• Mercado

    Monday, 06-May-2024 06:02:59 -03

    Bolsa chinesa cai 8,5% em 'Segunda-feira Negra' e afeta Ásia e Europa

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    24/08/2015 06h47

    Lui Siu Wai/Xinhua
    Painel de um banco em Hong Kong
    Pedestres caminham em frente ao painel de um banco em Hong Kong

    Preocupações com a desaceleração da economia chinesa afundaram nesta segunda-feira (24) as Bolsas asiáticas e arrastaram as europeias, que abriram os pregões registrando fortes quedas.

    Xangai liderou as perdas. O índice composto da Bolsa chinesa caiu 8,49%, a 3.209,91 pontos, depois de perder 9% durante a sessão, que recebeu o apelido de "Segunda-feira Negra", o pior dia desde fevereiro de 2007.

    A Bolsa chegou próximo ao limite de queda de 10% após o qual as transações seriam suspensas. Shenzhen, a segunda maior Bolsa da China, registrou queda de 7,70%, a 1.882,46 pontos.

    O desabamento das Bolsas reflete a insegurança de investidores sobre a economia chinesa após recuo de 11,5% no decorrer da semana passada e sinais de fraqueza na demanda doméstica e nas exportações.

    Na sexta-feira, o índice Caixin dos executivos de compras —que acompanha a atividade do setor industrial— caiu à sua marca mais baixa desde o começo de 2009, o momento de pico da crise financeira mundial. Os analistas vinham esperando sinais de melhora.

    O mercado acionário chinês também afetou a cotação do petróleo nesta segunda, que teve queda de mais de 4% nesta segunda-feira.

    Os preços médios das commodities em geral caíram para os menores níveis deste século. Até mesmo o preço do ouro, um tradicional porto-seguro, caíram 0,6%, quebrando uma série de cinco dias de ganhos. No Brasil, o dólar comercial era cotado em R$ 3,556 às 9h38.

    Na Europa, preocupações com a China também foram sentidas. Às 8h22, Londres caía 2,87%; Paris, 3,19%; Frankfurt, 3,09%; Madri, 2,99%; Milão, 3,26%.

    Segunda-feira negra - Fechamento das bolsas pelo mundo, em %

    A instabilidade ocorre mesmo após o Conselho de Estado chinês publicar no domingo uma regra permitindo que fundos de pensão administrados por governos locais invistam no mercado acionário pela primeira vez, canalizando potencialmente centenas de bilhões de iuanes para o combalido mercado acionário.

    DESACELERAÇÃO

    A perda de valor das ações segue sinais de desaceleração da economia chinesa, cujo PIB aumentou 7% no segundo trimestre de 2015 —o crescimento de 7,4% em 2014 já havia sido o menor desde 1989.

    A desconfiança sobre o país aumentou após o Banco Central chinês ter flexibilizado a cotação da moeda no dia 11 de forma que o yuan se tornasse mais suscetível às variações de mercado. Desde então, os mercados de ações globais perderam mais de US$ 5 trilhões em valor.

    Naquele dia, a taxa de referência para a variação do preço da moeda foi desvalorizada em 2%, o que significou uma desvalorização de fato de 1,81% do yuan. Foi a maior depreciação da moeda desde o fim do câmbio fixo, em 2005. Ela foi seguida por mais dois dias de quedas.

    Apesar de o governo chinês classificar a desvalorização como pontual, o mercado levantou a suspeita de que ela duraria mais tempo, e indicava uma forte preocupação com a desaceleração da economia do país —um yuan mais fraco tende a tornar os produtos do país mais baratos para o resto do mundo e, consequentemente, a aumentar as exportações.

    Bolsa de Xangai - Índice composto da Bolsa chinesa, em pontos

    Nesta sexta, a Bolsa em Hong Kong caiu pelo sétimo dia consecutivo, recuando 5,2%, para 21.251 pontos. Segundo analistas, o movimento foi causado pelo desempenho onshore fraco e porque investidores venderam ativos denominados em yuans após a inesperada desvalorização da moeda chinesa.

    ESTÍMULO A CAMINHO

    Segundo o jornal americano "Wall Street Journal", o Banco Central chinês estuda pôr em prática no fim do mês, ou no começo de setembro, uma redução de meio ponto percentual na proporção dos depósitos que os bancos são obrigados a manter como reservas, o que potencialmente disponibilizaria 678 bilhões de yuans (US$ 106,2 bilhões) para emprestarem.

    Essa seria a terceira redução na taxa de reservas que o BPC realiza neste ano.

    A iniciativa, entretanto, pode não ser suficiente, porque a economia em desaceleração e a moeda desvalorizada podem deflagrar um fluxo maior de recursos para fora da China.

    Outra opção sendo estudada pela instituição é direcionar o corte só aos bancos que emprestam grandes volumes de recursos para empresas pequenas e privadas ­ aquelas consideradas essenciais para o crescimento futuro da China ­, embora essa estratégia não tenha se mostrado eficaz no passado para canalizar fundos a esses tomadores.

    Infográfico PIB Chinês

    FECHAMENTO DAS BOLSAS ASIÁTICAS

    Tóquio registrou baixa de 4,61%. O índice Nikkei perdeu 895,15 pontos, a 18.540,68 unidades.

    A Bolsa de Sydney perdeu 4,09%, o menor nível em dois anos. O índice S&P/ASX200 cedeu 213,3 pontos, a 5,001.3 unidades.

    Taiwan perdeu 4,84% e Seul 2,47%.

    Em Hong Kong, o índice Hang Seng caiu 5,17%, para 21.251 pontos.

    Em Xangai, o índice SSE perdeu 8,46%, para 3.210 pontos.

    O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, retrocedeu 8,75%, para 3.275 pontos.

    Em Seul, o índice Kospi teve desvalorização de 2,47%, para 1.829 pontos.

    Em Cingapura, o índice Straits Times desvalorizou-se 4,30%, para 2.843 pontos.

    Perfil do investidor

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024