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    Empresários intensificam ligação direta com Temer

    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO

    16/08/2015 02h00

    Karime Xavier/Folhapress
    O vice-presidente, Michel Temer (PMDB), em seu escritório em São Paulo
    O vice-presidente, Michel Temer (PMDB), em seu escritório em São Paulo

    Grandes empresas nacionais, principalmente do setor industrial, têm se aproximado do vice-presidente Michel Temer nas últimas semanas.

    Com o protagonismo do PMDB, Temer se tornou o interlocutor dos empresários para apresentar suas demandas e discutir maneiras de destravar a crise política.

    Nos últimos meses, ele esteve com presidentes ou diretores de Arcelor, Votorantim, CSN, Ambev, Telefônica, TAM e Marcopolo, além de representantes da construção civil, dos supermercados e dos bancos, conforme sua agenda nos palácios do Planalto e do Jaburu.

    Mas há outros encontros não revelados, que acontecem em seu escritório em São Paulo às sextas-feiras. Um dos empresários próximos do vice-presidente é Jorge Gerdau, da siderúrgica Gerdau.

    Outro indício da sua aproximação com o setor privado é o interesse recente em conhecê-lo demonstrado por presidentes-executivos (CEOs) de multinacionais. Na quinta (13), o CEO da Unilever esteve com Dilma, mas também se encontrou com Temer. O presidente da IBM solicitou para as próximas semanas reuniões com Dilma e Temer.

    A Folha apurou que as empresas querem se aproximar do político que pode assumir o governo se a crise política se agravar, mas que o movimento não tem características de conspiração.

    Nas conversas, empresários demonstram preocupação com a possibilidade de a crise política levar o Brasil a perder o selo de bom pagador, o que elevaria os juros e aprofundaria a recessão.

    Eles apoiam o ajuste fiscal, mas pedem políticas para retomar o crescimento e reclamam da falta de diálogo com o ministro Joaquim Levy.

    "Fomos relatar ao vice-presidente as paralisações de equipamentos e as demissões no setor", diz Marco Polo Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil, que acompanhou as siderúrgicas no encontro.

    O presidente da Telefônica, Amos Genish, disse que mostrou a Temer "a preocupação da empresa com o aumento da carga tributária" provocado pelo ajuste fiscal.

    DELFIM

    Ex-conselheiro de Dilma, o ex-ministro Delfim Netto vem intermediando contatos de empresários com Temer. Ele conversa com o vice-presidente quase todas as semanas, propondo medidas para reconstruir a confiança do setor privado no governo.

    Filiado ao PMDB, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, circulou pelas associações, pedindo medidas que não aumentem a carga tributária para serem entregues a Temer.

    Skaf e o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio, divulgaram um manifesto pela governabilidade, apoiando Temer. Mas negam que o movimento tenha sido combinado com o vice-presidente.

    Graças ao diálogo com o PMDB, as empresas emplacaram suas demandas na Agenda Brasil, reformas propostas pelos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR). Jucá também tem sido procurado pela indústria no Congresso.

    A aproximação do empresariado com políticos do PMDB vem desde o início do ano, quando a popularidade de Dilma começou a cair e a crise política se agravou.

    O diálogo começou com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara. Mas o clima mudou com o envolvimento dele na Lava Jato e sua guerra contra o governo, que ameaça o ajuste fiscal.

    As atenções então se voltaram para Temer, que já tinha bom trânsito com os empresários e deu sinais de apoio à equipe econômica.

    Auxiliares da Dilma reconhecem o protagonismo de Temer, mas dizem que o vice-presidente ajuda a convencer os empresários a pressionar o Congresso pelo fim da crise política. Procurado, Temer não deu entrevista.

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