas talvez não sejam concluídas em tempo para o anúncio da segunda-feira.

    Juntas, as vendas representam mais um reposicionamento das ambições mundiais de um grupo que em dado momento se definia como "o banco local de todo o planeta", e continua a ter 266 mil funcionários em 73 países e territórios. O HSBC, o Bradesco e o ING se recusaram a comentar as negociações.

    Alguns investidores estão cada vez mais frustrados com o HSBC, que não conseguiu atingir as metas definidas em um plano estratégico anterior, entre as quais avanços em sua relação custo/benefício e no retorno sobre o capital.

    Houve especulações de que, no ano que vem, Douglas Flint, presidente do conselho do banco, anunciará planos de renúncia, e que pela primeira vez o posto poderia vir a ser ocupado por alguém de fora do banco.

    A expansão do HSBC no Brasil e na Turquia surgiu de aquisições audaciosas no final dos anos 90, como parte de uma campanha mundial de expansão.

    Sem escala para concorrer, entretanto, o banco não teve sucesso em nenhum dos dois países e acumulou prejuízos.

    No ano passado, o HSBC registrou prejuízo de US$ 247 milhões no Brasil, onde ele é o sétimo maior banco pelo critério de ativos, com mais de 800 agências.

    Se o Bradesco conseguir concluir o negócio, isso permitiria que o banco reduzisse sua desvantagem diante de seu maior rival local, o Itaú Unibanco.

    A transação também seria um revés para o Santander, que via o leilão como oportunidade de ganhar, no Brasil, a escala que vem lutando para atingir desde que comprou o banco Banespa, em 1998.

    Os analistas antecipam que o HSBC deve anunciar alta de 1% em seu lucro interino anterior aos impostos, para US$ 12,5 bilhões, na segunda-feira. Os custos operacionais devem subir ligeiramente para US$ 18,5 bilhões no primeiro semestre, e o faturamento também deve ter alta, chegando a US$ 31,1 bilhões.

    Um investidor disse que a venda das unidades do Brasil e Turquia não era "grande o bastante para fazer a diferença", em um grupo com ativos de US$ 2,5 trilhões. Ele previu que o foco estaria no progresso das medidas de corte de custo e no desempenho do banco de investimentos do HSBC.

    As ações do HSBC caíram em mais de 5% desde sua atualização estratégica de junho, ficando abaixo das de seus principais concorrentes e do índice FTSE 100.

    Naquele momento, o presidente-executivo Stuart Gulliver prometeu uma "virada para a Ásia", com a redução de operações de mau desempenho na Europa e nas Américas e um redirecionamento de recursos para mercados mais promissores, especialmente a região industrial do delta do rio Pérola, na China.

    A venda das operações do banco no Brasil e Turquia reduziria seu pessoal em 25 mil pessoas. O banco planeja cortar número semelhante de empregos em outros mercados, em parte pelo fechamento de 12% de suas agências em seus principais mercados e pela transferência de mais operações a um modelo digital.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024