• Mercado

    Sunday, 05-May-2024 08:08:00 -03

    Auditorias disputam fatia do mercado de aquisições de empresas

    DO "FINANCIAL TIMES"

    04/09/2015 02h00

    Alastair Grant/Associated Press
    A general view of the HSBC headquarters building in London, Monday, March, 7, 2011. HSBC, Europe's biggest bank, has denied news reports it is planning to move its head office from London to Hong Kong, due to possible banking regulations that may change in Britain and Europe.(AP Photo/Alastair Grant)
    No Brasil, HSBC teve as operações adquiridas recentemente pelo Bradesco

    Especializadas em preparar balanços e resolver complicadas questões tributárias, as quatro maiores auditorias do globo disputam uma batalha em novo terreno.

    Conhecidas como as "Big Four" (as quatro grandes), Deloitte, EY, KPMG e PwC sempre atenderam às maiores companhias de capital aberto do planeta.

    As unidades de investimento, porém, se voltam a empresas de porte médio, de capital fechado, com valores de mercado de algumas centenas de milhões de dólares.

    Dado o boom nas fusões e aquisições, elas estão sendo agressivas na contratação de executivos financeiros. Em julho, a Deloitte contratou um diretor-executivo sênior do BNP Paribas, e a KPMG e a PwC, respectivamente, recrutaram executivos do Deutsche Bank e do Rothschild.

    Historicamente, executivos financeiros importantes costumavam buscar emprego em outros grandes bancos, ou em instituições de nicho.

    O fato de que agora estejam aceitando propostas de empresas mais conhecidas por sua eficiência contábil é uma aposta intrigante.

    CAPILARIDADE GLOBAL

    Para as consultorias, a decisão de expandir o segmento de fusões e aquisições pode ser vista como evolução óbvia de suas operações. A PwC, por exemplo, conta com quase 200 mil funcionários espalhados por 157 países, o que lhe garante uma base natural de relacionamentos com clientes a garimpar, e de conhecimento setorial especializado a compartilhar.

    Embora transações bilionárias conquistem manchetes, o grosso das operações tem valor mais baixo e ocorre em ritmo mais regular.

    A KPMG, por exemplo, assessorou 377 fusões e aquisições em 2014, de acordo com a Dealogic. Foi um número mais alto que o de qualquer outra instituição, exceto o banco Goldman Sachs.

    O faturamento proveniente de operações que não as de auditoria e consultoria tributária já responde por de 20% a 30% da receita das Big Four.

    Todas elas vêm fortalecendo também suas operações de consultoria em áreas como tecnologia, documentação e gestão estratégica.

    MERCADO COMPORTA?

    Restam questões. Primeiro, o volume de transações médias é alto o bastante para justificar essa expansão?

    Já existem muitas empresas que assessoram transações de porte médio, como a Houlihan Lokey, que abriu seu capital recentemente, a Harris Williams e a Lincoln International. Bancos maiores também aceitarão contratos menores, a fim de compensar o fluxo errático das grandes transações.

    Outra dúvida é se as Big Four podem ceder à tentação de procurar as transações de maior porte, um mercado igualmente agressivo.

    Grandes empresas se preocupam muito com seu status, e por conta do escrutínio legal que uma abertura de capital pode causar, podem hesitar em contratar assessores cuja identidade –justa ou injustamente– é vista como associada à contabilidade.

    Ser uma empresa completa, capaz de vender empréstimos, derivativos, ações, seguros, consultoria e gestão de patrimônio a múltiplos clientes, sempre foi o objetivo maior dos bancos mundiais.

    Essa busca muitas vezes fracassou, tanto no curto quanto no longo prazo.

    No entanto, se as auditorias tropeçarem, pelo menos a dor caberá aos seus sócios –e não a acionistas.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024