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    o impeachment

    Petrobras cai mais de 3% após S&P, mas exportadoras amparam Bolsa

    DE SÃO PAULO

    11/09/2015 17h52

    Agência Petrobras
    Plataforma da Petrobras em São Roque do Paraguaçu (BA)
    Plataforma da Petrobras em São Roque do Paraguaçu (BA)

    Após perder na véspera o selo de bom pagador conferido pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, a Petrobras recuou mais de 3% na Bolsa brasileira nesta sexta-feira (11), ajudando o Ibovespa a fechar no vermelho pelo terceiro dia, embora o bom desempenho das ações de exportadoras tenha limitado a baixa do índice.

    A avaliação da dívida da Petrobras, seja em moeda estrangeira ou nacional, caiu de BBB- para BB, na escala da S&P. O anúncio seguiu o corte da nota soberana do país, por isso já era esperado, segundo analistas. Além da petroleira, outras empresas tiveram a nota de crédito rebaixadas.

    A decisão da S&P, no entanto, reforçou a cautela do mercado em relação à economia brasileira, elevando a urgência de serem tomadas novas medidas de ajuste fiscal, dizem analistas.

    Para tentar resgatar a credibilidade, o governo sinalizou que mudanças devem ser anunciadas em breve. Reportagem da Folha nesta sexta-feira revelou que a presidente Dilma Rousseff estuda substituir o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) por um nome que atue como uma espécie de "primeiro-ministro" e que não seja filiado a seu partido, o PT. O Planalto negou a intenção de troca do ministro.

    O Ibovespa teve desvalorização de 0,22%, para 46.400 pontos. O volume financeiro foi de R$ 6,025 bilhões. Com este desempenho, o índice acumulou na semana leve perda de 0,21% –foi a segunda semana consecutiva de baixa.

    As ações preferenciais da Petrobras, mais negociadas e sem direito a voto, tiveram queda de 3,89% no dia, para R$ 7,66 cada uma. Já as ordinárias, com direito a voto, recuaram 5,37%, a R$ 8,81.

    "A Petrobras é altamente endividada. Através do novo plano de negócios ela terá redução de custos, por opção, se tornando mais enxuta para retomar crescimento. Além disso, o rebaixamento deixa a estatal com mais dificuldade de se financiar", disse Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.

    Na véspera, a Petrobras informou que já cumpriu suas metas de financiamento "no médio prazo" e que não tem empréstimos atrelados ao rating de agências classificadoras de risco.

    O ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) disse nesta sexta que o rebaixamento da Petrobras representa "uma questão passageira". Também nesta sexta dois bancos americanos reduziram sua avaliação sobre a companhia. O Bank of America Merrill Lynch e o JP Morgan cortaram a recomendação para a estatal de compra para neutra.

    "O rebaixamento da Petrobras era questão de tempo. (...) Seguimos céticos com as ações da estatal", disse o analista Celson Plácido, da XP Investimentos.

    Para ele, a empresa tem um cenário desafiador pela frente: com a queda do petróleo e a alta do dólar, a dívida líquida da Petrobras deve superar em mais de cinco vezes sua geração operacional de caixa no terceiro trimestre deste ano.

    "A próxima saída, como temos mencionado desde o ano passado, é um aumento de capital, porém o governo segue refutando a ideia, até porque não tem caixa para isso", completou Plácido.

    AÇÕES

    A alta do setor siderúrgico amenizou a perda do Ibovespa na sessão. Papéis da CSN subiram 10,09%, para R$ 5,13, enquanto as ações preferenciais da Usiminas tiveram ganho de 9,67%,a R$ 4,65. Esses papéis têm valorizações de 46,57% e 56,04%, respectivamente, apenas neste mês. O avanço do setor, segundo analistas, tem respaldo na alta recente do dólar, que favorece o reajuste de preços.

    O setor bancário, segmento com maior peso dentro do índice, fechou no vermelho. O Bradesco caiu 1,1%, após a S&P reduzir na quinta-feira a nota de crédito de várias instituições financeiras do Brasil, tirando o selo de grau de investimento de grandes bancos.

    O Banco do Brasil perdeu 2,67% e Santander recuou 2,59%, enquanto Itaú Unibanco desacelerou as perdas para 0,19% no final do pregão. O Barclays cortou o preço-alvo desses quatro bancos.

    DÓLAR E JUROS

    O apetite por venda de dólares visto no início da semana durou pouco e os investidores voltaram a demandar a moeda americana nesta sexta-feira. De forma geral, analistas ainda veem poucos motivos para operar do lado da venda, diante da ausência de sinais claros de alguma resolução para a atual crise no Brasil.

    Além disso, o dólar registrou alta nesta sessão frente a algumas divisas emergentes e correlacionadas aos preços das commodities, em dia de forte baixa do petróleo.

    Dados sobre os preços ao produtor nos Estados Unidos ampararam expectativas de alta de juros naquele país a poucos dias da reunião de política monetária do Federal Reserve (banco central dos EUA). Por outro lado, o índice de confiança do consumidor americano caiu em setembro mais que o esperado, sinalizando menor disposição de gastos.

    O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o dia com valorização de 1,21% sobre o real, cotado em R$ 3,880 na venda. É o maior valor desde 23 de outubro de 2002, quando valia R$ 3,901 (ou R$ 6,60 hoje, após correção inflacionária). Na semana, houve avanço de 1,15%.

    Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, teve alta de 0,72% no dia e de 0,49% na semana, para R$ 3,878 na venda. Também é o maior valor desde 23 de outubro de 2002, quando valia R$ 3,910 (ou R$ 6,62 hoje)

    Operadores disseram que o Banco Central pode aumentar a intensidade de suas atuações no câmbio para conter a volatilidade da moeda americana, assim como fez na véspera, quando promoveu um leilão de US$ 1,5 bilhão de linhas de crédito –com isso, injetou dinheiro novo no mercado com compromisso de recompra em janeiro e abril do próximo ano.

    A expectativa foi reforçada depois que o BC descartou, por ora, voltar a subir a taxa básica de juros (Selic) para conter o preço da moeda americana e, com isso, a inflação no país. Nesta sexta-feira, a autoridade promoveu apenas um leilão de rolagem de swaps cambiais para estender o vencimento de contratos que tinham prazos para o mês que vem. A operação equivale a uma venda futura de dólares.

    A sinalização do BC também trouxe alívio ao mercado de juros futuros, que caíram na sessão –ainda que estejam em patamares considerados bastante elevados, compatíveis com um cenário de muitas incertezas. O contrato de DI para janeiro de 2016 teve taxa de 14,460%, ante 14,500% na sessão anterior. Já o DI para janeiro de 2021 cedeu para 15,110%, ante 15,150% na quinta-feira.

    Com agências de notícias

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