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    Banco central dos Estados Unidos mantém juros zerados

    THAIS BILENKY
    DE NOVA YORK

    17/09/2015 15h04

    Jim Lo Scalzo/Efe
    JL08 WASHINGTON (ESTADOS UNIDOS), 19/03/2014.- La presidenta de la Reserva Federal, Janet Yellen durante una rueda de prensa celebrada en el comité de mercado de la Reserva Federal en Washington, Estados Unidos hoy 19 de marzo de 2014 en donde ha defendido que la subida de tipos de interés no esté ligada a la referencia del 6,5 % por ciento de tasa de desempleo, dadas las nuevas condiciones económicas. EFE/Jim Lo Scalzo ORG XMIT: JL08
    Janet Yellen, presidente do banco central americano

    O Federal Reserve (banco central americano) adiou a elevação da taxa básica de juros do país. Dessa forma, os juros dos Estados Unidos continuam entre zero e 0,25%, mantendo a política monetária de estímulo à atividade econômica em prática desde a crise de 2008.

    A decisão foi informada nesta quinta-feira (17), após reunião de dois dias do comitê de política monetária do Fed, o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês).

    Apesar de terem optado por não subir os juros nesta reunião, a maioria dos membros acredita que o momento apropriado para a primeira elevação da taxa continua sendo este ano. Em coletiva de imprensa concedida após a divulgação dos dados, a presidente do Fed, Janet Yellen, não descartou o aumento já na próximo reunião, que ocorre nos dias 27 e 28 de outubro.

    Evolução da taxa de juros dos EUA, em % -

    "Em qualquer reunião, o comitê pode tomar a decisão e isso, certamente, inclui outubro", afirmou.

    Um membro do comitê, o presidente do Fed de Richmond, Jeffrey Lacker, votou a favor da elevação na reunião de setembro.

    Treze dos 17 membros do Fomc apontaram que os juros devem subir ainda em 2015 —em junho, eram 15.

    Desemprego - Em %

    O ritmo de elevação, no entanto, deve ser menor, de acordo com as previsões. Na média, a expectativa é que os juros terminem o ano em 0,375%. No longo prazo, a taxa deve chegar a 3,5%, segundo o documento.

    Pela primeira vez nas projeções recentes, um dos membros do comitê sugeriu que a taxa deveria ser reduzida ainda mais em 2015, passando a ser negativa.

    Yellen, contudo, disse que essa opção não foi discutida "seriamente" no encontro desta quinta.

    Inflação - Em %

    No comunicado que acompanha a decisão, os membros do Fed citaram a situação da economia mundial para justificar a manutenção da taxa. "Acontecimentos recentes no cenário econômico e financeiro global podem restringir a atividade econômica de alguma maneira e puxar a inflação para baixo a curto prazo."

    A presidente do Fed disse que o enfraquecimento econômico da China, por si só, não surpreende. "A pergunta é se há risco de uma desaceleração maior do que o esperado", afirmou. E a reação de países emergentes merece "acompanhamento de perto".

    "Mercados emergentes são afetados negativamente por esses acontecimentos e vimos uma saída significativa de capital desses países."

    Os exportadores de commodities como o Brasil sofrem impacto adicional devido à queda no preço de commodities como petróleo.

    Evolução do PIB dos EUA - Em %

    Nos EUA, observou a presidente do BC americano, preços baixos têm puxado a inflação para baixo e gerado apreciação do dólar, mas espera-se que os efeitos sejam "transitórios".

    Yellen ponderou que o Fed não precisa esperar que a inflação atinja a meta, de 2%, para elevar os juros, porque isso poderia implicar em um superaquecimento da economia.

    Nos últimos 12 meses, a inflação está em 0,2%.

    O desemprego caiu a 5,1% em agosto, a menor taxa mensal desde abril de 2008 e próximo do considerado pleno emprego (5%).

    Yellen ressaltou, porém, que a taxa de pessoas empregadas em meio período, não porque querem, mas porque é o que encontraram, ainda é alta.

    Veja vídeo

    EXPECTATIVA

    Uma elevação dos juros era esperada desde o início do ano, mas, nas últimas semanas, governantes e agentes de mercado passaram a fazer pressão contrária.

    A volatilidade do mercado internacional e a valorização do dólar frente a outras moedas reforçam preocupações quanto ao efeito de uma elevação nos juros. Isso porque a taxa mais alta nos EUA poderia gerar um êxodo de investimentos alocados em outros países -em especial os emergentes- para o mercado americano.

    O movimento de recuperação econômica dos EUA se mantém ascendente há um ano, de forma lenta e gradual, mas aquém do que economistas consideram ideal para a retirada do estímulo monetário.

    A última elevação de juros pelos EUA se deu em junho de 2006, quando a inflação estava em 4% e o desemprego em 4,6%.

    Inflação e desemprego são os dois principais medidores econômicos usados pelo Fed. Mas há outros sinais de que o crescimento não atingiu velocidade de cruzeiro.

    O PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre de 2015 foi estimado em 0,6% positivo. No segundo trimestre, a taxa ganhou fôlego, registrando crescimento de 3,7%. A média anual projetada para a expansão da atividade econômica americana em 2015 está na casa de 2%.

    A autoridade monetária elevou ainda a projeção para o crescimento do PIB neste ano, de 1,9% em junho para 2,1%. Em 2016, a previsão é que a expansão seja de 2,3% —ante 2,5% no último documento.

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    • ENTENDA A DECISÃO SOBRE OS JUROS

    1- Por que o Fed decidiu não subir os juros?

    > Inflação e Emprego: os principais indicadores observados pelo BC americano têm registrado desempenho distinto. O índice de variação de preços continua bastante abaixo da meta do Fed, de 2%. A taxa de desemprego caminha para os níveis pré-crise, mas o crescimento da renda ainda é fraco

    > Cenário internacional: Problemas na China e nas economias emergentes preocupam o Fed porque podem prejudicar a recuperação da economia dos EUA, em duas frentes: com a valorização ainda maior do dólar, mantendo a inflação baixa no país, e reduzindo a demanda por produtos vindos dos EUA

    2- Quando os juros devem, finalmente, subir?

    Os membros do Fed continuam sinalizando que a primeira elevação deve ocorrer neste ano. Para que isso se concretize, só há duas possibilidades: as reuniões de outubro e dezembro

    3- O que a manutenção significa para o Brasil?

    O efeito imediato é evitar um êxodo de investidores do país –e a pressão maior sobre o dólar. Mas a moeda deve continuar em alta, ao menos moderada, por razões internas

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