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    8 pontos para entender a reoneração da folha de pagamentos

    DE SÃO PAULO

    01/09/2015 11h08

    Moacyr Lopes Junior - 18.dez.2014/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL. 18.12.2014. O stand de vendas e o canteiro de obras de empreendimento imobiliario na avenida Eleisio Teixeira Leite, na zona norte da cidade; previsao de futura estacao da linha 6-laranja incentiva a expenasao imobiliaria na regiao. (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress, COTIDIANO). ***EXCLUSIVO***
    Construção civil teve aumento de 2% para 4,5% na alíquota

    Após uma negociação de quase seis meses, a presidente Dilma Rousseff sancionou nesta terça (1º) a lei que revê a desoneração da folha de pagamento e aumenta as alíquotas incidentes sobre a receita bruta das empresa. O aumento da tributação começa a valer a partir de 1º de dezembro.

    Veja abaixo oito pontos para entender a mudança:

    1- O que é a desoneração da folha de pagamentos?

    Uma mudança na forma como o governo tributa as empresas para financiar a Previdência. Foi concebida pela Receita em 2011. Funciona assim: em vez de a empresa contribuir com 20% sobre sua folha de pagamentos, passa a pagar uma alíquota sobre seu faturamento. Até este ano, essa alíquota era de 1% ou 2%, de acordo com o setor da economia.

    2- O que é a reoneração?

    Neste ano, com a necessidade de elevar a arrecadação para arrumar as contas públicas, o governo propôs que as alíquotas dos 56 setores beneficiados fossem elevadas de 1% para 2,5% e de 2% para 4,5%. A medida foi aprovada em agosto de 2015 pelo Congresso. Parlamentares, no entanto, mantiveram as alíquotas de 3 setores e atenuaram a reoneração de outros 10: em 7 deles, a alíquota subiu de 1% para 1,5%, e em outros 3, de 2% para 3%.

    3- Qual o objetivo da desoneração?

    O objetivo inicial foi reduzir custos da indústria, que há mais de três anos tem enfrentado dificuldades para competir com os concorrentes internacionais. Outro objetivo anunciado foi o de estimular empresas a contratar (ou a não demitir), já que o tributo passa a ser calculado sobre o faturamento e não mais sobre a folha de pagamentos. Ou seja, o volume de salários pagos pela empresa não afeta quanto ela terá que pagar em tributos.

    4- Qual a vantagem para a empresa?

    Quanto maior a proporção da folha de pagamentos em relação ao faturamento da empresa, maior a vantagem da desoneração. Por exemplo, uma empresa de transporte rodoviário coletivo que fatura R$ 100 milhões e tem folha de salários de R$ 20 milhões pagava, pelo sistema anterior, contribuição de 20% sobre a folha: R$ 4 milhões. Antes da mudança no Congresso, pagava 2% sobre o faturamento: R$ 2 milhões. Mesmo com a alíquota agora maior, de 3% sobre o faturamento, ela paga R$ 3 milhões, menos que pelo sistema anterior.

    5- Se as empresas passaram a pagar menos tributo, o governo perdeu receita?

    Sim. Não há um cálculo oficial de quando o governo deixou de arrecadar, mas o Ministério da Fazenda tem falado que a renúncia fiscal antes da votação pelo Congresso era de R$ 25,2 bilhões por ano. Com as novas alíquotas, estima-se que tenha ficado em cerca de R$ 15 bilhões por ano.

    6- O que acontece com a Previdência?

    Embora o setor público como um todo tenha perda de receita, em tese a Previdência não é afetada, porque o Tesouro tem o compromisso de ressarci-la pela receita perdida. Ou seja, ela deveria continuar recebendo um valor equivalente a 20% da folha de pagamento das empresas, como antes.

    7- Isso afeta as contas públicas?

    Sim. Neste ano, como as novas regras só devem ter efeito no último trimestre de 2015, a perda do governo deve ficar próxima dos R$ 20 bilhões (mais que o dobro que o superavit primário prometido, de R$ 8,747 bilhões).

    8- Há efeito sobre o desemprego?

    Quando a desoneração foi criada, o Brasil estava com taxas historicamente baixas de desemprego. A nova tributação, portanto, não reduziu o desemprego. Economistas afirmam que, por outro lado, ao estimular contratações, ela pode ter ajudado a pressionar pelo aumento de salários, o que eleva o custo das empresas. Neste ano, com a crise econômica e o aumento do desemprego, a redução da tributação pode minorar as dificuldades das empresas e, em alguma medida, evitar demissões.

    VEJA TODAS AS ALÍQUOTAS DOS SETORES BENEFICIADOS PELA DESONERAÇÃO

    Setor Segmento Alíquota anterior Alíquota sancionada pela presidente aumento na alíquota
    Indústria Aves, suínos e derivados 1% 1,0% -
    Indústria Pães e massas 1% 1,0% -
    Indústria Pescado 1% 1,0% -
    Indústria Couro e calçados 1% 1,5% 50%
    Indústria Confecções 1% 2,5% 150%
    Serviços Call Center 2% 3,0% 50%
    Transportes Transporte aéreo 1% 1,5% 50%
    Transportes Transporte marítimo, fluvial e naveg apoio 1% 1,5% 50%
    Transportes Transporte rodoviário coletivo 2% 3,0% 50%
    Transportes Transporte rodoviário de carga 1% 1,5% 50%
    Transportes Transporte metroferroviário de passageiros 2% 3,0% 50%
    Transportes Transporte ferroviário de cargas 1% 1,5% 50%
    Construção Construção Civil 2% 4,5% 125%
    Construção Empresas de construção e de obras de infra-estrutura 2% 4,5% 125%
    Serviços TI & TIC 2% 4,5% 125%
    Serviços Design Houses 2% 4,5% 125%
    Serviços Hotéis 2% 4,5% 125%
    Serviços Suporte técnico informática 2% 4,5% 125%
    Comércio Comércio Varejista 1% 2,5% 150%
    Indústria Auto-peças 1% 2,5% 150%
    Indústria BK mecânico 1% 2,5% 150%
    Indústria Fabricação de aviões 1% 2,5% 150%
    Indústria Fabricação de navios 1% 2,5% 150%
    Indústria Fabricação de ônibus 1% 2,5% 150%
    Indústria Material elétrico 1% 2,5% 150%
    Indústria Móveis 1% 2,5% 150%
    Indústria Plásticos 1% 2,5% 150%
    Indústria Têxtil 1% 2,5% 150%
    Indústria Brinquedos 1% 2,5% 150%
    Indústria Manutenção e reparação de aviões 1% 2,5% 150%
    Indústria Medicamentos e fármacos 1% 2,5% 150%
    Indústria Núcleo de pó ferromagnético, gabinetes, microfones, alto-falantes e outras partes e acessórios de máquinas de escrever e máquinas e aparelhos de escritório. 1% 2,5% 150%
    Indústria Pedras e rochas ornamentais 1% 2,5% 150%
    Indústria Bicicletas 1% 2,5% 150%
    Indústria Cerâmicas 1% 2,5% 150%
    Indústria Construção metálica 1% 2,5% 150%
    Indústria Equipamento ferroviário 1% 2,5% 150%
    Indústria Equipamentos médicos e odontológicos 1% 2,5% 150%
    Indústria Fabricação de ferramentas 1% 2,5% 150%
    Indústria Fabricação de forjados de aço 1% 2,5% 150%
    Indústria Fogões, refrigeradores e lavadoras 1% 2,5% 150%
    Indústria Instrumentos óticos 1% 2,5% 150%
    Indústria Papel e celulose 1% 2,5% 150%
    Indústria Parafusos, porcas e trefilados 1% 2,5% 150%
    Indústria Pneus e câmaras de ar 1% 2,5% 150%
    Indústria Tintas e vernizes 1% 2,5% 150%
    Indústria Vidros 1% 2,5% 150%
    Indústria Alumínio e suas obras 1% 2,5% 150%
    Indústria Borracha 1% 2,5% 150%
    Indústria Cobre e suas obras 1% 2,5% 150%
    Indústria Manutenção e reparação de embarcações 1% 2,5% 150%
    Indústria Obras de ferro fundido, ferro ou aço 1% 2,5% 150%
    Indústria Obras diversas de metais comuns 1% 2,5% 150%
    Indústria Reatores nucleares, cladeiras,máquinas e instrumentos mecânicos e suas partes 1% 2,5% 150%
    Serviços Empresas jornalísticas 1% 1,5% 50%
    Transportes Carga, descarga e armazenagem de contêineres 1% 2,5% 150%

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