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    Economistas veem 'voto de confiança' apesar de rebaixamento da Moody's

    DE SÃO PAULO

    11/08/2015 17h59

    A agência Moody's de classificação de risco rebaixou a avaliação do Brasil, mas sinalizou que o país deve manter o chamado grau de investimento, espécie de selo de bom pagador da dívida.

    Isso porque colocou uma perspectiva estável para essa avaliação, o que significa que não está em processo de revisão em médio prazo apesar da deterioração da economia e do quadro político.

    "Saiu melhor do que o esperado e deram um voto de confiança no Brasil. Deram um prazo para o governo cumprir a meta fiscal, mesmo que mais modesta, e colocar a dívida em trajetória decrescente", disse Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central.

    Por outro lado, afirmou Langoni, a decisão da Moody´s colocou mais pressão sobre o governo e o Congresso para aprovarem as medidas de ajuste fiscal.

    "Deram o prazo do segundo semestre, talvez o primeiro trimestre do ano que vem, para depois tomar uma decisão sobre o grau de investimento. Se a meta fiscal for cumprida e a situação estiver mais organizada, diria que o Brasil consegue passar raspando e preservar o grau de investimento", disse.

    Para Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC, a agência Moodys deixou o ministro Joaquim Levy (Fazenda) "arrumar a casa". "É difícil manobrar um transatlântico. O importante é que eles reconhecem que a dívida não está em trajetória insustentável", disse.

    Segundo o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, o rebaixamento da nota brasileira pela Moody's já "era esperado", mas a perspectiva estável é benéfica para as expectativas dos agentes econômicos e para o governo, principalmente em um momento de crise política, como a atual.

    "Na minha opinião, as agências de classificação de risco perderam a credibilidade durante a crise de 2008, mas elas têm um peso relevante nas decisões dos investidores. Essa perspectiva estável dá conforto para que o governo tente melhorar as expectativas", disse Belluzzo.

    ALÍVIO

    Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, o mercado reagiu bem à notícia, já que o país conseguiu manter o grau de investimento. "Ganhamos uns seis meses de respiro com a perspectiva estável. O maior medo era que a Moody's jogasse logo o país para o grau especulativo", afirmou.

    Segundo ele,o rebaixamento é alerta para o Congresso. "Se o presidente da Câmara insistir no sequestro da instituição para sua defesa pessoal teremos problemas sérios em breve'.
    Perfeito acredita que, diante da decisão da Moody's,a agência de risco Fitch também deve rebaixar o Brasil nos próximos dias.

    Classificação de risco

    OUTRAS AGÊNCIAS

    No final de julho, a agência de classificação de risco Standard & Poor's anunciou que colocou a nota do Brasil em perspectiva negativa.

    Na escala da agência, o Brasil está no limite do grau de investimento, com a nota "BBB-", mas a perspectiva deixou de ser neutra.

    Com a decisão, a agência sinaliza que o país poderá passar a ter grau especulativo, o que poderia levar a uma alta dos juros brasileiros. Esse movimento preocupou o governo Dilma também porque traria mais pressão de alta para o dólar.

    As previsões da S&P para o Brasil

    É na escala da Fitch onde o Brasil mantém posição mais confortável, a dois níveis do grau especulativo. A agência já indicou, contudo, que irá revisar a nota diante da nova meta fiscal anunciada pelo governo.

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