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    Porcos de estimação aquecem mercado pet com 'ajudinha' de famosos

    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO

    09/08/2015 02h00

    Bacon, Calabresa, Costelinha. Qualquer glutão esmorece ao ser informado de que os nomes dos suculentos ingredientes agora batizam criaturas graciosas, carentes.

    A domesticação de porcos, que não para de crescer no Brasil, começa a fomentar negócios e a movimentar o mercado de bichos de estimação. A demanda de miniporcos ganha impulso a cada vez que celebridades como Paris Hilton ou Miley Cyrus expõem fotos de seus pets nas redes sociais.

    "É o fim da feijoada! Muita gente deixa de comer carne de porco depois que vira dono de porquinho", anima-se Fabiana Varoni, que há um ano expandiu sua granja no interior de São Paulo para começar a vender os miniporcos, como são chamados os bichos, que podem pesar até 70 quilos quando adultos.

    A empresária, que está desmamando 19 filhotes (todos vendidos), diz que recebe centenas de ligações sempre que anuncia uma ninhada na internet. O "micropig", no jargão dos criadores, resulta do cruzamento de bichos pequenos e sai a R$ 1.200.

    Não há estatísticas oficiais. O Ministério da Agricultura informa que não tem controle de quantos existem no país e que coordena só a criação em escala para frigoríficos.

    NAS REDES SOCIAIS

    Uma das primeiras donas de porcos de estimação no país, Andrea Mendes explica que a paixão pelo rebanho reúne criadores em grupos de redes sociais. Eles trocam fotos de suínos fantasiados, tomando banho, dormindo e outras variações. Alguns, surpreendidos pela proporção avantajada que seus miniporcos tomaram, pedem ajuda para se livrar deles.

    Os abandonados não podem ser reaproveitados para abate com fins comerciais e, no caso dos machos, não servem como matriz, pois são vendidos castrados.

    "Deve ter 400 criadores hoje em dia. Mas conheço história de pessoas que se arrependeram porque pensavam que dariam menos trabalho." diz Mendes, dona de Jamon, que tem 2,5 anos e 45 quilos, e o caçula Nero, de 23 quilos.

    DESTRUIDOR DE JARDIM

    Por causa dos porcos, ela se mudou do apartamento para uma casa, onde há sala, banheiro e sofá só para eles, além da barraca de acampamento para se aninharem e um cercado para que não destruam o jardim com o focinho.

    Mendes, que é publicitária, foi também uma das pioneiras em perceber um potencial de negócio nos suínos que passa muito longe do abate. Inspirada na personalidade deles, criou o personagem Jamon The Pig, que virou desenho animado no Instagram.

    Tem licenciamento com uma joalheria para desenhar peças para mulheres inspiradas neles e está criando uma linha de roupas suínas sob medida (nunca se sabe o tamanho exato que o miniporco pode alcançar).

    Nos pet shops, os porcos já chamam a atenção nos serviços de estética, segundo William Galharde, gerente no Pet Center Marginal. "Damos banhos semanais em oito animais." A Cobasi já vendeu miniporco há alguns anos, mas suspendeu por receio de normas da vigilância. Segundo o Ibama, não há restrição.

    A nova moda é a minicabra, diz Gloria Gobbi, sócia de Varoni. "Elas são um charme e cortam a grama."

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