• Mercado

    Sunday, 19-May-2024 10:12:49 -03

    Em 'licitação às avessas', TAM mostra a governadores impacto de 'hub'

    RICARDO GALLO
    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO

    18/09/2015 02h00

    Tal qual uma licitação às avessas —em que Estados disputam o projeto de uma empresa, não o contrário—, a TAM apresentou nesta quinta-feira (17) aos governadores do Ceará, de Pernambuco e do Rio Grande do Norte o impacto bilionário à economia local da instalação de um "hub" (centro de distribuições de voos) no Nordeste.

    As comitivas de cada Estado vieram à sede da empresa, em São Paulo, para encontros separados com a diretoria da TAM.

    Fortaleza, Recife e Natal concorrem para sediar o centro de conexões. A decisão da companhia deve sair até o final do ano.

    Os representantes dos três Estados tiveram acesso a estudo que aponta ganhos anuais ao PIB (Produto Interno Bruto) local de US$ 520 milhões em Fortaleza, de US$ 512 milhões em Recife e de US$ 374 milhões em Natal com a instalação do "hub".

    Esses valores representam incremento de 5% a 7% no PIB anual em cada cidade. A soma inclui impactos diretos e indiretos, entre outros. Serão 35,5 mil empregos a mais em Fortaleza, 29 mil em Recife e 24,1 mil em Natal, segundo o estudo.

    O levantamento foi produzido pela consultoria britânica Oxford Economics, cujos trabalhos subsidiaram a instalação de "hubs" em Dubai e na Cidade do Panamá.

    Disputa pelo hub da Latam

    BENEFÍCIOS

    Agora, com o levantamento na mão, será a vez dos Estados oferecerem para a TAM os benefícios de cada um —isenções fiscais, por exemplo.

    "Quando você pensa em um 'hub', ele só vale se for eficiente em custos", diz Cláudia Sender, presidente da TAM. Mas não é o único elemento a ser levado em conta: "Também precisa ter localização geográfica estratégica e infraestrutura de altíssima qualidade. Passageiros em conexão querem internet, sala vip, shoppings, conforto".

    Há ainda a necessidade de os Estados investirem em hotelaria, transporte público, atrações turísticas e formação de mão de obra qualificada —como recepcionistas bilíngues ou trilíngues.

    A TAM investirá US$ 1,5 bilhão em aviões para atender ao novo "hub", destinado a ligar o Nordeste à Europa, rota explorada hoje principalmente pela TAP, recém-comprada por David Neeleman, dono da brasileira Azul.

    O estudo da Oxford Economics é parte do processo de decisão. Outra consultoria britânica, a Arup, trabalha no mapeamento das características e da infraestrutura dos aeroportos de Fortaleza, Recife e de Natal.

    Sender diz que a decisão será baseada nos aspectos técnicos e financeiros. "Não é um prazer sádico colocar os três Estados em competição. É porque hoje nenhum reúne sozinho 100% das características que procuramos."

    A data do anúncio ainda dependerá de alguns fatores. A TAM pediu à Infraero a possibilidade de construção de um novo terminal em Recife; quanto a Fortaleza, há conversas com a SAC (Secretaria de Aviação Civil) sobre os planos da pasta para o aeroporto, incluído na próxima rodada de concessões de aeroportos do governo federal, marcada para ano que vem.

    TAMANHOS DAS PISTAS DOS AEROPORTOS -

    COMPETIDORES

    O tamanho das comitivas enviadas pelos Estados à reunião na sede da empresa sinaliza o grau de interesse.

    No grupo do Ceará, além do governador Camilo Santana, estavam senadores, secretários, um deputado e o prefeito de Fortaleza. Em nota, o governador disse estar otimista e ter certeza de estar "no caminho certo" para vencer a disputa.

    De Pernambuco, o governador Paulo Câmara, acompanhado de outras nove autoridades locais, disse ter aproveitado o encontro para "ratificar a sua disposição em fazer as parcerias necessárias para a atender os requisitos de infraestrutura e os custos exigidos pelo empreendimento".

    Robinson Faria, o governador do Rio Grande do Norte, saiu da reunião com declarações esperançosas, mas demonstrou estar ciente de que é cedo para fazer estimativas.

    "A presidente da TAM foi muito clara em afirmar que aquele estudo não era um indicativo para nenhum dos Estados, mas uma apresentação dos potenciais econômicos e do que o 'hub' deve levar ao Estado que for escolhido."

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024