Depois de Volkswagen e Mercedes-Benz, a Ford é a terceira montadora do ABC e a quarta do país a aprovar a adesão ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego) e a reduzir os salários e a jornada a partir de janeiro de 2016.
A proposta aprovada pelos trabalhadores em assembleia nesta sexta (18) prevê seis meses de redução, prorrogáveis por mais seis, será válida para toda a fábrica, segundo a montadora. Em troca, os funcionários garantiram estabilidade até agosto de 2017 e a empresa cancela 203 demissões anunciadas.
A Ford fez acordo para cortar 20% da remuneração e da jornada com o sindicato. Metade da redução salarial (20%) será bancada pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), como prevê a legislação que criou o PPE.
Com isso, os salários serão diminuídos em 10% por um prazo de até 12 meses. O salário médio nas montadoras da região do ABC é de R$ 5.000, segundo dados do sindicato.
Além disso, a empresa vai prorrogar o "lay-off" (suspensão do contrato de trabalho) de um grupo de funcionários afastados desde maio. A partir de janeiro, como deve reduzir o ritmo da linha de produção do ABC, também foi negociado um novo "lay-off" para 2016, segundo informaram sindicato e empresa.
Veja as regras de adesão ao PPE
O PPE será "para todos os empregados da unidade de São Bernardo do Campo e dos escritórios regionais de vendas", diz a Ford.
A montadora informou que está prevista a abertura de um novo PDV (Programa de Demissão Voluntária) para empregados horistas (produção) no período de 24 de setembro a 9 de outubro", e que "adicionalmente, será implementada a suspensão temporária do contrato de trabalho ('lay-off') para o período do final de 2015 e durante o ano de 2016".
FIM DA GREVE
A decisão foi aprovada em assembleia na manhã desta sexta-feira (18) e põe fim à greve iniciada no dia 10, após a Ford anunciar a demissão de 203 empregados.
Os cortes haviam sido comunicados, há cerca de duas semanas, após a abixa adesão a um PDV (Programa de Demissão Voluntária), aberto por dois meses, que não atingiu a meta pretendida pela empresa, segundo informou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
A Ford tem cerca de 4.300 trabalhadores na unidade de São Bernardo do Campo. Desse total, 160 estão em "lay-off" (suspensão temporário do contrato de trabalho) desde maio e 59 estão afastados em banco de horas.
Do grupo de 160 afastados, cerca de 60 podem retornar em outubro e cerca de cem podem ter "lay-off" estendido, segundo o sindicato. Outro grupo de 150 pode ter seus contratos suspensos a partir de janeiro. A empresa havia informado ter um excedente ao menos de 250 metalúrgicos nessa unidade.
A prorrogação foi negociada para evitar o corte de salário de 30%, como inicialmente a empresa pretendia, de acordo com o sindicato.
"Foi uma negociação dura. Ontem [quinta, dia 17] ficamos 12 horas em reunião. Vamos usar o PPE e o lay-off porque a empresa alegou qye a redução de 20% na jornada não seria suficiente", disse Rafael Marques, presidente do sindicato.
"Sabemos que a situação é complexa, e ficaria ainda mais crítica a partir de janeiro, quando haverá novo ajuste na produção da fábrica. Atualmente ela produz 35 carros e 13 caminhões por hora e a partir do início do ano que vem reduzirá as linhas para 31 carros e 11 caminhões", afirmou o dirigente.
BENEFÍCIOS
Assim como o acordo feito na Volks, a redução salarial não atingirá o 13o salário nem as férias e estão mantidos os acordos de reajuste salarial e participação nos lucros.
O sindicato informou ainda que a Ford também garante a complementação do salário reduzido, nos casos em que a a metade da redução salarial for maior que o limite máximo pago pelo FAT - de R$ 900.
Na Volkswagen, a redução de salário e jornada atingiu 60% do total de empregados da montadora no país e quase a totalidade da fábrica do ABC. A unidade tem 12,6 mil. É a maior já feita desde a criação do programa
do governo federal —PPE— e foi aprovada nesta quinta (17) pela maioria dos funcionários.
EMPRESAS QUE JÁ ADERIRAM AO PPE
VOLKSWAGEN: 11.600 funcionários aprovaram entrar no plano
MERCEDES-BENZ: 10.000
FORD: cerca de 4.000
CATERPILLAR: 1.498 (acordo já assinado com governo)
RASSINI NHK AUTOPEÇAS: 550 (acordo já assinado com governo)
PRENSAS SCHULER: 456
GRAMMER DO BRASIL: 451 (acordo já assinado com governo)
TRICOL: 114
Fontes: MTE e Sindicato dos Metalúrgicos do ABC