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    Exigências da Petrobras causam prejuízo de US$ 600 mi à Sete Brasil

    RAQUEL LANDIM
    JULIO WIZIACK
    DAVID FRIEDLANDER
    DE SÃO PAULO

    27/08/2015 02h00

    As novas exigências da Petrobras vão representar prejuízo adicional de US$ 600 milhões a US$ 800 milhões aos acionistas da Sete Brasil. O valor representa 15% dos US$ 4 bilhões investidos até o momento.

    Esse é o cálculo dos sócios do que vão perder se aceitarem a demanda da Petrobras de limitar a cinco o número de sondas de petróleo a serem pilotadas pela Sete.

    No plano de reestruturação da Sete, está previsto colocar pelo menos sete sondas sob seu comando. Assumir a operação das embarcações e receber por isso foi a maneira que a Sete encontrou de viabilizar o projeto, que está por um fio desde que a empresa foi envolvida nas investigações da Operação Lava Jato.

    Alexandre Gentil/Divulgação
    Casco de sonda da Sete Brasil chega em estaleiro no RJ
    Casco de sonda da Sete Brasil chegando em estaleiro no RJ

    Para a Petrobras, colocar mais de cinco sondas na mão de um único operador, sem experiência, é assumir um grande risco. A estatal já habilitou sete companhias, incluindo a Sete, para operar as 15 sondas. Os navios estão sendo construídos por estaleiros para a Sete, que os alugará para a Petrobras.

    Os sócios da Sete, que incluem bancos e fundos de pensão, resistem a aceitar esse novo prejuízo. Quando entraram no negócio, acreditaram que teriam retorno de 14% sobre o capital investido.

    Hoje os cálculos indicam uma perda que varia de 35% a 60% do total aplicado, dependendo dos últimos detalhes do negócio.

    Pelo plano de reestruturação, a empresa vai encolher das 28 sondas de petróleo para 15. Já foram rodados mais de 2.000 cenários diferentes para salvar a Sete.

    Mas qualquer solução não seguirá adiante sem o aval da Petrobras, a única cliente e sócia minoritária da Sete Brasil. Na estatal, no entanto, as opiniões são divergentes.

    Desde que os preços do petróleo despencaram e se tornou muito mais barato contratar esses equipamentos no exterior, técnicos da diretoria de exploração e produção resistem muito a alugar as sondas da Sete por um valor maior que o de terceiros.

    Pelos contratos assinados, a Sete vai cobrar da Petrobras cerca de US$ 400 mil por dia pelo aluguel das embarcações. A média internacional é de US$ 300 mil. O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, defende que é preciso respeitar os contratos.

    JUSTIÇA

    Os acionistas da Sete Brasil já cogitam resolver o assunto na Justiça.

    A empresa acredita que tem bons argumentos para um litígio, porque o projeto da Sete Brasil foi concebido pela própria Petrobras.

    Além disso, a estatal foi responsável por indicar o ex-presidente da Sete, José Carlos Ferraz, e o ex-diretor Pedro Barusco. Os dois são acusados na Operação Lava Jato de receber propina.

    Além dos sócios, os bancos credores da companhia também estudam recorrer aos tribunais. Dessa vez, contra o BNDES.

    Banco do Brasil, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander emprestaram R$ 14 bilhões à companhia enquanto ela não recebia os recursos prometidos pelo BNDES.

    Diante da crise, o BNDES não repassou o dinheiro e dá sinais de que vai desistir do negócio. Os bancos já executaram suas garantias, mas devem receber só 40% do valor.

    A única maneira de conseguir o restante é pela Justiça. BB e Caixa acompanhariam os demais no processo.

    A Sete Brasil só tem caixa para as despesas mais urgentes até o final do primeiro trimestre de 2016.p(gallery).

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    • RAIO-X SETE BRASIL

    A empresa

    Criada em dezembro de 2010 para construir 28 sondas de perfuração que seriam alugadas à Petrobras para exploração do pré-sal

    Principais sócios

    BTG Pactual, Bradesco, Santander, fundos de pensão estatais, FI-FGTS e Petrobras

    Crise

    A ligação da Sete Brasil com o esquema de corrupção investigado pela Lava Jato impediu a companhia de receber financiamento de US$ 9 bilhões do BNDES

    Veja a cronologia do inferno astral da Petrobras

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