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    Bolsa quebra série de cinco quedas e sobe com bancos; dólar fecha em baixa

    DE SÃO PAULO

    18/08/2015 17h45

    A Bolsa brasileira interrompeu sequência de cinco quedas e fechou em alta nesta terça-feira (18), impulsionada pelas ações de bancos. No mercado cambial, o dólar fechou em baixa graças à atuação de exportadores e a um alívio no cenário político brasileiro.

    O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, fechou em alta de 0,49%, para 47.450 pontos. Durante a sessão, o índice chegou a atingir a mínima em um ano e cinco meses afetado por turbulências na China, mas se recuperou.

    O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em baixa de 0,51%, para R$ 3,460. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, se desvalorizou 0,48%, para R$ 3,466.

    Os papéis de bancos, que respondem por cerca de 24% do Ibovespa, se recuperaram nesta sessão. As ações foram impulsionadas por informações de que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) retiraria proposta de fim gradual do benefício fiscal para empresas por meio da distribuição de juros sobre capital próprio (JCP) —o que acabou se concretizando.

    A senadora havia acolhido parcialmente emenda do deputado Walter Pinheiro (PT-BA) que propunha que o benefício fiscal do mecanismo de juros sobre capital próprio, usado para remunerar acionistas, fosse eliminado de forma gradual até dezembro de 2017.

    No entanto, em documento disponibilizado no site do Senado, Gleisi afirmou "não haver convergência imediata" para debater, em projetos de lei, matérias que tratam de JCP.

    "Só essa notícia já traz um alívio muito forte", avalia Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora. "As ações de bancos caíram muito na última semana, ficando baratas. Houve um movimento claro de efeito manada, com compra atrás de compra antes de o investidor descobrir o motivo para a alta do papel."

    As ações do Itaú Unibanco fecharam em alta de 1,67%, para R$ 26,83. Os papéis preferenciais do Bradesco avançaram 1,89%, para R$ 24,26, e os ordinários subiram 2,29%, para R$ 25,51. O Banco do Brasil teve valorização de 3,37%, para R$ 19,62, e o Santander Brasil subiu 2,37%, para R$ 14,66.

    VOTAÇÕES

    O dia foi de alívio no campo político, com os investidores aguardando votações importantes para o ajuste fiscal promovido pelo governo. O presidente do Senado, Renan Calheiros, afirmou que espera votar o projeto de desoneração ainda nesta terça-feira.

    O texto aprovado na Câmara eleva em mais de 100% a taxação para a maioria dos 56 setores beneficiados com o programa de desoneração da folha, mas abre exceções para os setores de massas, pães, suínos, aves e peixes. Para os setores de transporte, comunicação, (empresas jornalísticas e de radiodifusão), call center, calçados e confecções foi estabelecido um aumento de 50% na tributação.

    Na Câmara, o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) admitiu que pode adiar a apreciação do projeto que pode reajustar a remuneração do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

    A proposta iguala a regra do FGTS à da poupança: correção de 6,17% ou 70% da taxa Selic + TR ao ano. O governo argumenta que o dinheiro hoje em caixa não seria suficiente para cobrir as novas despesas a partir de 2018.

    As votações podem afetar o ajuste fiscal promovido pelo governo na tentativa de melhorar suas contas já neste ano. "Existe uma ansiedade muito grande em relação ao que pode acontecer com o FGTS. Se o resultado for prejudicial ao ajuste fiscal, o mercado não deve reagir bem", afirma Figueredo, da Clear.

    As ações da Petrobras fecharam o dia em baixa, em resposta à notícia de que a estatal pode ter que pagar multa recorde de ao menos US$ 1,6 bilhão para encerrar investigações criminais e civis nos Estados Unidos sobre seu papel em um escândalo de corrupção.

    As ações mais negociadas da estatal caíram 1,32%, para R$ 9. Já as com direito a voto tiveram baixa de 1,76%, para R$ 10,02. A empresa também aprovou a venda de 25% da BR Distribuidora, apesar do voto contrário do presidente do Conselho de administração, Murilo Ferreira.

    Os papéis da Vale tiveram forte desvalorização. As ações preferenciais caíram 2,67%, para R$ 13,85, e as ordinárias caíram 3,28%, para R$ 17,42.

    DÓLAR

    O alívio no cenário político ajudou a conter a valorização do dólar, afirma Carlos Pedroso, economista-chefe do Banco de Tokyo-Mitsubishi. "As coisas começam a andar no Congresso, e isso fez com que investidores estrangeiros com posição comprada em dólar até o momento começassem a ter uma visão mais positiva de que a taxa de câmbio não deveria estar tão apreciada", afirma.

    Mas a atuação de exportadores também pesou. "Sempre que se chega a um determinado patamar, os exportadores buscam fechar contratos de câmbio para obter vantagem em relação à taxa que, na avaliação deles, está acima da taxa de equilíbrio", diz.

    Investidores também analisaram dados de construção civil nos Estados Unidos. As vendas de novas moradias nos Estados Unidos cresceram em julho e atingiram o maior patamar desde outubro de 2007 graças a uma onda de construção de casas para uma única família, no mais recente sinal de que a economia está funcionando a praticamente todo o vapor.

    O dado pode fazer com que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) aumente os juros no país na reunião do Fomc (comitê de política monetária) de setembro.

    O aumento dos juros nos EUA deixaria os títulos do Tesouro americano -cuja remuneração acompanha essa taxa e que são considerados de baixíssimo risco- mais atraentes do que aplicações em emergentes, como o Brasil, provocando uma saída de recursos dessas economias. Com a menor oferta de dólares, a cotação do dólar seria pressionada para cima.

    Folhainvest

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