• Mercado

    Sunday, 05-May-2024 07:27:35 -03

    Reoneração da folha de pagamento piora crise, dizem empresas

    GIULIANA VALLONE
    DE SÃO PAULO

    20/08/2015 19h38

    A aprovação no Senado do projeto de lei que reduz a desoneração da folha de pagamento gerou insatisfação entre os empresários afetados pela medida.

    "É uma barbaridade o nosso setor estar sendo castigado dessa forma", afirmou José Romeu Ferraz Neto, presidente do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado).

    Hoje, as empresas do setor pagam uma alíquota de 2% sobre o faturamento. Com a nova lei, essa taxação sobe para 4,5%.

    Danilo Verpa/Folhapress
    SAO PAULO - SP - 02.09.2014 - Retrato de Jose Romeu Ferraz Neto e o novo presidente do Sinduscon-SP (Sindicato da Industria da Construcao Civil do Estado de São Paulo). (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, MERCADO)
    José Romeu Ferraz Neto, presidente do Sinduscon-SP (Sindicato da Industria da Construção Civil)

    "A construção civil já tinha uma das maiores alíquotas e ainda sofremos um aumento de 125%", afirmou Ferraz Neto.

    "As empresas já têm sido bastante prejudicadas pela crise. Agora, a situação vai ficar ainda mais pavorosa." O setor prevê corte de 475 mil vagas de emprego neste ano.

    Entre as empresas de vestuário, a nova taxação deve elevar o número de demissões no setor, que sofre com custos maiores e vendas em queda, afirmou o presidente do Sindivestuário, Ronald Masijah.

    "A previsão era de demissão de 60 mil pessoas em um ano, isso com 1% de alíquota. Com 1,5%, a expectativa é que esse número aumente em progressão geométrica."

    "Nós não queríamos reoneração nenhuma. Em um cenário de aumento de custos de toda ordem —energia, combustível, juros e salários mais altos—, é um momento absolutamente inadequado", disse Fernando Pimentel, da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção).

    Parte dos 56 setores antes beneficiados pela desoneração tentava negociar com o governo uma proposta de aumento de 50% na alíquota de todas as empresas.

    Masijah esteve em Brasília na quarta (19) para defender a proposta em reunião com os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

    "Mas se o Senado votasse a favor dessa sugestão, o projeto teria de ser votado de novo na Câmara, e o governo fez pressão para agilizar o processo [de aprovação]", afirmou.

    O setor de confecções foi um dos beneficiados por um aumento menor da alíquota, de 1% para 1,5%. Ele disse, no entanto, não ter confiança de que a lei será sancionada pela presidente Dilma Rousseff como está.

    "Agora estamos sujeitos ao bom humor da presidente, para saber se ela vai aceitar o 1,5%, mas ela está sinalizando que não vai", disse.

    Pimentel, da Abit, foi mais otimista sobre a sanção de Dilma ao projeto de lei: "Temos plena confiança de que a presidente vai aprovar. Se o Congresso aprovou, não tem por que ela rejeitar."

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024