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    No 2º trimestre, 11 das 13 maiores incorporadoras têm queda nas vendas

    RENATA AGOSTINI
    DE SÃO PAULO

    18/08/2015 02h00

    Com menos crédito na praça e consumidores mais ressabiados com a economia, as incorporadoras amargaram perdas no segundo trimestre. Onze das 13 maiores companhias de capital aberto do país tiveram redução nas vendas líquidas, a diferença entre os contratos firmados e os cancelados, frente ao mesmo período de 2014.

    E 12 delas registraram queda no lucro ou aumento no prejuízo no período.

    A queda no desempenho é resultado da combinação de demanda desaquecida e o número ainda alto de distratos.

    "O fator mais relevante é a deterioração da confiança. Sem ter certeza se terá emprego e se a economia vai piorar, você não embarca numa operação que bloqueia sua poupança e lima 30% da sua renda mensal", diz João da Rocha Lima Júnior, diretor do Núcleo de Real Estate (setor imobiliário) da Poli-USP.

    Está difícil fechar negócio

    O alto índice de distratos começou a ser observado no ano passado. Segundo relatório da agência de risco Fitch, contratos no valor de R$ 6,8 bilhões foram rescindidos em 2014. No ano anterior, haviam sido 5,6 bilhões.

    Algumas incorporadoras sinalizam melhora neste quesito de março a junho ante o ano anterior. Mas, sem alta expressiva nos novos contratos, os cancelamentos seguiram minando os resultados.

    Na Direcional, o índice de rescisão caiu de 41% no segundo trimestre de 2014 para 30,4% no mesmo período deste ano. Com menos contratos firmados, o resultado mesmo assim piorou. E a empresa acredita que nos próximos meses os cancelamentos podem subir novamente.

    Diante disso, vem tentando acelerar a rescisão com quem não tem financiamento garantido. A ideia é revender as unidades para quem tenha condição de pagar.

    Na Brookfield, tal política fez com que o distratos superassem os novos negócios fechados em R$ 104 milhões.

    As incorporadoras que melhoraram os resultados, Rossi e Gafisa, compensaram a redução da procura com a queda nos cancelamentos.

    A Rossi cortou pela metade as rescisões frente ao segundo trimestre do ano passado. A incorporadora fez um grande movimento em 2014 para cancelar contratos de consumidores em situação frágil e passou a dar descontos aos que ficaram para garantir o recebimento.

    Já a Gafisa foi beneficiada pelo desempenho da Tenda, sua divisão de imóveis populares. Após mudar sua política de vendas e cortar despesas em 2014, a empresa atraiu clientes com melhor capacidade de pagamento e voltou a lançar imóveis.

    NOVAS UNIDADES

    Além da Gafisa, só MRV, Cyrela e Eztec ampliaram os lançamentos no trimestre.

    Cinco incorporadoras (Brookfield, Rossi, Tecnisa, João Fortes e PDG) decidiram não colocar nada novo no mercado, repetindo um movimento já visto no três primeiros meses do ano.

    Na região metropolitana de São Paulo, o número de novas unidades lançadas caiu 14% de janeiro a junho frente ao primeiro semestre de 2014, segundo o Secovi-SP.

    Um dos efeitos da diminuição de obras são as demissões. Na PDG, por exemplo, quase 1.300 funcionários já foram cortados este ano.

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