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    Bolsas dos EUA têm pior semana em quase 4 anos com crise na China

    DE SÃO PAULO

    21/08/2015 17h43

    A perspectiva de desaceleração na China voltou a causar turbulências nos mercados mundiais nesta sexta-feira (21). Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones e S&P 500 acumularam desvalorização de mais de 5% na semana. Foi a maior perda semanal de ambos desde setembro de 2011.

    O Dow Jones, que reúne as ações mais negociadas da Bolsa de Nova York, encerrou a sexta-feira com queda de 3,12%, para 16.459 pontos —o menor nível desde 20 de outubro do ano passado. Na semana, o índice cedeu 5,82%, no maior tombo desde a semana encerrada em 23 de setembro de 2011, quando a desvalorização somou 6,41%.

    O S&P 500, que abrange as ações das 500 maiores empresas da Bolsa de Nova York, caiu 3,19%, para 1.970 pontos, o menor patamar desde 27 de outubro do ano passado. A queda semanal foi de 5,77%, também a maior para o período desde a semana terminada em 23 de setembro de 2011, quando o tombou chegou a 6,54%.

    O dia foi ruim também para o índice da Bolsa de tecnologia Nasdaq, que fechou com desvalorização de 3,52%, para 4.706 pontos. Na semana, a desvalorização chegou a 6,78% —a maior desde a semana encerrada em 5 de agosto de 2011, quando o índice acumulou baixa de 8,13%.

    Na China, a atividade no setor industrial recuou em agosto no maior ritmo em quase seis anos e meio, afetada pela fraqueza na demanda doméstica e por exportações, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) preliminar do Caixin/Markit.

    O dado reforça a apreensão com uma desaceleração forte da China. O PMI caiu para 47,1 em agosto, abaixo do resultado final de julho, que foi de 47,8. A leitura foi a pior desde março de 2009, no ápice da crise financeira global. Foi a sexta consecutiva que o indicador ficou abaixo dos 50 pontos, nível que separa crescimento da atividade e contração em base mensal.

    A surpreendente desvalorização do yuan na semana passada e o quase colapso das Bolsas de valores vêm provocando temores sobre a economia do país, levando os mercados financeiros a derrapar.

    "O PMI evidencia o quadro de desaceleração da economia chinesa em patamares superiores aos que aparecem no PIB oficial", avalia, em relatório, o analista Marco Aurélio Barbosa, da CM Capital Markets. "Intervenções ontuais do governo nas áreas monetária e cambial parecem não estar surtindo efeitos práticos no que tange a retomada da confiança dos agentes de mercado."

    As turbulências na China também derrubaram os índices europeus. O índice da Bolsa de Londres fechou em baixa de 2,83%, enquanto a Bolsa de Paris teve desvalorização de 3,19% e a de Frankfurt, caiu 2,95%. A Bolsa de Madri caiu 2,98%, e a de Milão encerrou com perda de 2,83%. Em Lisboa, a Bolsa teve queda de 2,73%.

    "A preocupação com o crescimento chinês tem impacto sobre os emergentes, principalmente para quem exporta commodities, como o Brasil, e traz também uma maior aversão a risco", afirma Ignácio Rey, economista da Guide Investimentos.

    "Mas as Bolsas de países desenvolvidos também sofrem. Isso porque a expectativa de desaceleração na China pode levar a novas rodadas de depreciação do yuan. Isso encareceria produtos de empresas europeias e americanas, prejudicando o lucro dessas companhias."

    JUROS

    Outro fator que pesa principalmente sobre as economias da Europa e dos Estados Unidos é a inflação. Os preços baixos de commodities como petróleo e minério de ferro —pressionados também pela menor demanda da China— dificulta que a inflação da zona do euro e dos EUA se aproxime da meta de 2% ao ano estabelecida pelo BCE (Banco Central Europeu) e pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).

    Hoje, os preços do petróleo negociado nos Estados Unidos caíram abaixo de US$ 40 o barril. A queda no indicador de atividade industrial na China e o aumento da produção de sondas nos EUA e na Arábia Saudita pressionaram as cotações em baixa.

    A inflação é um dos componentes considerados pelo Fed para normalizar sua política monetária —hoje, a taxa de juros nos EUA está entre zero e 0,25%. "Nesta semana, o Fed mencionou na ata de sua reunião de julho que a desaceleração da China é um dos fatores que está avaliando", diz Rey. "Com as turbulências recentes, o Fed deve postergar o aumento dos juros para dezembro."

    Para os emergentes em geral, o aumento dos juros nos EUA deixaria os títulos do Tesouro americano -cuja remuneração acompanha essa taxa e que são considerados de baixíssimo risco- mais atraentes. Isso provocaria uma saída de recursos desses países. Com a menor oferta de dólares, a cotação da moeda seria pressionada para cima.

    BRASIL

    Aqui, o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, fechou com queda de 1,99%, para 45.719 pontos, menor nível desde 17 de março de 2014.

    No mercado cambial brasileiro, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, encerrou o dia com valorização de 1,03%, para R$ 3,497. Na semana, a moeda teve leve alta de 0,71%, enquanto no ano o avanço é de 30%. Já o dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, subiu 0,98%, para R$ 3,495. A valorização na semana foi de 0,3%, e no ano já está em 31,3%.

    A moeda americana seguiu o exterior nesta sessão, marcada pela desvalorização das divisas emergentes em relação ao dólar. Das 24 principais moedas emergentes, 17 se desvalorizaram ante a divisa americana.

    As ações da Petrobras fecharam em baixa pelo sétimo pregão seguido. Os papéis preferenciais —mais negociados— caíram 4,93%, para R$ 8,30. Os ordinários —com direito a voto— tiveram baixa de 5,06%, para R$ 9,20. As ações da mineradora Vale também fecharam em baixa. Os papéis preferenciais caíram 2,61%, para R$ 13,45, e os ordinários perderam 2,74%, para R$ 16,70.

    Folhainvest

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