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    Mercadante admite impacto negativo da Lava Jato na economia do Brasil

    DÉBORA ÁLVARES
    DE BRASÍLIA

    05/08/2015 12h26

    Incorporando o discurso adotado pela presidente Dilma Rousseff, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, admitiu na manhã desta quarta-feira (5), que a Operação Lava Jato impactou fortemente a economia como um todo, em especial o setor naval.

    Para o ministro de Dilma, as investigações que avançaram sobre a Petrobras "evidentemente têm um impacto econômico imediato de forte comprometimento de investimentos e aceleração do setor". Mercadante destaca que "as empresas estão com dificuldade de manter os projetos".

    "A gravidade das denúncias e o impacto econômico e político da Operação Lava Jato, atrasaram a concessão de financiamento de longo prazo à Sete Brasil e seu repasse aos estaleiros", destacou o ministro em sua fala inicial na audiência pública da Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara dos Deputados da qual participou nesta manhã.

    A Sete Brasil foi criada para gerenciar a construção das sondas a serem usadas pela Petrobras na exploração do pré-sal.

    Ele apresentou estudos de três consultorias que apontam quedas de investimentos da Petrobras e a redução de investimentos em construção civil levaram a uma diminuição do PIB (Produto Interno Bruto) de 2015. A queda varia de 1% a 3,5% nas projeções.

    Apesar de admitir que o esquema de corrupção na Petrobras teve impactos na economia, Mercadante destacou primeiro o cenário mundial como um dos influenciadores da queda de investimentos no setor.

    "O primeiro problema que tivemos, que começa em agosto, setembro de 2014, foi a queda do preço das commodities, do preço do barril, sem perspectiva de recuperação. O impacto disso é um corte de investimentos em torno de 30%", avaliou.

    "É importante entender que não é uma coisa específica do Brasil. Todo o setor de gás e petróleo está sofrendo", reiterou.

    Na contramão das projeções apresentadas, Mercadante manteve um tom otimista sobre o setor e disse acreditar na reestruturação da indústria naval. "Podemos perder emprego? Podemos? Podemos perder algumas encomendas? Podemos? A crise atingiu duramente os países emergentes e a América Latina, mas temos lastro, futuro na indústria de gás e petróleo".

    De acordo com o chefe da Casa Civil, há um projeto de reestruturação do setor que começa pela redução de 28 para 19 sondas da Sete Brasil. "Vai fortalecer o que tem de mais eficiência, os estaleiros mais avançados".

    Ao longo de sua fala, o ministro fez um histórico do desenvolvimento da indústria naval no mundo e destacou que o Japão é responsável por 16% da produção, a Coreia do Sul, por 35%, e a China, por 36%.

    No Brasil, ele mencionou dois momentos do desenvolvimento da indústria naval: os anos 60 e 70, que teve uma produção sem experiência consolidada; e os anos 2000, quando houve uma retomada focada em embarcação da cadeia de petróleo.

    "Nossa construção naval precisa de investimento em tecnologia, inovação para que a gente possa ser competitivo como a china, o japão, a Coreia do Sul", afirmou o ministro.

    Segundo dados do Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval Offshore), a crise no setor naval gerou um corte de mais de 14 mil vagas desde entre janeiro e julho deste ano.

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