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    Comércio tem queda de 2,2% no semestre, o pior resultado em 12 anos

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO

    12/08/2015 09h05

    Eduardo Knapp - 24.abr.2015/Folhapress
    Supermercado Pão de Açúcar, em São Paulo
    Supermercado Pão de Açúcar, em São Paulo

    Menor folga no orçamento das famílias, oferta mais restrita de crédito, desânimo do consumidor. Essa combinação desfavorável levou o varejo brasileiro a ter seu pior primeiro semestre em 12 anos.

    De janeiro a junho, as vendas do comércio varejista tiveram queda de 2,2% na comparação ao mesmo período do ano passado. É o pior resultado desde o primeiro semestre de 2003 (5,7%). Os dados foram divulgados pelo IBGE na manhã desta quarta-feira (12).

    Naquele ano, o varejo ainda refletia as incertezas de um primeiro governo Lula. A inflação pressionou os preços e levou as famílias a cortar parte do consumo, especialmente de supérfluos.

    Os valores ficam em linha com a expectativa da agência internacional Bloomberg, que previam queda de 0,4% nas vendas em junho comparadas com as de maio e de 2,9% em junho comparado com o mesmo mês do ano anterior.

    Números do varejo

    Volume de vendas do varejo

    Na passagem de maio para junho, as vendas do varejo tiveram queda de 0,4% pela série com ajuste sazonal, que "corrige" as diferenças de cada mês, como o número de dias úteis. Foi a quinta queda consecutiva, na maior sequência desde 2000.

    Na comparação ao mesmo mês do ano passado, as perdas das vendas foram mais intensas, de 2,7%.

    Os economistas consultados pelo Valor Data previam uma queda de 0,3% na comparação a maio deste ano e de 4,6% em relação ao mesmo mês do ano passado.

    Em 12 meses, as vendas encolhem 0,8%. É o pior resultado desde o período encerrado em fevereiro de 2004 (-2,4%), pouco antes de entrar numa sequência de 133 meses de alta nessa base de comparação.

    SETORES

    Os setores que mais dependem da oferta de crédito foram os mais afetados. O crédito, que está mais restrito, é uma parte importante do poder de compra das famílias brasileiras.

    O segmento de móveis e eletrodomésticos tiveram assim uma queda de 11,3% no primeiro semestre deste ano, frente ao mesmo período do ano passado. Foi o pior resultado do setor desde o primeiro semestre de 2003 (-10,3%).

    Já o segundo maior impacto veio do segmento de supermercados, hipermercados, alimentos, bebidas e fumo, que representa quase 40% da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC).

    O setor de supermercados apresentou queda nas vendas de 1,8% no acumulado deste ano. O segmento é impactado, sobretudo, pelo aumento dos preços, o que corrói o poder compra das famílias brasileiras.

    Tecidos, vestuários e calçados, outro setor relevante para as vendas do varejo, acumularam uma queda de 5% de janeiro a junho deste ano, informou o IBGE.

    O mau momento do setor de vestuário vem sendo percebido na temporada de balanços das empresas do setor referente ao segundo trimestre.

    A varejista Marisa Lojas teve prejuízo líquido de R$ 20,3 milhões. Na Hering, os estoques chegaram a acumular 130 dias, frente a uma média de 80 dias.

    VAREJO AMPLIADO

    O IBGE também calcula as vendas do comércio varejista ampliado, que inclui dois setores que tem parte de suas vendas no atacado: o automotivo e de construção civil.

    Pelo varejo ampliado, a queda foi de 0,8% na passagem de maio para junho. Frente ao mesmo período do ano passado, o setor teve uma queda ainda maior, de 3,5%.

    Com isso, as vendas do comércio varejista ampliado fecharam o primeiro semestre com baixa de 6,4%. Em 12 meses, recua 4,8%.

    O setor automotivo é um dos que mais sofrem com a queda de vendas e estoques altos. As montadores têm enfrentado o momento com férias coletivas, suspensão de contratos de trabalho e mesmo demissões.

    A queda das vendas do varejo deve afetar o resultado do consumo das famílias no PIB (Produto Interno Bruto), a ser divulgado pelo IBGE no próximo dia 28.

    Na visão dos economistas, os próximos meses tendem a ser meses difíceis para o setor, especialmente quando se olha para datas comemorativas.

    O comércio se queixa que as vendas do Dia dos Pais, entre julho e agosto, foram ruins. Segundo a FecomércioSP, a queda foi de 4,5% frente ao ano passado.

    Outras datas consideradas importantes para as vendas do setor também decepcionaram neste ano, como Dia das Mães, a Páscoa e o Dia dos Namorados.

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