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    Ritmo de inovação do Brasil está a 3 décadas do chinês

    RENATA AGOSTINI
    DE SÃO PAULO

    02/08/2015 02h00

    Seguindo o ritmo recente de expansão, o Brasil levará 34 anos para chegar ao patamar de investimento em inovação mantido atualmente por economias como China e União Europeia.

    O cálculo foi feito pela Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), grupo que reúne líderes de cem grandes empresas para debater iniciativas de apoio à inovação, e apresentado ao governo nesta sexta-feira (31).

    Hoje, o Brasil investe cerca de 1,2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, enquanto o país asiático e o bloco europeu desembolsam aproximadamente 2%, segundo a OCDE (organização que reúne grandes economias).

    O indicador é usado para medir o esforço de cada país para estimular a inovação e considera o que foi desembolsado pelos governos e pelas empresas. Em média, os países-membros da organização investem 2,4% de tudo que produzem. Na líder Coreia do Sul, a fatia é de 4,4%.

    Investimento insuficiente

    Investimento em pesquisa em relação ao PIB

    A análise internacional indica que acelerar o ritmo de crescimento dependerá do esforço do setor privado. É das empresas –e não do governo– que vem a maior parte dos investimentos em pesquisa nos países desenvolvidos.

    Nos EUA, o empresariado investe sozinho o equivalente a 2% do PIB, enquanto o governo aplica 0,7%.

    NA CONTRAMÃO

    No Brasil, a relação ainda é inversa. Da União e dos Estados saem 60% do volume total de investimentos, de quase R$ 64 bilhões em 2013, segundo o Ministério de Ciência e Tecnologia (não há estimativas mais recentes).

    No início de seu primeiro mandato, a presidente Dilma Rousseff chegou a traçar uma meta: levar o empresariado brasileiro a aplicar 0,9% do PIB em pesquisa e desenvolvimento até 2014.

    Os incentivos vieram, especialmente, de linhas de financiamento do BNDES. Mas o investimento das empresas no segmento seguiu estagnado, ao redor de 0,5% do PIB desde então.

    Segundo técnicos da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que coordena os trabalhos da Mobilização Empresarial, se nada for feito, o país levará mais de seis décadas para alcançar a meta sonhada por Dilma.

    "A baixa rentabilidade das empresas é o principal entrave. O dinheiro para inovação vem primordialmente do resultado operacional das companhias", diz Pedro Wongtschowski, ex-presidente-executivo e membro do conselho de administração do Grupo Ultra (dos postos Ipiranga).

    Para a indústria, uma das saídas é melhorar o acesso aos programas de crédito existentes e simplificar procedimentos como o registro de patentes –no Brasil, leva-se em média 10,8 anos para consegui-lo.

    Os empresários pedem ainda a votação no Congresso do marco legal da inovação, com modificações como a dispensa de recolhimento de tributos para bolsas de pesquisa.

    "O marco legal é fundamental, sobretudo no ambiente de escassez fiscal. Com o volume atual de financiamentos, mas aperfeiçoando os processos, o impacto será significativo", diz Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que coordena os trabalhos da Mobilização Empresarial.

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