• Mercado

    Monday, 20-May-2024 18:41:31 -03

    Indústria da maconha nos EUA mais que dobra em 2 anos e atrai investidor

    THAIS BILENKY
    DE NOVA YORK

    09/08/2015 02h00

    Steve Dipaola/Reuters
    Indústria da maconha nos EUA mais que dobra em dois anos
    Indústria da maconha nos EUA mais que dobra em dois anos

    Dooma Wendschuh ganhava, e bem, a vida escrevendo e produzindo roteiros de videogame na empresa que fundara com o sócio na Califórnia. A despeito do sucesso, depois de mais de uma década, ele decidiu largar tudo.

    No ano passado, vendeu sua parte na companhia e se mudou para Denver, capital do Colorado (EUA).

    Seu padrão de vida caiu e, há um ano e meio, ele não vê dinheiro entrar na conta. Mas nunca esteve tão otimista.

    Encorajado pela decisão pioneira do Colorado de autorizar a venda comercial da maconha para uso recreativo, Dooma fundou em 2014 a ebbu, fábrica que destila e refina THC, a substância psicoativa da planta Cannabis.

    A ebbu vende "maconha destilada" em forma de pílulas, cápsulas solúveis, spray e cigarros eletrônicos por US$ 60 a US$ 80 (entre R$ 210 e R$ 280). O conceito é oferecer um produto previsível e confiável, que não dependa da qualidade da planta, do modo de cultivo nem das condições de consumo.

    "Se não entrar meio bilhão de dólares nos próximos cinco anos, podem me substituir como presidente", diz o empresário, hoje com 38 anos.

    ANJOS INVESTIDORES

    A ebbu captou até agora US$ 4,5 milhões. Boa parte desse dinheiro veio em rodadas promovidas pelo grupo ArcView, que possui uma rede de mais de 480 investidores-anjo (pessoas físicas que investem em empresas recém-lançadas).

    O ArcView vem botando de pé negócios diversificados da indústria da maconha. Desde 2010, mais de 72 empresas estiveram ligadas ao grupo, recebendo investimentos de US$ 46 milhões.

    A gradual liberação da droga nos EUA gera uma expectativa de crescimento exponencial do setor. O grupo avaliava o mercado em US$ 1,5 bilhão em 2013. Um ano depois, a avaliação subiu para US$ 2,7 bilhões. A estimativa é que chegue a US$ 3,5 bilhões em 2015 e a US$ 10,8 bilhões em 2019.

    "O ArcView foi fundado na crença de que, construindo uma indústria responsável, engajada politicamente e lucrativa, seria possível pôr fim à proibição da maconha", afirma Troy Dayton, presidente do grupo.

    EMPECILHOS

    Ainda falta muito para a crença de Dayton virar realidade. Na lista de empecilhos, estão universidades que não têm especialistas na área e uma profusão de leis conflitantes e específicas.

    A lei federal americana proíbe, mas quase metade das 50 unidades federativas do país liberou o uso da maconha para fins medicinais. Quatro Estados também legalizaram o uso recreativo.

    É de olho nesse mercado que a iniciativa privada esquenta os tambores. E não só gente alternativa. Em geral, o investidor tem o perfil homem, branco, bem-sucedido, de terno e gravata.

    "A maioria fez dinheiro em setores tradicionais e agora encara o risco, porque quer lucrar numa das indústrias que crescem mais vigorosamente no mundo", conta Isaac Dietrich, 23.

    O empreendedor angariou US$ 1,9 milhão com a rede social da maconha que ele inventou, a MassRoots. São 420 mil usuários até agora, uns 5.000 no Brasil.

    É basicamente uma mistura de outras redes, ao possibilitar compartilhamento de fotos e textos e a localização geográfica dos usuários.

    Com a diferença de garantir o anonimato "para evitar que a sua avó saiba que você usa maconha", diz Isaac.

    Mas, logo, espera-se, as avós sairão do armário.

    Divulgação
    Domma Wendschuh (à esq., de terno), criador da ebbu, que venda maconha destilada
    Domma Wendschuh (à esq., de terno), criador da ebbu, que venda maconha destilada

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024