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    o impeachment

    'Vale do Silício' carioca encolhe junto com pré-sal

    BRUNO VILLAS BÔAS
    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    27/09/2015 02h00

    Um dos principais polos de pesquisa do país, tido como o "Vale do Silício" do pré-sal, o Parque Tecnológico da UFRJ, sede de grandes centros de pesquisa de multinacionais e de empresas brasileiras, está sendo duramente afetado pela crise da indústria do petróleo e cortando funcionários.

    "Os centros de pesquisa e desenvolvimento de nossas associadas deveriam ter 400 pesquisadores estrangeiros, mas têm apenas 20 ou 30", disse Paulo Cesar Martins, presidente da Abespetro (Associação das Empresas de Serviços de Petróleo).

    O Parque Tecnológico fica na Ilha do Fundão, na zona norte do Rio, onde está o campus da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e o Cenpes (Centro de Pesquisa da Petrobras).

    Desde 2003, 11 grandes companhias —a maioria da área de petróleo— investiram R$ 1 bilhão para instalar centros de pesquisa por lá, como Halliburton, Schlumberger e Baker Hughes. Foram atraídas, assim como laboratórios e empresas de menor porte, pelos elevados investimentos na busca de tecnologias para a exploração do pré-sal.

    Por lei, as concessionárias de blocos de petróleo devem investir em pesquisa e desenvolvimento 1% da receita de campos de alta rentabilidade. O problema é que o preço do barril derreteu e encolheu essa receita.

    Nesta sexta-feira (25), o barril de petróleo foi negociado a US$ 48,60 no mercado internacional. Em final de março, estava cotado a US$ 55,11 e, em março de 2014, a US$ 107,76. Trata-se de uma queda de quase 50%.

    Investimento da Petrobras em Pesquisa e Tecnologia

    QUEDA LIVRE

    Com isso, os investimentos obrigatórios gerados para a atividade de P&D também despencaram, ainda que não na mesma proporção. No primeiro trimestre deste ano foram gastos R$ 230 milhões em P&D, dado mais recente. O número representa uma queda de 35% ante os R$ 345 milhões desembolsados de janeiro a março de 2014.

    A Chemtech, braço de engenharia do grupo Siemens, investiu cerca de US$ 50 milhões em seu centro de tecnologia no Fundão. Ela foi agora a primeira a realizar demissões em massa. Foram 750 funcionários mandados embora no primeiro semestre.

    De acordo com a empresa, os cortes ocorreram para adequar o número de empregados às demandas por novos projetos. Em nota, acrescentou que "ajustes fazem parte das atividades de empresas de engenharia".

    Investimento em pesquisa e desenvolvimento

    O grupo de serviços petroleiros franco-americano Schlumberger também demitiu. O corte faz parte dos planos de redução de 9.000 empregados pelo mundo. Segundo a companhia, as atividades no centro de pesquisa serão mantidas.

    Outra que cortou pessoal é a Baker Hughes. A empresa foi comprada pela americana Halliburton, também instalada no parque.

    Segundo Maurício Guedes, diretor-executivo do Parque Tecnológico, os centros de pesquisa foram duplamente afetados: pela crise global do petróleo e pela crise econômica brasileira.

    Ilha do Fundão

    Mesmo assim, ele afirma que outras companhias seguem investindo no local. São os casos da Ambev e das estrangeiras L'Oréal e BG, que estão construindo seus centro de pesquisa na área.

    "Abrimos uma concorrência para atrair até 16 firmas de pequeno e médio portes de tecnologia da informação para o parque", disse.

    Última a inaugurar seu centro de pesquisas no local, a GE tenta diversificar as atividades para evitar os impactos da crise do petróleo, diz Gustavo Bellot, gerente sênior da companhia.

    Ele argumenta que a interação entre os diferentes segmentos de negócios da GE permite o uso da estrutura para desenvolver tecnologias para outras áreas durante a crise do setor de petróleo.

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