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    Câmbio eleva ganhos da indústria com exportação e aumenta competitividade

    TATIANA FREITAS
    DE SÃO PAULO
    DIMMI AMORA
    DE BRASÍLIA

    05/09/2015 02h00

    Pedro Danthas/Divulgação
    Fábrica Anchieta da Volkswagen, onde é produzido o Gol ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Fábrica de carros da Volkswagen; disparada do dólar é boa para a indústria

    A indústria está ganhando mais com as suas exportações. A alta do dólar permitiu às empresas reduzir seus preços de venda para recuperar mercados, sem comprometer o retorno da operação.

    A rentabilidade das exportações da indústria de transformação subiu 12,6% em julho, ante o mesmo mês de 2014, conforme índice da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior).

    Segundo Daiane Santos, economista da Funcex, a valorização do dólar compensou a queda dos preços de venda e a alta dos custos de produção —o cálculo do índice considera os três fatores. "O câmbio já permite aumento da competitividade das exportações da indústria", diz.

    Índice de rentabilidade das exportações, em US$ - (base 100 = julho de 2011)

    Mesmo com a alta de 10,3% nos custos de produção e da redução de 14,2% no preço das exportações, a rentabilidade das operações subiu 12,6% —graças à taxa de câmbio, que variou 44,9%.

    O novo patamar do dólar, no entanto, ainda não foi suficiente para recuperar a receita com as exportações de manufaturados, que caíram 24% em agosto, ante igual período de 2014. A maioria das indústrias enfrenta dificuldades para elevar os volumes.

    REAÇÃO

    Em alguns segmentos, no entanto, a queda no preço de venda se transformou em aumento dos embarques.

    "Estamos acreditando muito", afirma o diretor-executivo da siderúrgica AVG, Fernando Coura, que contratou 180 funcionários este ano.

    Os novos trabalhadores atenderão a um aumento de 45% nas vendas de gusa, derivado do minério de ferro.

    Em setores como os de siderurgia e de vidros, o volume de vendas para fora reagiu no primeiro semestre, com aumentos de até 40%.

    Segundo Coura, a fábrica de Sete Lagoas (MG) ganhou um terceiro forno e 75% da produção está sendo direcionada ao mercado externo.

    O aumento nas exportações também ajuda as empresas a enfrentar a crise no país.

    TIPO DE PRODUTO - Em milhões de toneladas

    É o caso do setor de vidro. O mercado interno, que absorvia a grande maioria da produção, teve queda de mais de 30% neste ano, segundo Lucien Belmonte, superintendente da Abividro (Associação Técnica Brasileira das Indústrias de Vidro).

    "Todas as empresas estão analisando o que conseguem exportar", diz Belmonte, lembrando que o fechamento de uma fábrica na Argentina abriu espaço para crescimento de 48% nas exportações.

    PREÇO MÉDIO - Em US$/t

    PREOCUPAÇÃO

    O semestre em que esses setores aumentaram as vendas terminou com o dólar cotado por volta dos R$ 3,10. Nesta sexta (4), fechou a R$ 3,86. Mas a contínua valorização da moeda, que deveria animar ainda mais a indústria, começa a preocupar.

    Segundo Belmonte, parte da produção necessita de produtos importados ou tem custos atrelados ao dólar. Se o preço da moeda americana aumentar rápido demais, poderá levar a novos problemas.

    Entre os segmentos analisados pela Funcex, a indústria de transformação apresentou o maior aumento nos custos de produção em julho, devido à maior participação de insumos importados.

    Para compensar o efeito do câmbio na linha de custos, a indústria busca reduzir seus gastos com transporte, o que beneficia outros setores.

    Na MRS, operadora de ferrovias, o volume de transporte de cargas em contêineres subiu 29% no primeiro semestre. "Dobramos o número de clientes fixos atendidos este ano, alcançando 40. Em julho, fizemos mais 11 testes com clientes novos", diz Elisa Figueiredo, gerente comercial da empresa. Ela atribui o movimento ao custo mais competitivo das ferrovias, em comparação com as rodovias.

    As exportações também ajudaram a compensar queda de até 20% no setor portuário. Segundo dados da Antaq (Agência Nacional de Transporte Aquaviário), o movimento de saída de produtos industrializados cresceu entre 10% e 19% no primeiro semestre deste ano.

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    • O QUE DETERMINA A RENTABILIDADE DA EXPORTAÇÃO?

    Taxa de câmbio
    A desvalorização cambial aumenta os ganhos do exportador em reais

    > 44,9%
    foi a alta da taxa de câmbio nominal entre julho de 2014 e julho de 2015

    Preço das exportações
    Com a alta da taxa de câmbio, o exportador consegue reduzir o preço de venda e ainda aumentar a sua rentabilidade

    > -14,2%
    foi a variação do preço das exportações da indústria entre julho de 2014 e julho de 2015

    Custos de produção
    Crescem devido a fatores como aumento no preço da energia, da mão de obra e dos insumos (inclusive importados)

    > 10,3%
    foi o aumento nos custos de produção da indústria entre julho e 2014 e julho de 2015

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