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    Retração do PIB no 3° trimestre deve ser menor, mas recuperação está longe

    RAQUEL LANDIM
    TONI SCIARRETTA
    DE SÃO PAULO

    29/08/2015 02h00

    A crise econômica vai se aprofundar e o "fundo do poço" só deve ser atingido entre o terceiro e o quarto trimestre. Essa é a avaliação de economistas ouvidos pela Folha com base na análise de indicadores antecedentes da atividade econômica já conhecidos.

    A principal razão é que boa parte dos eventos que abalaram a confiança de empresários e consumidores na economia, como a redução da meta fiscal e a disparada do dólar, ocorreram no final do primeiro semestre.

    Os efeitos da crise no mercado de trabalho continuam e as demissões devem aumentar, afetando o consumo das famílias e o desempenho do setor de serviços.

    LONGE DO FUNDO DO POÇO - Indicadores sugerem continuidade da contração na economia no 3º trimestre (Variação % em julho ante junho, com ajuste sazonal)

    O principal indicador do pessimismo é o nível de confiança da indústria, medido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Depois de cair 4,9% em junho e subir 1,5% em julho, o indicador voltou a recuar 1,6% em agosto. O dado mais recente sinaliza que a recuperação de julho foi apenas um ponto fora da curva.

    "Enquanto a confiança não melhorar, não tem recuperação", diz Felipe Salles, economista do Itaú Unibanco.

    "A melhora depende da estabilização da crise política e dos frutos dos ajustes na economia", disse Rodolfo Margato, do Santander.

    Um dos motivos do mau humor empresarial é a dificuldade de vender os estoques, o que impede a retomada da produção. Em agosto, 21,3% das empresas relataram ter estoques excessivos; em julho, eram 18,7%.

    Alguns indicadores de julho chegaram a sugerir que a atividade pudesse estar estabilizando. O IBC-BR, prévia do PIB divulgado pelo BC, subiu 0,2% em julho, em relação a junho. E o consumo de energia, medido pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), avançou 0,4%.

    O efeito, porém, se dissipou conforme saíram dados sobre a venda de papelão ondulado, tráfego nas rodovias e licenciamento de veículos.

    Para os economistas, a tendência é que a retração perca força nos próximos trimestre devido à base fraca de comparação. As projeções apontam queda perto de 0,4% do PIB no terceiro trimestre, em relação ao segundo. "A retração continua, mas em magnitude menor", disse Silvia Matos, do Ibre/FGV.

    Para Sergio Vale, da MB Associados, o ritmo menos intenso pode dar uma falsa sensação de melhora, mas o consumo será freado pela queda na renda e no desemprego.

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