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    Autopeças é a 1ª da região do ABC a aderir a plano contra desemprego

    CLAUDIA ROLLI
    DE SÃO PAULO

    05/08/2015 20h57

    Adonis Guerra
     Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em reunião sobre PPE na Rassini
    Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em reunião sobre PPE na Rassini

    A empresa Rassini, fabricante de molas de suspensão para veículos, é a primeira do ABC, região berço do PT e base eleitoral histórica do partido, a aderir ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego).

    O plano prevê a redução de jornada e salário para evitar demissões no país e é defendido pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT.

    O acordo, aprovado em assembleia nesta quarta-feira (5), prevê que a Rassini reduza a jornada e os salários em 15% dos 550 funcionários de São Bernardo do Campo.

    Metade da perda salarial (7,5%) será paga pelo governo federal, por meio de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).

    Veja as regras de adesão ao PPE

    Havia expectativa de que duas montadoras da região, a Mercedes-Benz e a Volkswagen, fossem as primeiras a aderir à medida, mas foi no setor de autopeças que o acordo foi concretizado de fato.

    A redução na Rassini vai durar quatro meses, pode ser prorrogada e a empresa fica proibida de fazer demissões, sem justa causa, dos empregados com jornada reduzida.

    Considerando o salário médio de cerca de R$ 4.000, segundo informou o sindicato local, a diminuição mensal na renda será de R$ 300.

    Maria Regina Gasparini, gerente de Recursos Humanos da Rassini, diz que, desde o início do ano, a empresa discutia alternativas para evitar a dispensa de 70 empregados considerados excedentes na fábrica.

    "A crise está severa no setor. A queda na produção é de 50% no segmento de caminhões e ônibus e de 35% no de veículos. Estávamos discutindo com o sindicato medidas e esperando a criação do programa desde janeiro."

    Reprodução
    Unidade da Rassini, que fabrica molas de suspensão
    Unidade da Rassini, que fabrica molas de suspensão

    Em abril e maio deste ano, antes mesmo de o PPE ser lançado, a empresa já havia reduzido jornada e salários em 5%, em acordo com os trabalhadores e o sindicato, além de ter concedido férias coletivas.

    "Demitir tem custos, mas significa mais que isso. É perder capital humano, conhecimento e treinamento feito em cada funcionário. O acordo beneficia os dois lados", diz a gerente de RH.

    Rafael Marques, presidente do sindicato, negocia com outras sete empresas da região do ABC acordos semelhantes.

    "São fábricas do setor de máquinas, aço e autopeças as que mais têm nos procurado. Estamos perto de fechar outros acordos que serão levados para votação dos trabalhadores. O acordo com a Rassini será uma referência para as empresas da região", diz Marques.

    SIM X NÃO

    O mesmo acordo aprovado por unanimidade na unidade de São Bernardo do Campo, porém, não nem foi negociado na fábrica da Rassini em Nova Iguaçu (RJ).

    "O sindicato da região [filiado à CTB] tem por princípio não negociar a redução salarial", diz a gerente da Rassini.

    Desde janeiro, 187 trabalhadores foram demitidos da unidade fluminense, hoje com 500 empregados.

    A Folha não localizou os representantes do sindicato para comentar as demissões.

    CASOS ANTERIORES

    A Grammer do Brasil, fabricante de assentos para veículos, e a Caterpillar, multinacional que fabrica máquinas, motores e veículos pesados, foram as primeiras a aderirem ao PPE.

    O programa permite reduzir até 30% da jornada e dos salários. O FAT complementa a renda, mas o repasse deve ser inferior a R$ 900 por trabalhador.

    Editoria de arte/Folhapress
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