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    Bancários devem recusar reajuste menor e entrar em greve em outubro

    CLAUDIA ROLLI
    DE SÃO PAULO

    25/09/2015 15h26

    Apu Gomes/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 19-09-2013, 10h00: GREVE DOS BANCARIOS. Bancario contrario a greve (roupa marrom), derruba grevista do Banco do Brasil na tentativa de entrar na agencia do BB na Rua XV de Novembro, no centro de Sao Paulo fechada no primeiro dia de greve dos bancarios de Sao Paulo, Osasco e regiao. (Foto: Apu Gomes/Folhapress, Mercado ) *** EXCLUSIVO***
    Fachada de agência do Banco do Brasil no centro de São Paulo, durante greve dos bancários em 2013

    Os bancários devem recusar em assembleias previstas para a próxima quinta-feira (1) a proposta de reajuste abaixo da inflação feita pela federação dos bancos e marcar greve a partir do dia 6 de outubro.

    A negociação ocorreu nesta sexta (25) com o Comando Nacional dos Bancários, que indicará a rejeição da contraproposta nas assembleias que serão realizadas em todo o país.

    A proposta dos bancos prevê 5,5% de reajuste com R$ 2.500 de abono fixo. A categoria pede reajuste salarial de 16%, sendo 5,6% de aumento real e 9,88% referentes à perda da inflação.

    Pelos cálculos do Sindicato dos Bancários, a "perda real de 4%" significa que um bancário que recebe o salário médio da categoria iria perder no ano R$ 1.983 em relação a uma proposta que apenas cobrisse a inflação.

    Segundo Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e uma das coordenadoras do comando nacional, esse foi o pior índice oferecido pelos bancos desde 2004.

    São mais de 500 mil bancários no Brasil, sendo 142 mil representados pelo sindicato em São Paulo, Osasco e região.

    A categoria recebeu aumento real de 20,07% no período entre 2004 e 2014. No ano passado, foram 2,02% acima da inflação.

    PERDA REAL

    "Perda real não é condizente com os resultados dos bancos, que tiveram lucro líquido de R$ 36,3 bilhões nos últimos seis meses. As instituições financeiras estão colocando a categoria em greve de forma irresponsável, ao mesmo tempo que cobram juros de mais de 400% no cartão de crédito, prejudicando toda a população", disse a sindicalista.

    "Haverá assembleia dia 1 em todo o país e vamos indicar a rejeição da proposta. Até lá, a Fenaban tem prazo para apresentar uma proposta condizente com os ganhos bilionários dos bancos para os trabalhadores", completou.

    CAMPANHA SALARIAL

    Os bancários, com data-base em setembro, entregaram a pauta de reivindicações no dia 11 de agosto.

    Entre as principais reivindicações da campanha deste ano pedem

    > Reajuste Salarial de 16%, sendo 5,6% de aumento real, com inflação de 9,88% (INPC)

    > Participação nos Lucros e Resultados no valor de três salários mais R$ 7.246,82 fixos

    > Piso de acordo com salário mínimo do Dieese, de R$ 3.299,66

    > Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor do salário mínimo nacional (R$ 788);

    > 14º salário

    > Fim das demissões, ampliação das contratações, combate às terceirizações e à precarização das condições de trabalho

    > Mais segurança nas agências bancárias

    OUTRO LADO

    A FENABAN (Federação Nacional de Bancos) informou por nota que "a proposta visa compensar perdas decorrentes da inflação passada, sem contaminar os índices futuros, o que iria contra os esforços do governo para reequilibrar os fundamentos macroeconômicos".

    O documento destaca que a proposta da federação mantém o poder de compra médio da categoria nos últimos doze meses e que, desde 2004, houve um processo de aumento real dos salários dos bancários sem interrupção.

    "O reajuste de 5,5% está em linha com a expectativa de inflação para os próximos 12 meses. Índices acima das expectativas de inflação podem contribuir para maior dificuldade na queda dos índices inflacionários", informa a nota.

    Além do reajuste salarial, os bancários receberiam participação de 5% a 15% dos lucros dos bancos.

    De acordo com a FENABAN, essa fórmula de distribuição do lucro, aplicada, por exemplo, ao salário de um caixa bancário, de R$ 2.560,00, pode garantir o equivalente a até quatro salários.

    Os bancos ofereceriam ainda um abono de R$ 2,5 mil que seria distribuído igualmente para toda a categoria dos bancários sem ser incorporado aos salários.

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