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    Com leis novas, padeiros tiram férias e deixam parte de Paris sem baguetes

    DO "FINANCIAL TIMES"

    28/08/2015 02h00

    Charles Platiau - 25.abr.2013/Reuters
    Baguettes, French bread, selected in the competition for the 'Grand Prix de la Baguette de la Ville de Paris' (Best Baguette of Paris 2013) annual prize are displayed in a row at the Chambre Professionnelle des Artisans Boulangers Patissiers in Paris April 25, 2013. The baguette is a French cultural symbol par excellence and the competition saw 203 Parisian bakers who compete for recognition as finest purveyor of one of France's most iconic staples. The baguettes are registered, given anonymous white wrappings and an identification number. They are then carefully weighed and measured to ensure they do not violate the contest's strict rules. 52 entries were withdrawn for failing to measure between 55-70cm long or not matching the acceptable weight of between 250-300g. Every year, the winner earns the privilege of baking bread for the French President. REUTERS/Charles Platiau (FRANCE - Tags: FOOD SOCIETY) ORG XMIT: CHP13
    Baguetes francesas selecionadas em competição

    A tentativa da França de fazer uma reforma no mercado de trabalho do país e estimular o crescimento gerou algumas consequências inesperadas neste verão —está mais difícil conseguir uma baguete decente em Paris.

    Pela primeira vez em cinquenta anos, os padeiros, considerados um serviço semipúblico na França, não têm mais as férias de verão reguladas pela prefeitura de Paris e podem tirar quanto tempo de folga quiserem em julho e agosto.

    Anteriormente, os padeiros eram informados pela autoridade administrativa da cidade sobre em quais semanas poderiam tirar folga, um sistema que assegurava que cada área tivesse uma padaria artesanal aberta durante o verão, para atender ao hábito francês de comprar pão fresquinho diariamente.

    "Os parisienses estão em uma situação grotesca", disse Rémi Héluin, fundador do Painrisien, blog sobre as padarias parisienses. "Muitos dos padeiros decidiram fechar ao mesmo tempo, e houve uma total falta de coordenação."

    Ele estimou que cerca de dois terços das padarias estão fechadas este mês, em comparação com metade deste número, normalmente.

    "É mais difícil", concordou Aude Debout, designer de 30 anos que mora no 12º arrondissement, no leste de Paris. "Percebi que estava comprando mais pão fatiado no supermercado —e isso nem mesmo é pão."

    A mudança nas regras é uma pequena parte de uma agenda mais ampla do governo para liberalizar uma série de mercados, incluindo serviços de ônibus intermunicipais e profissões jurídicas. As leis de abertura aos domingos também estão sendo flexibilizadas.

    Os padeiros agora podem tirar férias de verão quando quiserem, mas ainda são instruídos sobre em qual dia de semana podem tirar folga, de modo que todos os estabelecimentos não fechem juntos.

    Os padeiros parisienses, no entanto, ainda não foram completamente desregulamentados. Desde que a escassez de comida ajudou a alimentar a revolução em 1789, os padeiros tiveram que declarar seu tempo de folga. Uma lei de 1998, ainda em vigor, exige que, para uma padaria ser chamada de "boulangerie" na França, a massa seja trabalhada, moldada e assada no local. O preço do pão era fixado até 1986.

    Os padeiros, entretanto, parecem ter ficado contentes com as mudanças recentes. Morgan Marie, padeiro há 80 anos na Rue de Charonne, também no leste de Paris, diz que, algumas vezes, era irritante ser obrigado a ficar aberto em agosto, pois há pouquíssimos clientes.

    "Se quase todos os meus clientes estão de férias, não é lucrativo. É muito melhor abrir quando eu quiser. Não é tão ruim que os clientes tenham que andar um pouco mais durante algumas semanas para encontrar pão em agosto", diz ele.

    Tradução de MARIA PAULA AUTRAN

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