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    Petróleo Brent cai abaixo dos US$ 50 com aceleração na produção da Opep

    ANJLI RAVALI
    DO "FINANCIAL TIMES"

    03/08/2015 18h59

    Jason Reed/Reuters
    Operário em refinaria da australiana Caltex, em Kurnell; preço do petróleo voltou a cair
    Operário em refinaria da australiana Caltex, em Kurnell; preço do petróleo voltou a cair

    O petróleo caiu abaixo dos US$ 50 por barril nesta segunda-feira (3), estendendo a queda do mês passado e atingindo seu nível mais baixo desde janeiro, devido a sinais de que a produção crescente continuará a exceder a procura.

    O contrato do petróleo Brent cru para setembro na bolsa ICE - a referência mundial para o preço da commodity - registrou 18% de queda em julho. Na primeira sessão de agosto, ele caiu em mais 4%, ou mais de US$ 2 por barril, atingindo a marca de US$ 49,81, a mais baixa em seis meses.

    "Depois de três meses de preços de petróleo se mostrando pelo menos um pouco promissores e estáveis, julho provou ser um mês desastroso para aqueles que acreditavam em uma alta do petróleo", disse David Hutton, presidente-executivo da PVM, uma corretora sediada em Londres. A pressão renovada sobre os preços surgiu por conta do foco dos participantes do mercado na aceleração da produção pelos países da Opep, como a Arábia Saudita e o Iraque, nos quais a produção atingiu novos recordes em meio à concorrência mundial por compradores.

    O medo de que petróleo iraniano adicional chegue ao mercado depois do acordo nuclear do mês passado trouxe nova pressão de baixa sobre os preços.

    "A perspectiva de uma recuperação de preços no segundo semestre desapareceu e existe perigo claro e imediato de que os preços retornem às baixas do começo do ano", disse Hufton.

    A derrocada do petróleo iniciada um ano atrás ganhou ímpeto em novembro quando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o cartel dos produtores, decidiu não cortar sua produção a despeito do excedente de petróleo gerado pela produção dos Estados Unidos.

    Depois de cair a perto de US$ 45 por barril em janeiro, o Brent se recuperou e em maio atingiu preço superior a US$ 69 por barril.

    Mas desde então os preços recuaram em mais de 20%, e muitos operadores agora preveem um período mais longo de preços mais baixos.

    As apostas dos especuladores na alta dos preços do petróleo vinham perdendo ímpeto desde maio. Na semana passada, os fundos de hedge reduziram suas posições que previam preços mais altos para o petróleo pelo maior montante em 10 meses.

    Em separado, Nijan Zanganeh, o ministro do Petróleo do Irã, declarou no domingo que o país, membro da Opep, estará pronto para elevar rapidamente sua produção no momento em que forem removidas as sanções relacionadas ao seu programa nuclear.

    "Um dia depois da suspensão das sanções, elevaremos [a produção] em 500 mil barris ao dia", ele disse, afirmando antecipar que as sanções sejam retiradas já em novembro.

    A despeito da queda acentuada dos preços ante suas marcas deste período no ano passado, a produção norte-americana de petróleo se provou persistente, com o número de plataformas perfurando em busca de petróleo cru se estabilizando nas últimas semanas.

    A preocupação sobre o estado da economia da China, o maior importador mundial de petróleo, também está pressionando o mercado.

    "Os produtores dos Estados Unidos estão chegando ao ponto no qual começarão a considerar crescimento", disseram analistas do Deutsche Bank.

    O petróleo padrão West Texas Intermediate (WTI), o referencial do mercado dos Estados Unidos, caiu em US$ 1,12, para US$ 46 por barril.

    Na semana passada, as maiores produtoras mundiais de petróleo, entre as quais ExxonMobil, Chevron, Shell e BP, anunciaram que o colapso dos preços havia esmagado seus lucros.

    Isso levou a bilhões de dólares em cortes de investimentos e à demissão de milhares de funcionários.

    Outras commodities também estão sob pressão. O cobre atingiu sua marca mais baixa em seis anos, cotado a US$ 5.163 por tonelada na segunda-feira, e está a ponto de entrar em baixa técnica - ou seja, a cair em mais de 20% ante seu pico mais recente.

    O alumínio também caiu à sua cotação mais baixa em seis anos, US$ 1.601,50 por tonelada.

    O Índice Thomson Reuters CRB de Commodities Básicas, que acompanha uma cesta ampla de commodities, caiu a marcas vistas pela última vez no começo de 2009, quando a crise financeira estava no auge.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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