Jim Lo Scalzo/Efe | ||
Janet Yellen, presidente do banco central americano |
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Mercado
Tuesday, 07-May-2024 23:40:10 -03Banco central dos Estados Unidos mantém juros zerados
THAIS BILENKY
DE NOVA YORK17/09/2015 15h04
O Federal Reserve (banco central americano) adiou a elevação da taxa básica de juros do país. Dessa forma, os juros dos Estados Unidos continuam entre zero e 0,25%, mantendo a política monetária de estímulo à atividade econômica em prática desde a crise de 2008.
A decisão foi informada nesta quinta-feira (17), após reunião de dois dias do comitê de política monetária do Fed, o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês).
Apesar de terem optado por não subir os juros nesta reunião, a maioria dos membros acredita que o momento apropriado para a primeira elevação da taxa continua sendo este ano. Em coletiva de imprensa concedida após a divulgação dos dados, a presidente do Fed, Janet Yellen, não descartou o aumento já na próximo reunião, que ocorre nos dias 27 e 28 de outubro.
Evolução da taxa de juros dos EUA, em % -
"Em qualquer reunião, o comitê pode tomar a decisão e isso, certamente, inclui outubro", afirmou.
Um membro do comitê, o presidente do Fed de Richmond, Jeffrey Lacker, votou a favor da elevação na reunião de setembro.
Treze dos 17 membros do Fomc apontaram que os juros devem subir ainda em 2015 —em junho, eram 15.
O ritmo de elevação, no entanto, deve ser menor, de acordo com as previsões. Na média, a expectativa é que os juros terminem o ano em 0,375%. No longo prazo, a taxa deve chegar a 3,5%, segundo o documento.
Pela primeira vez nas projeções recentes, um dos membros do comitê sugeriu que a taxa deveria ser reduzida ainda mais em 2015, passando a ser negativa.
Yellen, contudo, disse que essa opção não foi discutida "seriamente" no encontro desta quinta.
No comunicado que acompanha a decisão, os membros do Fed citaram a situação da economia mundial para justificar a manutenção da taxa. "Acontecimentos recentes no cenário econômico e financeiro global podem restringir a atividade econômica de alguma maneira e puxar a inflação para baixo a curto prazo."
A presidente do Fed disse que o enfraquecimento econômico da China, por si só, não surpreende. "A pergunta é se há risco de uma desaceleração maior do que o esperado", afirmou. E a reação de países emergentes merece "acompanhamento de perto".
"Mercados emergentes são afetados negativamente por esses acontecimentos e vimos uma saída significativa de capital desses países."
Os exportadores de commodities como o Brasil sofrem impacto adicional devido à queda no preço de commodities como petróleo.
Evolução do PIB dos EUA - Em %
Nos EUA, observou a presidente do BC americano, preços baixos têm puxado a inflação para baixo e gerado apreciação do dólar, mas espera-se que os efeitos sejam "transitórios".
Yellen ponderou que o Fed não precisa esperar que a inflação atinja a meta, de 2%, para elevar os juros, porque isso poderia implicar em um superaquecimento da economia.
Nos últimos 12 meses, a inflação está em 0,2%.
O desemprego caiu a 5,1% em agosto, a menor taxa mensal desde abril de 2008 e próximo do considerado pleno emprego (5%).
Yellen ressaltou, porém, que a taxa de pessoas empregadas em meio período, não porque querem, mas porque é o que encontraram, ainda é alta.
EXPECTATIVA
Uma elevação dos juros era esperada desde o início do ano, mas, nas últimas semanas, governantes e agentes de mercado passaram a fazer pressão contrária.
A volatilidade do mercado internacional e a valorização do dólar frente a outras moedas reforçam preocupações quanto ao efeito de uma elevação nos juros. Isso porque a taxa mais alta nos EUA poderia gerar um êxodo de investimentos alocados em outros países -em especial os emergentes- para o mercado americano.
O movimento de recuperação econômica dos EUA se mantém ascendente há um ano, de forma lenta e gradual, mas aquém do que economistas consideram ideal para a retirada do estímulo monetário.
A última elevação de juros pelos EUA se deu em junho de 2006, quando a inflação estava em 4% e o desemprego em 4,6%.
Inflação e desemprego são os dois principais medidores econômicos usados pelo Fed. Mas há outros sinais de que o crescimento não atingiu velocidade de cruzeiro.
O PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre de 2015 foi estimado em 0,6% positivo. No segundo trimestre, a taxa ganhou fôlego, registrando crescimento de 3,7%. A média anual projetada para a expansão da atividade econômica americana em 2015 está na casa de 2%.
A autoridade monetária elevou ainda a projeção para o crescimento do PIB neste ano, de 1,9% em junho para 2,1%. Em 2016, a previsão é que a expansão seja de 2,3% —ante 2,5% no último documento.
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- ENTENDA A DECISÃO SOBRE OS JUROS
1- Por que o Fed decidiu não subir os juros?
> Inflação e Emprego: os principais indicadores observados pelo BC americano têm registrado desempenho distinto. O índice de variação de preços continua bastante abaixo da meta do Fed, de 2%. A taxa de desemprego caminha para os níveis pré-crise, mas o crescimento da renda ainda é fraco
> Cenário internacional: Problemas na China e nas economias emergentes preocupam o Fed porque podem prejudicar a recuperação da economia dos EUA, em duas frentes: com a valorização ainda maior do dólar, mantendo a inflação baixa no país, e reduzindo a demanda por produtos vindos dos EUA
2- Quando os juros devem, finalmente, subir?
Os membros do Fed continuam sinalizando que a primeira elevação deve ocorrer neste ano. Para que isso se concretize, só há duas possibilidades: as reuniões de outubro e dezembro
3- O que a manutenção significa para o Brasil?
O efeito imediato é evitar um êxodo de investidores do país –e a pressão maior sobre o dólar. Mas a moeda deve continuar em alta, ao menos moderada, por razões internas
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