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    Com uso de bancos públicos, governo resgata medidas da era Mantega

    ISABEL VERSIANI
    DE BRASÍLIA
    ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
    DE EDITORA DE "MERCADO"

    19/08/2015 02h00

    Sergio Lima/Folhapress
    O ministro da Fazenda, Guido Mantega, após discurso e receber o prêmio da Academia Brasileira de Ciências Contábeis
    O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega

    Exaurido, o modelo econômico adotado pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega entrou pelo segundo mandado da presidente Dilma Rousseff sob bombardeio.

    Era preciso convencer a todos de que as contas públicas entrariam nos eixos e a dívida seria contida, e a estratégia de expandir gastos do governo e cortar tributos para estimular a economia, já sem fôlego, ficou inviável.

    Uma a uma, medidas do governo foram ruindo. Para começar, tributos que haviam encolhido ou até desaparecido recobraram corpo —caso da Cide, que onera combustíveis, e imposto sobre produtos industrializados como carros e fogões.

    Reprimidos desde 2013, preços sob controle do governo foram reajustados, como gasolina e transporte urbano.

    O setor elétrico, submetido a um fracassado programa para baixar o custo da energia, deixou de ser ajudado pelo Tesouro e cobrou dos consumidores a conta represada.

    O deságue desses preços pressionou a inflação, e a taxa básica de juros, que em 2012 atingira o patamar mais baixo desde o Plano Real, voltou a subir. Hoje, a Selic, que norteia as outras taxas, está no maior nível em nove anos.

    Também mudou o rumo do BNDES, que, no primeiro mandato, assumira o papel de sustentar o investimento.

    Do final de 2008 (quando estourou a crise global) a dezembro de 2014, o banco recebeu do Tesouro mais de R$ 400 bilhões, parte emprestada a juros menores que os de mercado —em alguns casos, como o de caminhões, abaixo até da inflação.

    Sob Levy, o banco elevou taxas e reduziu as fatias financiadas, exigindo complemento privado.

    Idas e vindas do governo Dilma

    REVIRAVOLTA

    A última peça deve ser mexida nesta quarta (19), quando o Congresso promete votar mudanças na desoneração da folha de pagamentos. A medida permitia a setores trocar uma alíquota de 20% sobre salários por de 1% a 2% sobre o faturamento. A maior parte das alíquotas deve subir.

    Antes que essa última trincheira caísse, o governo Dilma já dera sinais de queria recuperar premissas do primeiro mandato. Em julho, divulgou um programa de proteção do emprego restrito a setores escolhidos, mas a regra foi depois revista e ampliada.

    O programa anunciado nesta terça (18), porém, recupera com uma só tacada duas práticas: os incentivos setoriais e o uso de bancos públicos para impulsionar o crédito.

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