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    Fugindo da crise, brasileiros investem em visto de permanência nos EUA

    THAIS BILENKY
    DE NOVA YORK

    30/08/2015 02h00

    Arquivo pessoal
    Suzana Barbieri, o marido, Luis Carlos Coelho, 68, e o filho, Rodrigo, 9, em Caraguatatuba (SP). Foto arquivo pessoal ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Suzana Barbieri, que quer ir a Orlando, o marido e o filho

    O número de brasileiros interessados em investir nos EUA como forma de obter autorização para morar no país disparou em um ano, dizem consultores e advogados que atuam na área de imigração ouvidos pela Folha.

    O EB-5, programa do governo americano que concede visto de residência a investidores, exige como valor mínimo US$ 500 mil, mas a expectativa é que passe para US$ 800 mil a partir de outubro.

    O Congresso dos EUA deverá votar a renovação do programa em setembro. Por isso, brasileiros têm agilizado o processo para terminá-lo o quanto antes. Complicadores como a alta do dólar e a crise da economia brasileira, no entanto, têm frustrado muitos.

    No EB-5, o investimento tem de ser feito em um projeto validado pelo governo e que gere dez empregos locais durante dois anos. Até o fim do prazo, o investidor recebe um "green card" (autorização de residência no país) provisório.

    Se comprovar que o projeto no qual investiu atendeu os requisitos, o estrangeiro recebe um documento permanente. Depois de cinco anos no país, ele pode pleitear a cidadania americana.

    As principais motivações de brasileiros para imigrar são a violência urbana, a crise econômica e incertezas políticas, disseram os profissionais que atuam na área.

    O escritório do consultor Reza Rahbaran registrou alta de 50% na procura em um ano.

    A empresa de consultoria Florida 360 intermedeia a compra de ações de megaprojeto imobiliário em Orlando. O número de clientes brasileiros com participação no empreendimento com vistas à obtenção de EB-5 saltou de 2, em 2014, para 25, em 2015.

    Quando começaram a promover o empreendimento no Brasil, o dólar estava a R$ 2,40. Agora, foi a R$ 3,50. Diversos clientes desistiram.

    Muitos aplicaram o que tinham de poupança em imóveis no Brasil e agora estão com dificuldades para vendê-los e fazer caixa. Um aumento de US$ 300 mil pode inviabilizar os planos.

    Depois de anos nutrindo o desejo de se mudar para os EUA, a professora de inglês Suzana Barbieri, 48, de Caraguatatuba (SP), tomou coragem. Ela corre para conseguir vender imóveis herdados até setembro e fazer o investimento no EB-5. "Com essa crise toda no país, a vontade de ir embora aumentou."

    Em julho, ela visitou o empreendimento em Orlando e aprovou. Antes de embarcar, fora assaltada enquanto tomava sorvete com o filho.

    "Não consigo imaginar deixá-lo passeando na rua no Brasil. Eu surtaria."

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