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    Bolsa segue cautela com juro nos EUA e cai; dólar fecha abaixo de R$ 3,80

    DE SÃO PAULO

    09/09/2015 18h10

    Daniel Marenco - 4.ago.2011/Folhapress
    Operadores observam o painel de cotações no prédio da BM&FBovespa, no centro de São Paulo (SP)
    Operadores observam o painel de cotações no prédio da BM&FBovespa, no centro de São Paulo (SP)

    O principal índice da Bolsa brasileira chegou a subir mais de 2% ao longo desta quarta-feira (9), influenciado pela expectativa de adoção de novos estímulos econômicos na China e no Japão, mas fechou em leve queda após dados americanos de emprego gerarem cautela com o momento em que os Estados Unidos começarão a subir sua taxa de juros.

    O Ibovespa cedeu 0,22%, para 46.657 pontos. O volume financeiro foi de R$ 6,954 bilhões. Nos Estados Unidos, os índices de ações também chegaram a operar no azul, mas encerraram a sessão com perdas de mais de 1%.

    O relatório JOLTS de julho revelou que o número de vagas de trabalho que permaneciam abertas no último dia útil do mês nos EUA avançou para o nível recorde de 5,8 milhões. Em 12 meses, as contratações totalizaram 60,6 milhões e as demissões e desligamentos, a pedido do trabalhador ou de iniciativa dos empregadores, totalizaram 57,8 milhões, resultando em ganho líquido de emprego de cerca de 2,7 milhões.

    Segundo analistas, a melhora de condições do mercado de trabalho nos Estados Unidos reforçou o cenário de elevação da taxa de juros americana neste ano, faltando uma semana para a decisão de política monetária do Federal Reserve (BC dos EUA) na reunião de setembro, marcada para os dias 16 e 17.

    Um aumento da taxa pode levar os investidores estrangeiros a retirar aplicações em países emergentes, como o Brasil, e aplicar nos títulos americanos, considerados mais seguros.

    "Se acontecer de o Fed elevar o juro básico dos EUA na semana que vem, será uma grande surpresa. Essa possibilidade é praticamente descartada pelos agentes de mercado, mas, à medida que os indicadores sinalizarem fortalecimento mais consistente da economia e o desaquecimento chinês estabilizar, o aperto monetário americano fica mais próximo", disse Lauro Vilares, analista da Guide Investimentos.

    Linican Monteiro, executivo da equipe de análises da Um Invetimentos, reforça sua perspectiva de que o aumento no juro americano será feito de forma gradual para não causar volatilidade nos preços dos ativos do mercado financeiro. "O Fed tem essa preocupação, por isso que a autoridade vem avisando sobre a possibilidade de subir os juros há algum tempo", afirmou.

    A transparência no momento em que os juros subirão, segundo Vilares, é essencial para evitar que a medida cause distorções no mercado.

    "A volatilidade é provocada por surpresas. Se acontecer [um aumento dos juros nos EUA] na semana que vem, o mercado será surpreendido, e isso poderá influenciar negativamente as cotações. Caso o aperto monetário ocorra somente em dezembro, conforme a maioria das análises de economistas, o impacto deve ser reduzido", disse.

    PETROBRAS PESA

    A queda das ações da Petrobras, na esteira do tombo nos preços do petróleo no exterior, ajudou a empurrar o Ibovespa para baixo. Os papéis preferenciais da estatal, mais negociados e sem direito a voto, cederam 2,89%, para R$ 8,39 cada um. Já os ordinários, com direito a voto, recuaram 3,68%, a R$ 9,68.

    Em sentido oposto, as ações da BM&FBovespa subiram 3,81%, para R$ 10,63 cada uma, após a administradora da Bolsa brasileira ter anunciado a venda de 1% do capital da CME por R$ 450 milhões. O negócio era aguardado há muito tempo pelo mercado, tendo em vista a forte valorização dos papéis da Bolsa de commodities americana.

    Os bancos também fecharam no azul. Este é o segmento com maior peso dentro do Ibovespa. O Itaú subiu 1,12%, enquanto a ação preferencial do Bradesco ganhou 1,18% e o Banco do Brasil registrou valorização de 0,29%.

    O Santander terminou a sessão praticamente estável, com leve alta de 0,07%, após a notícia de que Sergio Rial assumirá a presidência executiva do banco a partir de janeiro de 2016, no lugar de Jesús Zabalza.

    EFEITO CHINA

    Além de ter provocado a alta das Bolsas durante parte do pregão, a expectativa de novos estímulos na Ásia também ajudou a derrubar a cotação do dólar em relação ao real pelo segundo dia.

    O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em queda de 0,33%, para R$ 3,797 na venda. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, cedeu 0,47%, a R$ 3,798.

    O premiê chinês Li Keqiang disse nesta quarta-feira que o país afastou os principais riscos ao seu sistema financeiro e suas perspectivas econômicas continuam positivas. Ao mesmo tempo, o Ministério das Finanças da China prometeu fortalecer a política fiscal, aumentar os gastos com infraestrutura e acelerar a reforma de seu sistema tributário, entre outras ações.

    "Essas medidas demonstram que há margem de manobra para o governo chinês agir", avaliou o analista Marco Aurélio Barbosa, da CM Capital Markets. A China é o principal parceiro comercial do Brasil e a segunda maior economia do mundo. Além disso, a desaceleração econômica chinesa tem afetado negativamente os preços das commodities, por isso medidas de estímulo naquele país trazem ânimo ao mercado.

    Ainda na Ásia, o índice de ações japonês Nikkei disparou nesta sessão e fechou com alta de 7,7%, seu maior ganho em um dia desde outubro de 2008, reanimado pelas esperanças de que o governo adote novas medidas para evitar o desaquecimento da economia local.

    O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse que o governo mira a diminuição da taxa de imposto corporativo em 3,3 pontos percentuais acumulados em dois anos a partir do próximo ano fiscal, que se inicia em abril do próximo ano.

    CENÁRIO INTERNO

    Mesmo tendo fechado abaixo de R$ 3,80, o dólar ficou longe da mínima do dia, de R$ 3,768. O motivo, segundo operadores, é o cenário de deterioração da economia brasileira, agravado pelo impasse político que impede a adoção de medidas de ajuste fiscal mais efetivas para controlar as contas públicas.

    A queda do dólar na sessão também foi ajudada pela rolagem de contratos de swap promovida pelo Banco Central do Brasil diariamente para estender o prazo de papéis que vencem no mês que vem. A operação equivale a uma venda futura de dólares.

    Os juros futuros de longo prazo acompanharam o alívio do dólar e fecharam em queda -ainda que ainda estejam em patamares considerados bastante elevados, compatíveis com um cenário de muitas incertezas.

    O contrato de DI para janeiro de 2021 teve taxa de 14,74%, ante 14,80% na sessão anterior. Já o DI com vencimento em janeiro de 2017 apontou taxa de 14,90%, ante 14,86% no fechamento de terça-feira.

    Com agências de notícias

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