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    Salários são principal queixa de mulheres e homens na av. Paulista

    MICHELLE HEYMANN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    26/09/2015 19h30

    Sob o sol escaldante da avenida Paulista e em meio às manifestações de carteiros e de residentes médicos, trabalhadores de todos os tipos e estilos circulam. Idades variadas, perfis diferentes. Os salários também.

    Na última quinta-feira (24), a Folha convidou alguns deles a representar as proporções entre homens e mulheres em cargos de diretoria executiva.

    O advogado André Peixoto, 35 anos, do Ceará, está em São Paulo só de passagem, veio a trabalho. Para ele as mulheres estão em desvantagem na sua profissão. Elas ficam com o trabalho interno e têm maior dificuldade para conseguir trabalhar como advogadas.

    "É por isso que muitas tentam por concurso", explica. Ele não diz qual é seu salário por sigilo empresarial.

    A residente médica Quisy Ribeiro Storti, de 34 anos, que chegou atrasada para a passeata de sua categoria, fez questão de afirmar, revoltada, que a bolsa de R$ 2.700 é pouco para o tanto que trabalha. "Anota aí", pediu ela, ao informar o valor.

    Outra trabalhadora nos arredores da Paulista, a esteticista Stephanie Gouveia, de 26 anos, protegendo-se do calor da tarde com uma sombrinha em tons de bege e salmão, está começando a trabalhar como autônoma e não tem um valor de quanto ganha mensalmente.

    Enquanto isso, em manifestação, os funcionários de correios reclamam de seus salários. O clima é tenso para a categoria. O público inclui profissionais do interior, da capital e até de outros estados, como o Rio. As camisas amarelas e azuis lotam o vão do Masp, apesar do calor.

    Eles —a maioria é de homens— protestam com buzinas, muita música e discursos efervescentes, pedindo mudanças nas condições de emprego. Entre os carteiros está Bruno Elias, de 32 anos.

    De óculos de sol e boné da companhia, além do uniforme, ele conta que ganha somente R$ 1.200 e que está preocupado com a situação.

    Também insatisfeita, a assistente social Nagma Lira, de 45 anos, já chega falando sobre seu salário de R$ 2.500. "Está abaixo do piso, eu sei", lamenta.

    O salário do gerente de restaurante Antonio Chadi, por outro lado, é de R$ 4.000.

    Já Fábio Lacerda, de 29 anos, é dono de uma empresa que fornece café da manhã para instituições. Ele conta que seu ganho salarial oscila muito. Varia de R$ 6.000 a R$ 10 mil. Agora, em época de crise, está próximo ao valor mais baixo. Para ilustrar, ele mostra os bolsos de sua calça: vazios.

    Ao mesmo tempo, também, o dono de um escritório de advocacia, Paulo Artur Monteiro, de 42 anos, ganha cerca de R$ 14 mil e o analista financeiro Thalisson Adriano Santos Oliveira, de 28 anos, ainda em início de carreira, recebe R$ 2.500. O ainda estagiário de arquitetura Caio Henrique Camassari, de 21 anos, por exemplo, ganha R$ 1.300, mas espera um salário maior quando se formar.

    No mesmo período em que estes trabalhadores responderam à reportagem da Folha, muitos outros passaram apressados, atrasados para uma reunião ou uma audiência, por exemplo.

    São ternos, gravatas, saltos, vestidos e saias passando correndo em meio a discursos, vaias, buzinadas, trânsito (ampliado devido às manifestações) e vendedores ambulantes.

    Resta a sujeira no chão e o silêncio com o fim da passeata, mas o expediente continua e os executivos —ou não— ainda andam apressadamente pelas calçadas da avenida.

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