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    Para salvar Infraero, governo quer vender fatia de 10% em aeroportos

    RICARDO GALLO
    DE SÃO PAULO
    MARIANA BARBOSA
    DE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    27/08/2015 02h00

    Marcos Moraes/Brazil Photo Press/Folhapress
    GUARULHOS, SP, 28.07.2015 – AEROPORTO-SP - O movimento de passageiros é tranquilo no Aeroporto Internacional Governador Andre Franco Montoro na cidade de Guarulhos na grande São Paulo nesta terça-feira, 28. (Foto: Marcos Moraes / Brazil Photo Press/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    Infraero pretende vender parte de fatia do Aeroporto de Guarulhos

    O governo federal planeja vender fatias da participação que a Infraero tem nos aeroportos concedidos à iniciativa privada, como parte de um esforço para salvar a estatal, cujo prejuízo em 2015 chegará a R$ 450 milhões.

    Segundo o ministro Eliseu Padilha (Secretaria de Aviação Civil), a intenção é vender algo perto de 10% dos aeroportos de Guarulhos, Brasília, Confins, Galeão e Viracopos (Campinas). A Infraero tem 49% em cada um.

    GUARULHOS -

    A concessão fez a estatal perder os seus aeroportos mais rentáveis; assim, como consequência da perda de receitas, a empresa passou de lucrativa a deficitária.

    "Estamos com estudo concluído pelo Banco do Brasil, o ministro Nelson Barbosa [Planejamento] já aprovou. É perfeitamente viável", diz Padilha. A proposta ainda será levada para análise de Dilma.

    A intenção é que as vendas de participação ocorram a partir do ano que vem. O Orçamento para 2016 já contemplará as receitas resultantes do negócio, disse o ministro.

    BRASÍLIA -

    Padilha não divulgou quanto o governo espera levantar com a venda das participações. Mas disse que o negócio resolveria o problema financeira da estatal, que, afirmou, é "momentâneo".

    Guilherme Ramalho, secretário-executivo da SAC, diz que a operação de venda poderia se dar, por exemplo, "como qualquer outra operação de mercado de capitais" –ou seja, com venda de ações na Bolsa. Mas não definiu se o modelo será de fato esse ou se haverá venda de participação às atuais operadoras, a concorrentes ou a terceiros.

    VIRACOPOS -

    O primeiro passo para levar o projeto adiante será dado nas próximas semanas, com a constituição da Infraero Participações, criada para gerir a fatia da estatal nos aeroportos concedidos.

    Ramalho afirma não haver restrição no contrato de concessão de que a Infraero venda parte das ações.

    CAPITALIZAÇÃO

    O dinheiro servirá para capitalizar a Infraero. A empresa chegou a lucrar R$ 1 bilhão em 2012, ano dos primeiros leilões de aeroportos.

    De lá pra cá, as receitas encolheram 58%, enquanto os custos recuaram só 17%. A estatal entrou no programa de concessões com 13,6 mil funcionários —menos de mil foram para a iniciativa privada.

    CONFINS -

    Hoje, não há dinheiro nem para pagar o programa de demissões voluntárias, criado para acomodar a empresa à estrutura atual, com menos aeroportos para administrar.

    O plano, que prevê dispensar 2.600 funcionários, requer cerca de R$ 700 milhões e está parado por falta de recursos. Só a folha de salário dos 2.600 funcionários custa R$ 50 milhões mensais.

    A perspectiva é ruim. Com a perda de mais quatro aeroportos que serão concedidos até o ano que vem (Porto Alegre, Salvador, Florianópolis e Fortaleza), mais demissões serão necessárias.

    GALEÃO -

    O governo diz que o saldo das concessões é positivo: segundo a Infraero, os quatro concessionários já pagaram R$ 5,3 bilhões em outorgas ao governo, previstas nos contratos de concessão. A conta, no entanto, não considera os juros subsidiados do BNDES.

    Enquanto isso, o Tesouro precisou injetar R$ 2,5 bilhões, como contrapartida, nas sociedades com os administradores dos aeroportos cedidos à iniciativa privada.

    No próximo de leilão de aeroportos, não está certo qual será a fatia da Infraero. O percentual poderá cair para 15% ou se manter em 49%.

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