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    Com aumento de procura e demissões, desemprego vai a 7,6% nas metrópoles

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO

    24/09/2015 09h20

    Com um aumento de 52% no número de pessoas que procuram emprego sem encontrar, a taxa de desemprego subiu para 7,6% em agosto nas seis principais regiões metropolitanas brasileiras, pelo oitavo mês seguido. É a maior taxa desde março de 2010, que também foi de 7,6%.

    O aumento foi de 2,6 pontos percentuais na comparação com os 5% verificados no mesmo mês do ano passado. Em julho, estava em 7,5%. Para o IBGE, há estabilidade na taxa de julho para agosto.

    A taxa de agosto está em linha com a expectativa de economistas consultados pela agência internacional Bloomberg, que previa o desemprego em 7,7%.

    Agosto repete a dinâmica dos últimos meses: mais pessoas estão procurando emprego na expectativa de recompor a renda familiar, afetada pela crise econômica, mas encontram um mercado em processo de demissões.

    Desemprego - Taxa de desocupação, em %

    A população economicamente ativa —chamada PEA, composta por pessoas com 10 anos ou mais de idade disponíveis para trabalhar ou já empregadas— cresceu em 0,9% em agosto (ou mais 221 mil pessoas) na comparação ao mesmo mês do ano passado.

    Essa marcha em direção ao mercado de trabalho é liderada por jovens que, no passado, adiariam a busca por emprego para dedicar mais tempo aos estudos. Foi um período de crescimento da renda familiar e uma dinâmica mais favorável ao emprego.

    O problema é que o quadro mudou. E, em agosto, essa população que chegou ao mercado em busca de emprego encontrou oferta escassa. A população ocupada caiu 1,8% frente a agosto de 2014. Foram 415 mil pessoas ocupadas a menos nessa comparação, para 22,7 milhões.

    Essa massa de demitidos é formada principalmente por adultos de 25 a 49 anos, que se somam aos jovens na busca por emprego. São homens e mulheres que perderam seus empregos estão engrossando a fila dos desempregados nas metrópoles.

    O saldo é uma massa de 1,85 milhão de pessoas desempregadas nas seis principais regiões metropolitanas brasileiras, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na manhã desta quinta-feira (24).

    Esse total de desempregados é 52,1% maior do que em agosto do ano passado. Ao longo desse período, foram 636 mil pessoas a mais desempregadas nas seis metrópoles —Salvador, Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

    "Não estamos diante de um quadro favorável no mercado de trabalho. O mercado não gera postos e há claramente uma tendência de pessoas indo para o mercado. Existe um fila de desocupação crescendo e perda da carteira de trabalho assinada", disse Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do IBGE.

    Vale lembrar que a PME (Pesquisa Mensal de Emprego) deixará de ser divulgada no ano que vem, quando será substituída pela Pnad Contínua, uma pesquisa de emprego do IBGE de abrangência nacional.

    SETORES

    Dos sete setores acompanhados pelo IBGE, quatro tiveram redução no quadro de pessoal ocupado em agosto, na comparação ao mesmo mês do ano passado.

    A indústria foi o setor que mais cortou empregos. Foram 197 mil empregos cortados em um ano, queda de 5,5% em comparação a agosto de 2014. Na comparação a julho, a redução foi de 0,7%. São 3,3 milhões de empregados no setor.

    Já o setor de construção demitiu 120 mil pessoas nas metrópoles entre agosto do ano passado e agosto deste ano. Isso significa uma queda de 6,7% no período. Como a indústria, a construção vive um longo período de crise.

    Serviços prestados a empresas e outros serviços também cortaram emprego. Foram 101 mil e 149 mil vagas fechadas, respectivamente, pelos setores em agosto deste ano, na comparação ao mesmo período de 2014.

    FORMALIDADE

    Muitos dos trabalhadores demitidos estão agora atuando por conta própria. O total de ocupados nessa atividade cresceu em 98 mil pessoas em agosto deste ano, na comparação ao mesmo período do ano passado, aumento de 2,2%.

    O aumento do desemprego é acompanhando, assim, por mais informalidade. O número de trabalhadores com carteira de trabalho assinada encolheu 3,8% em agosto deste ano, frente ao mesmo período de 2014, queda de 445 mil vagas.

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