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    o impeachment

    Produção industrial recua 1,5% em julho puxada por setor de alimentos

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO

    02/09/2015 09h27

    Com a economia mergulhada em recessão, a produção da indústria brasileira teve forte queda de 1,5% na passagem de junho para julho, na taxa livre das influências sazonais (como a diferença dos dias úteis do mês).

    O resultado foi influenciado principalmente pelos produtos alimentícios, com queda de 6,2% em julho frente ao mês imediatamente anterior (veja mais abaixo).

    Economistas consultados pela Bloomberg previam queda de apenas 0,1% na comparação com junho e de 6,3% frente ao mesmo mês do ano passado.

    Foi o segundo queda consecutiva da produção industrial e a mais intensa desde dezembro do ano passado (-1,8%). Em junho, o indicador havia registrado uma baixa de 0,9% pelo dado revisado.

    Os dados do setor foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (2).

    Na comparação com julho de 2014, a produção industrial recuou 8,9% –a 17ª contração consecutiva desse indicador. Foi a maior queda desde julho 2009 (-10%).

    É também uma queda bem mais intensa ainda do que a percebida em julho do ano passado, de 3,4% frente ao mesmo mês do ano passado.

    Produção industrial - Em %

    Com mais um resultado ruim, o setor fabril passou a acumular uma queda de 6,6% no acumulado de janeiro a julho, frente ao mesmo período do ano passado.

    No acumulado de 12 meses terminados em julho, a indústria registra uma baixa de 5,3%.

    Os dados mostram que a indústria continua sem esboçar reação, com estoques altos, ociosidade crescente e demissões de trabalhadores. O setor está prostrado diante da menor demanda e tem reduzido há meses seu número de funcionários.

    Pelo ritmo atual, os economistas dão como certo que o setor fechará o ano no vermelho. No Boletim Focus, do Banco Central, as projeções são de queda de 5,57% neste ano.

    O gerente de Indústria do IBGE, André Macedo, disse que a produção de açúcar teve influencia na queda da atividade, com a lavoura de cana-de-açúcar sendo mais destinada para a produção de combustível (etanol).

    "Carnes bovinas e suco de laranja também tiveram resultados negativos na comparação a junho e contribuíram para explicar a queda da produção de alimentos. Carnes de aves, apesar do comportamento positivo no ano, também caiu no mês", disse Macedo.

    SETORES

    Dos 24 ramos da indústria acompanhados pelo IBGE, 14 tiveram queda na passagem de junho para julho, assim como três das quatro grandes categorias econômicas investigadas.

    Segundo o IBGE, os destaques negativos de junho para julho foram os setores de produtos alimentícios, com queda de 6,2% em julho, eliminando a expansão de 4,3% observada no mês anterior.

    Também tiveram fortes perdas as atividades como bebidas (-6,2%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,7%) e de indústrias extrativas (-1,5%), considerando os setores com maior peso no indicador.

    No caso de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, os dados interromperam uma sequência de três meses de taxas positivas, período em que acumulou 3,6%, informou o IBGE.

    Por categorias de uso (que agrupam os produtos por tipo de consumo a que se destinam), o maior impacto foi de bens semi e não duráveis (-3,4%) –justamente o grupo da indústria que inclui os produtos alimentícios.

    O grupo eliminou assim a expansão de 3,1% acumulada nos meses de maio e junho passados.

    Já os bens intermediários (-2,1%) e de capital (-1,9%) também registraram taxas negativas. Foi a sexta taxa mensal negativa consecutiva para ambos os grupos.

    A categoria Bens de consumo duráveis, por outro lado, surpreendeu com avanço de 9,6% frente a junho, o único resultado positivo no mês, após acumular perda de 25,2% entre outubro do ano passado e junho de 2015.

    Essa categoria, que engloba eletrodomésticos, automóveis, tem sofrido forte influencia da oferta de crédito e confiança dos consumidores para assumirem dívidas.

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