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    'Dados da China indicam desaceleração maior que o PIB oficial'; veja análises

    DE SÃO PAULO

    24/08/2015 12h05

    Kim Kyung-Hoon - 6.jul.2015/Reuters
    A man watches a board showing the graphs of stock prices at a brokerage office in Beijing, China, July 6, 2015. Chinese stocks rose on Monday after Beijing unleashed an unprecedented series of support measures over the weekend to stave off the prospect of a full-blown crash that was threatening to destabilise the world's second-biggest economy. REUTERS/Kim Kyung-Hoon ORG XMIT: PEK702
    Homem olha gráfico em corretora em Pequim

    Especialistas em economia chinesa e analistas do mercado financeiro escrevem sobre a nova face da crise nos mercados, que tem origem com a derrocada das Bolsas chinesas e com a desvalorização do yuan.

    "A intervenção do governo chinês no mercado acionário se não for temporária é temerária. seria mais produtivo anunciar medidas estruturais ao invés de ações conjunturais para segurar o preço das ações. Todos os dados da atividade da economia chinesa apontam para uma desaceleração maior do que vem indicando o PIB oficial."

    Marco Aurélio Barbosa, CM Capital Markets

    "As coisas estão cada vez mais parecidas com a crise financeira na Ásia no final dos anos 90. Os investidores estão se desfazendo de aplicações que parecem mais vulneráveis ao contágio."

    Takako Masai, Shinsei Bank de Tóquio

    "Em curto prazo, a disparidade entre o PIB oficial e as demais percepções vão aumentar ainda mais. Em nossa visão, a desaceleração estrutural do crescimento chinês está apenas no meio do caminho. Sob o peso do endividamento e do excesso de capacidade, o enfraquecimento da demanda continuará sendo o principal motivador dessa desaceleração. Nesse caso, temos duas sugestões para os participantes do mercado: 1) sigam os indicadores que importem para seus investimentos e não se atentem para boreal crescimento do PIB chinês; 2) sejam pacientes com o crescimento dos setores de serviço e de consumo na China".

    Weidi Yao, Societe Generale, Cross Assets Research

    "A grande lição que tivemos nos últimos três meses com a China foi que o governo não tem o controle da situação. Isso ficou claro pela forma como o governo lidou com os mercados, o pânico causado e a desvalorização que não foi uma desvalorização. Será pior do que qualquer que seja a sua previsão. Os mercados vão para baixo; ninguém tem a menor ideia do que está acontecendo [com a China]."

    Jim Chanos, gestor do fundo Kynikos Associates, no Fast Money/CNBC

    "A forte queda da Bolsa chinesa alimenta preocupações com o estouro de uma bolha e com a instabilidade da economia do país. O governo chinês vinha tentando segurar a queda da Bolsa chinesa, mas após o mercado americano ter queda expressiva na sexta-feira, não conseguiu impedir a desvalorização de hoje."

    Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.

    A recente queda nos preços dos ativos reflete as preocupações crescentes sobre o crescimento na China e o impacto nos preços das commodities. Os ratings [notas] soberanos já incorporam um ambiente de perspectivas alteradas para o crescimento global, contando com uma expansão mais lenta, mas, ainda assim, sólida em partes da Ásia, incluindo a China. A previsão da Moody´s é de crescimento entre 6% e 7% em 2015 e 2016, ainda maior do que na maioria dos países.

    Alastair Wilson, diretor-gerente da Moody´s

    "A verdadeira bolha não é a China, mas sim o ocidente. A China vive uma bolha no seu mercado acionário e isso não é segredo algum. Muita gente leu errado o recado do governo de Pequim ao desvalorizar o yuan. Acreditaram que era uma medida para incentivar a economia. Sem dúvida ajuda, mas o verdadeiro motivo foi contrapor uma possível alta dos juros nos EUA. Se os EUA sobem os juros e Pequim não faz nada, o dólar se aprecia e leva na garupa o yuan. Como o BC chinês não pode cortar os juros (o que iria incentivar outras bolhas), preferiram alterar o câmbio. Só que a questão não é mais dinheiro. Dinheiro não falta no mundo, o que falta é sentido. Os BC dos EUA, Japão e Europeu estão num processo de afrouxamento quantitativo [estímulo financeiro] que perdeu qualquer tipo de critério há algum tempo. Não há forma objetiva de avaliar a eficiência desses programas a não ser um critério difuso de um mix de inflação (que cai na esteira da desaceleração econômica) e de emprego (que melhora através da precarização). Depois dos últimos desdobramentos na China me parece impossível os EUA subirem os juros e a Europa vai continuar injetando euros. Essa liquidez abundante criou um descolamento da bolsa dos seus fundamentos.

    André Perfeito, economista da Gradual Investimentos

    Infográfico: Segunda-feira Negra - Fechamento das bolsas pelo mundo, em %

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