O Bradesco vai superar o Itaú, líder no atendimento ao cliente de alta renda, após a compra do HSBC, anunciada na madrugada desta segunda (3). Ao priorizar nos últimos anos a classe média emergente, o Bradesco tinha uma presença considerada tímida na alta renda e buscava uma forma de ampliar sua presença no segmento.

O Itaú Personnalité tem 363 agências que atendem 870 mil clientes com renda mensal acima de R$ 10 mil. Esses clientes vieram de uma série de aquisições –Banco Francês e Brasileiro (1995), BankBoston (2006) e finalmente os correntistas do antigo Unibanco Uniclass (2009)– e têm atendimento diferenciado (cada gerente cuida no máximo de 50 clientes), acesso a aplicações com custo menor, além de isenção em tarifas e juro menor nos empréstimos.

Número de agências

Depósitos totais

Já o Bradesco, que criou do zero o segmento Prime (a maior investida tinha sido a compra da American Express no Brasil, em 2006), tem 302 agências com foco na alta renda para atender 763 mil clientes com renda semelhante.

Se conseguir trazer para o Prime pelo menos metade dos 600 mil clientes do HSBC Premier, a alta renda da filial do banco britânico, terá uma clientela de 1,063 milhão com salário acima de R$ 10 mil, segundo a consultoria Value Partners, especializada em segmentação bancária.

Com o HSBC, o Bradesco também encosta no Itaú em volume de ativos e ultrapassa a Caixa e o Itaú em número de correntistas. Passará também a ter 23.125 agências, atrás apenas da rede do Banco do Brasil (veja acima).

Na transação, o Bradesco adquiriu o atendimento a grandes empresas e comércio exterior, áreas que o HSBC queria preservar no país. Com isso, o banco britânico terá de pedir, de novo, autorização ao BC para atuar no setor.

Crédito total

Número de correntistas

ATENDIMENTO

O Bradesco prometeu manter inalterados os principais benefícios de atendimento aos clientes do HSBC, incluindo as facilidades no exterior como saque sem custo, transferências de valores e intercâmbio entre contas.

Para o cliente do banco, nada muda neste momento, pois a incorporação só começará após o Banco Central e demais autoridades reguladoras aprovarem o negócio, o que deve ocorrer em 2016.

Segundo Luiz Trabuco, presidente do Bradesco, a ideia é levar ao restante dos clientes do banco os produtos e serviços que o HSBC já oferecia. "Teremos agora a possibilidade de ampliar a oferta de produtos que ainda não eram oferecidos por questões estratégicas", disse.

Ativos em gestão - Fundos

Ativos totais

"O Bradesco tem que ter cuidado para não perder os clientes HSBC se a migração não for bem-feita, der dor de cabeça ou o atendimento decepcionar", disse Erika Ribeiro, sócia da Value Partners.

"O cliente de alta renda é sensível à qualidade de atendimento. É fácil sair de um banco e ir para o outro", afirmou Alexandre Nobre, sócio da RCB Investimentos.

O Bradesco criou um grupo de trabalho com os profissionais do HSBC para definir a integração. Ainda não há definição sobre corte de funcionários nem sobre a continuidade do centro de tecnologia em Curitiba, onde fica a sede do HSBC. O banco responde por 8% da arrecadação de ISS da cidade.