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    Veja dicas para investir após Brasil perder selo de bom pagador

    DANIELLE BRANT
    ANDERSON FIGO
    RENATA AGOSTINI
    DE SÃO PAULO

    14/09/2015 02h00

    A perda do grau de investimento, atestado de que o Brasil é bom pagador, faz com que as aplicações em renda fixa se tornem ainda mais atraentes diante das incertezas em relação ao desempenho das empresas na Bolsa.

    A principal consequência do corte da nota de crédito por uma das agências de classificação de risco, a Standard & Poor's, é a fuga de investidores internacionais, temerosos com a situação do país. Os que ficam exigem retornos maiores para compensar o risco.

    SOBE E DESCE - Desempenho da Bovespa após o grau de investimento

    Os títulos públicos são, assim, os primeiros afetados. Os papéis antigos passaram a ser negociados por valores mais baixos. Por outro lado, há oportunidades para novas aplicações.

    Boa parte dos fundos usa como referência para manter o dinheiro aplicado a classificação como grau de investimento em pelo menos duas agências. Até agora só a S&P tirou o selo de bom pagador do país. Mas, prevendo que a decisão deve ser seguida por outra agência —o Brasil ainda está no patamar mais elevado na Moody's e na Fitch—, já há mais cautela entre os investidores.

    Quem tem outros títulos de renda fixa —como CDB e LCI— pode ser beneficiado caso o Banco Central eleve os juros. A principal referência dessas aplicações é o CDI [taxa de empréstimos entre bancos], que segue a taxa básica de juros, a Selic.

    Taxa básica de juros (Selic)

    Com a perda do grau de investimento e a saída de investidores, o dólar pode subir, pressionando a inflação. Se isso ocorrer, o BC pode optar por elevar a taxa, apesar de ter indicado recentemente que pretende mantê-la em 14,25% ao ano.

    Os investimentos em ações seguem desafiadores. Com o rebaixamento, o crédito tende a encarecer e as empresas terão mais dificuldade para crescer. Há ainda o risco de que a saída de estrangeiros deprecie o valor dos papéis.

    Apesar da perspectiva ruim, quem tem ações precisa ter cautela. "Se entrou há um mês, pode ser vantajoso ter uma perda temporária e aproveitar o bom momento dos juros [investindo em renda fixa]", diz Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global Partners. Se comprou por preços muito mais altos, porém, o prejuízo será grande e o aconselhável é manter o dinheiro aplicado na Bolsa.

    Analistas dizem que é importante ainda ficar atento a oportunidades."As boas opções precisam ser garimpadas. Algumas empresas se beneficiam do dólar alto, como as de papel e celulose", diz Bruno Carvalho, da corretora Guide Investimentos.

    INVESTIMENTOS

    Abaixo, saiba quais investimentos podem sentir o efeito da mudança do status de crédito do Brasil:

    TÍTULOS PÚBLICOS (efeito direto)

    > Com a alta dos juros, a maior parte das aplicações antigas perdeu valor. Mas surgiu oportunidade para maior rentabilidade de novos investimentos

    OUTRAS APLICAÇÕES DE RENDA FIXA (efeito indireto)

    > Essas aplicações são remuneradas com base no CDI, que acompanha a taxa básica de juros do país, que pode ser elevada para atrair novos investidores

    DÓLAR (efeito incerto)
    > Uma fuga de capital é esperada, mas analistas argumentam que a desvalorização já foi intensa e, por isso, é incerto quanto o dólar ainda irá subir daqui para frente

    BOLSA DE VALORES (efeito parcial)

    > Ao rebaixamento do país seguiram-se cortes nas notas de empresas. A perda do grau de investimento também restringirá o crédito para as companhias, que terão dificuldade para melhorar resultados

    Folhainvest

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