A agropecuária se mantém como um dos sustentáculos do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Foi o único setor que manteve crescimento no primeiro semestre deste ano, em relação a igual período do ano passado.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta sexta-feira (28), o PIB caiu 1,9% no segundo trimestre frente aos três primeiros meses do ano.

Apesar da crise econômica vivida pela economia brasileira, a evolução da agropecuária foi 3% superior à da média de igual período de 2014. Nesse mesmo período, o PIB geral teve recuo de 2,1%.

PIB - Trimestre X trimestre imediatamente anterior, em %

PIB por setor

Com o comportamento atual do PIB agropecuário é de se esperar que, mesmo com a crise econômica vivida pelo país, o setor termine o ano com evolução positiva. A safra recorde de grãos e a boa evolução do setor de proteínas vão manter a atividade aquecida.

O ritmo do setor vem tão intenso neste ano que, até por inércia, ainda se manterá superior ao do ano passado. No próximo ano, no entanto, quando a agropecuária também começará a viver de forma mais acentuada a crise econômica brasileira, principalmente com elevação de custos e provável perda de produtividade, o setor também perderá ritmo.

O PIB da agropecuária do segundo trimestre, dado divulgado nesta sexta-feira (28), também se mantém superior ao de igual período de 2014, obtendo aumento de 1,8%. Essa taxa, no entanto, é inferior à registrada no primeiro trimestre, quando a alta havia sido de 4% em relação a igual período de 2014.

Mas a atividade econômica do setor agropecuário do segundo trimestre foi inferior à do primeiro, período em que há uma grande concentração da safra.

O bom desempenho da atividade agropecuária se deve à safra recorde de grãos que, pela primeira vez, supera os 208 milhões de toneladas. Essa safra se concentra basicamente no primeiro semestre e neste ano vem acompanhada de um bom aumento de produtividade.

Três produtos têm grande participação na produção brasileira: soja, milho e arroz. Juntos representam 92% de toda a produção de grãos do país. À exceção do milho, cuja safrinha ainda tem parte para ser colhida, a produção de soja e de arroz se concentrou no primeiro semestre.

A soja, líder nacional em produção, deverá atingir 96 milhões de toneladas, 12% mais do que na safra anterior. A produtividade cresce 6% neste ano, conforme dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Já a produção de milho surpreende e sobe para 84 milhões de toneladas, 5% mais do que a anterior. A alta da produção se deve ao crescimento de 6% na produtividade, uma vez que a área utilizada para o plantio do cereal recuou 1% neste ano.

No caso do arroz, mesmo com redução de 4% na área semeada, a safra sobe para 12,4 milhões de toneladas (3% mais do que em 2014), enquanto a produtividade tem evolução de 7% no período.

A evolução do PIB agropecuário deste segundo trimestre ocorreu também porque houve um atraso no plantio de soja no final do ano passado. Com isso, boa parte da safra de soja, que deveria ter sido colhida no primeiro semestre, foi para o segundo.

Boa parte da produção de milho também ocorreu no segundo trimestre deste ano, puxando o PIB para cima. Café e feijão, com safras menores foram os destaques negativos do PIB neste segundo trimestre, segundo o IBGE.

No caso do café, os números desencontrados do setor dificultam, inclusive, avaliações de desempenho. Os números de safra deste ano vão de 40 milhões de sacas a 52 milhões de sacas.

Já produção de feijão deste ano deverá recuar para 3,2 milhões de toneladas, um volume 8% inferior ao do ano passado, segundo dados da Conab.

A produção de grãos e de proteínas não só engorda o PIB neste ano, como também inibe uma evolução maior da inflação. Os dados mais recentes da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostram que, pela primeira vez em um ano, a taxa de inflação dos alimentos caiu na cidade de São Paulo.