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    Projetos na região Norte buscam gerar energia com a correnteza dos rios

    MARCELO TOLEDO
    DE ENVIADO ESPECIAL A CANDEIAS DO JAMARI (RO)

    27/08/2015 02h00

    Jorge Araújo - 12.out.07/Folhapress
    ORG XMIT: 231601_1.tif Vista aérea de floresta na região do rio Negro, no Amazonas. (Amazonas, 12.10.2007. Foto de Jorge Araújo/Folhapress)
    Vista aérea de floresta na região do rio Negro, no Amazonas

    A força da correnteza dos rios da região Norte é a nova aposta para a geração de energia elétrica no Brasil.

    Dois projetos em Rondônia e no Pará investem na chamada energia hidrocinética, sistema que usa só a correnteza dos rios, sem a necessidade de se construir barragens.

    Um deles tem verba do governo britânico —cerca de R$ 1 milhão—, em parceria com a Eletronorte e a Unifei (Universidade Federal de Itajubá).

    Por meio desse processo, a água passa por uma turbina parcialmente submersa no rio, gerando uma energia adicional, que é enviada para a rede ou redirecionada para povoados não atendidos pelo sistema (veja quadro).

    Sistema que usa correnteza dos rios para gerar energia

    A Folha acompanhou pesquisadores da Unifei que percorreram, em oito dias, 5 km do rio Jamari a partir da água da jusante —lado oposto ao da nascente— para mapear a velocidade da correnteza, a profundidade do local e a possibilidade de geração de energia suplementar.

    O potencial desse sistema ainda é incerto. Em Rondônia, houve ganhos, segundo o pesquisador Julio César Silva de Souza, que também faz os estudos na região da hidrelétrica de Curuá-Una (PA).

    Segundo ele, há indícios de que, se adotado em larga escala, poderia elevar a geração do país em até 30%.

    NO PRÓXIMO ANO

    Outro projeto, próximo a Tucuruí (PA), deve entrar em operação até o final do próximo ano, de acordo com a Eletronorte. Será o primeiro parque hidrelétrico hidrocinético fluvial do Brasil, sob responsabilidade da empresa e da Itaipu Binacional.

    A turbina de Tucuruí tem dez metros de diâmetro e previsão de custo de R$ 10 milhões. Se existisse hoje, poderia abastecer uma comunidade de 3.000 pessoas sem energia numa área a 16 km de Samuel, segundo Marcial José Perez Viana, gerente-executivo da hidrelétrica.

    A geração em Samuel e Curuá-Una surgiu em novembro de 2014, quando a Unifei se inscreveu numa chamada pública do Reino Unido.

    A perspectiva é de começar a gerar em 2017 —antes, no verão, devem ser repetidos os estudos para avaliar o potencial do rio em época de cheia.

    Há outros cinco projetos em andamento no país bancados pelo governo britânico, em parceria com órgãos como Aneel e Eletrobras.

    Para Geraldo Lucio Tiago Filho, integrante do projeto, titular da Unifei e secretário-executivo do Centro Nacional de Referências em Pequenas Centrais Hidrelétricas, o país tem a oportunidade de desenvolver essa tecnologia antes dos outros. "Vamos ter algo nacional, sem importar nada. Fontes renováveis é o que mais temos no Norte do país."

    O jornalista viajou a convite do governo britânico

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