• Mercado

    Wednesday, 08-May-2024 06:02:50 -03

    Em retomada, Miami vê menos investidores de países emergentes

    DEISE DE OLIVEIRA
    DA ENVIADA ESPECIAL A MIAMI

    20/09/2015 02h00

    Dificilmente uma pessoa que retorne a Miami após cinco anos (a exemplo da repórter) reconhecerá o panorama atual da cidade. Impressiona o número de guindastes e tapumes, sobretudo no bairro de Brickell, centro financeiro e de negócios da cidade.

    Os prédios na região são residenciais, de luxo, e chegam a 60 andares. A prioridade, como em toda a Flórida, é atender investidores. Mas Brickell não está só na empreitada. A ilha de Miami Beach, como já é tradição, e suas vizinhas Sunny Isles e Aventura também estão em crescimento.

    "A crise imobiliária de 2008 paralisou as compras e os lançamentos de imóveis nos EUA. E isso gerou uma demanda reprimida. Nos últimos quatro anos, houve um boom de novos projetos, especialmente em Miami", diz Anna-Denise Miranda, diretora de vendas da imobiliária Fortune International Group.

    Na retomada do mercado, e a fim de evitar novos calotes de hipotecas, a exemplo do verificado no fim da década passada, algumas garantias foram tomadas. A ideia é que os negócios (tanto para quem constrói quanto para quem compra) ocorram em bases financeiras mais sólidas.

    "Exigimos um depósito de entrada de 50%, que pode superar US$ 2 milhões no caso do menor apartamento do nosso mais recente lançamento. Ter essa quantia por parte do comprador é uma garantia para nós e um facilitador para obter o restante do financiamento", diz Tanya Horruitiner, gerente de vendas do condomínio de luxo Turnberry Ocean Club, à beira-mar de Sunny Isles.

    Mesmo com a exuberância do mercado atual e as marcas deixadas pela crise, especialistas descartam a possibilidade de uma nova bolha.

    Segundo Fernando de Nuñez y Lugones, vice-presidente da imobiliária Sotheby's International Realty, às políticas de crédito mais restritivas, soma-se uma possível acomodação de preços.

    A retomada vigorosa de Miami conta com o consumidor norte-americano, mas há investimento do mundo todo. Predominam compradores de regiões ao norte do país (Nova York e Chicago), do Canadá e da América Latina. Despontam aí venezuelanos, brasileiros, argentinos, colombianos, mexicanos e, mais recentemente, peruanos.

    Os compradores estrangeiros, na maioria, são famílias de classe alta, que procuram um imóvel como segunda residência, para lazer ou para alugar.

    Com a valorização do dólar em relação às demais moedas, a tendência é que o processo de compra ocorra em ritmo mais lento, segundo Dan Riordan, presidente de projetos residenciais do grupo Turnberry. "A situação paralisou alguns compradores ou potenciais e os leva a refletir sobre o que verdadeiramente desejam fazer."

    A sugestão de Riordan é que o comprador considere tomar uma decisão em um cenário de dois a três anos. Segundo Anna-Denise, que esteve em São Paulo no mês passado para apresentar um projeto multiúso, o ph Premiere Hotel & Spa Orlando, houve uma diminuição no total de vendas de imóveis na Flórida desde a valorização do dólar.

    Para Chris Soares, corretor da Luxury Real Estate Liaison, mais do que a desvalorização do dólar, a falta de confiança no futuro do Brasil tem sido o principal empecilho a novas vendas.

    "O momento é favorável para quem tem dinheiro, sobretudo dólar nos EUA. Mas até mesmo o brasileiro que possui dinheiro aqui tem preferido levá-lo ao Brasil e investir em imóveis lá."

    Segundo pesquisa da associação nacional dos corretores dos EUA, 8% do total de vendas de imóveis de abril de 2014 a março de 2015, em todos os EUA, foi para compradores internacionais.

    Deste grupo, a maioria teve como destino a Flórida, representando cerca de 20% das aquisições totais, com a maioria dos compradores (35%) de origem latina-americana, incluindo brasileiros, que são cerca de 11%.

    A jornalista DEISE DE OLIVEIRA viajou a convite da Turnberry Associates

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024