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    Contra alta do dólar, Banco Central descarta adotar medidas 'extremas'

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    13/08/2015 02h00

    Narong Sangnak/Efe
    Banco Central não pretende tomar medidas extremas para segurar dólar
    Banco Central não pretende tomar medidas extremas para segurar dólar

    O Banco Central não vai tomar medidas extremas para segurar artificialmente uma disparada do dólar, segundo assessores do Planalto, mesmo que a cotação da moeda norte-americana dispare, em uma eventual "agudização" da crise política no país.

    Segundo membros do governo, isso representaria dar um benefício àqueles que querem tirar dinheiro do país: quanto mais alta a taxa de câmbio, menos dólares o investidor conseguirá adquirir no mercado brasileiro para remeter recursos para fora.

    Se o BC agir para segurar a cotação, eles pagarão menos pela moeda estrangeira e conseguirão comprar mais dólares com a mesma quantidade de reais.

    Nas palavras de um outro assessor palaciano, o BC "não vai queimar reservas" para segurar o dólar de forma artificial se o quadro político e econômico se agravar.

    Joel Rodrigues/Folhapress
    Alexandre Tombini, presidente do Banco Central
    Alexandre Tombini, presidente do Banco Central

    ATUAÇÃO

    Isso não significa que o governo deixará de atuar no mercado de câmbio.

    Na semana passada, por exemplo, o BC decidiu rolar integralmente os contratos de swap cambial, uma espécie de venda futura de dólar para gerar proteção contra alta da moeda norte-americana.

    Antes, o banco havia reduzido a rolagem para 60% do estoque atual, de US$ 103,9 bilhões em contratos.

    Agora, o ritmo diário indica que o BC irá rolar 100% dos contratos, o que fez o dólar parar de subir e, nos últimos dias, cair. As desvalorizações do yuan chinês, no entanto, preocupam o BC pelos efeitos que podem gerar no mercado de câmbio brasileiro.

    Por enquanto, porém, o discurso do Banco Central segue na linha de que ele irá sempre combater excessos de volatilidade no mercado. Não descarta a adoção de medidas pontuais para evitar que oscilações fortes da cotação se prolonguem num cenário que esteja "insustentável".

    Analistas de mercado lembram que o BC, ao renovar seu programa de swap cambial, deixou de fazer leilões de linhas de crédito em dólar, o que poderia ser retomado para acalmar o mercado.

    RESERVAS

    Está descartado pelo BC, por exemplo, trocar dinheiro das reservas internacionais por contratos de swap cambial, como sugerem alguns especialistas, com o objetivo de reduzir o impacto deste instrumento na alta da dívida pública.

    Técnicos do BC lembram que, se as operações de swap de janeiro até a última sexta-feira (7) geraram uma despesa de R$ 72 bilhões, a valorização cambial gerou um ganho de R$ 150 bilhões no mesmo período.

    Hoje, na avaliação do governo, uma alta excessiva no dólar não é sustentável por muitas semanas, pois o Banco Central tem munição para deter a alta.

    No atual cenário, a avaliação é que o dólar deve ficar oscilando próximo do atual patamar, de R$ 3,50, devendo ficar um pouco abaixo.

    A alta recente do dólar gera preocupação pelos efeitos sobre a inflação, mas dentro do ritmo de hoje não chega a assustar porque, para a equipe do BC, o repasse para os preços tende a ser limitado diante da forte retração da economia e do emprego.

    Folhainvest

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