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    Ações europeias caem em meio à intensa volatilidade causada por China

    JAMIE CHISHOLM
    DO "FINANCIAL TIMES"

    26/08/2015 11h19

    Os mercados mundiais continuam a sofrer intensa volatilidade, com oscilações fortes dos indicadores de ações, o que encoraja os investidores a buscar segurança em títulos governamentais de longo prazo.

    A angústia de agosto, deflagrada por preocupações sobre a economia, quebra do mercado de ações da China, e afetada pela incerteza quanto ao momento em que os Estados Unidos começarão a elevar seus juros, mostra pouco sinal de arrefecimento, depois de diversas sessões dramáticas.

    As tentativas de Pequim de estimular a confiança por meio da injeção de mais recursos na economia, na noite de terça-feira (25), parecem ter fracassado e conseguido apenas produzir mais oscilações nas transações. Nesse panorama, o dólar [que bateu R$ 3,64 nesta quarta ] ganha força considerável contra o euro e a libra esterlina.

    O índice composto da bolsa de Xangai (SCi) caiu 1,3% nesta quarta (26), e fechou em sua marca mais baixa desde dezembro, o que conduz suas perdas totais para 24,9% em cinco dias e 44,8% desde o pico da alta nas ações chinesas, em junho.

    Variação da Bolsa de Xangai em 2015 - Em pontos

    As ações europeias estão tropeçando em resposta à recaída chinesa, e o índice S&P 500, de Wall Street, reverteu um avanço de 2,9% para uma queda de 1,4% no fechamento, a maior reversão diária desde a crise financeira. O índice FTSE Eurofirst 300, que reúne as 300 empresas com maior valor de mercado da Europa, mostra 0,8% de queda —depois de chegar a cair 2%.

    A queda forte de Xangai chegou tarde demais para afetar o índice japonês Nikkei 225, que registrou recuperação de 3% depois da queda de 4% na terça-feira.

    As esperanças de que as medidas monetárias de Pequim melhorassem a demanda por commodities levaram, no entanto, o índice SP/ASX 200, da bolsa de Sydney, muito sensível às cotações dos recursos naturais, a um ganho de 0,7%.

    No entanto, as commodities industriais sofreram pressão renovada, com o cobre em queda de 2% para US$ 4.951 por tonelada, em um setor de metais básicos no geral frouxo, enquanto o petróleo cru Brent caiu ante o pico demonstrado no pregão mas continua em alta de 0,6%, cotado a US$ 43,47 por barril.

    O ouro não conseguiu se beneficiar da corrida em busca de portos seguros nos pregões recentes, e mostra queda de US$ 10, cotado a US$ 1.130 por onça troy.

    EXPECTATIVA DE ALTA

    Ainda assim, as perdas no continente foram em parte compensadas pela ação nos mercados futuros do S&P 500, considerado representativo das tendências do mercado, que sugerem um salto de 42 pontos, para 1.910, na abertura do próximo pregão. O avanço atual é evidência de um mercado de ações pronto para uma recuperação nos Estados Unidos, dizem analistas.

    "Sob quase qualquer indicador, o mercado se mostra vendido em excesso —as distorções de amplitude são extremas, 95% das ações do S&P 500 estão abaixo de sua média dos últimos 50 dias, e o ritmo da queda certamente rivaliza com o da correção de 2011", afirmou a Strategas Research em uma nota a clientes antes da abertura da bolsa de valores de Nova York. "Diante desse pano de fundo, a probabilidade de um salto positivo é alta em curto prazo".

    Os investidores cautelosos tendem a buscar a percepção de segurança dos títulos governamentais de alta classificação, e o rendimento dos títulos de 10 anos do Tesouro dos Estados Unidos, que se move em direção inversa ao preço, caiu em três pontos básicos, para 2,11%, enquanto os Bunds (títulos do governo alemão) com vencimento semelhante recuaram em cinco pontos básicos, para 0,70%.

    Os investidores tentam determinar se o recente tumulto nos mercados desencorajará o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) de elevar as taxas de juros este ano, no que seria a primeira alta nos custos oficiais de captação desde a crise financeira.

    Menos de três semanas atrás, os mercados futuros atribuíam probabilidade de 54% a um aperto dos juros pelo Fed em setembro, mas essa probabilidade agora caiu a 26%, de acordo com cálculos da Bloomberg.

    Ainda assim, a perspectiva de juros mais altos para os Estados Unidos está no horizonte, em companhia de preocupações com a desaceleração na economia da China, e isso vem prejudicando os ativos dos mercados emergentes, recentemente, especialmente na Ásia. O tema continua perceptível, ainda que de modo indistinto, na sessão em curso.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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