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    Mercado de barcos de luxo aposta em ainda mais luxo durante a crise

    ANDRÉ CABETTE FÁBIO
    DE SÃO PAULO

    01/10/2015 02h00

    Após obter um faturamento de US$ 700 milhões (R$ 2,78 bilhões) em 2013 e 2014, o setor náutico nacional aposta em embarcações maiores e mais caras, voltadas para o público ultrarrico, a fim de manter os ganhos durante a crise.

    Essa é a estratégia do braço brasileiro do estaleiro italiano Azimut Yachts, que levará ao São Paulo Boat Show dois de seus maiores modelos. O objetivo é atrair no evento a fatia dos compradores que não perde tanto poder de compra, mesmo com mau momento econômico.

    O evento ocorre no Transamérica Expo Center (zona sul de São Paulo) —a partir desta quinta (1°) e segue até terça (6)— e concentra um quarto das vendas anuais no país. Varanda gourmet e churrasqueiras elétricas são algumas das adaptações de alguns dos barcos para o público brasileiro.

    Segundo Davide Breviglieri, diretor da Azimut no Brasil, a intenção foi antecipar a construção de barcos maiores para o público AAA, que sente menos uma situação de turbulência. Paulistas que navegam pelas marinas de Guarujá a Angra dos Reis somam 60% desse público no Brasil, diz.

    Mercado náutico do Brasil

    A empresa faturou R$ 100 milhões em 2014 e espera crescer 20% neste ano. Ela levará ao evento um Azimut 70, que sai por cerca de US$ 4 milhões e tem comprimento de 21,6 metros, e um Azimut 60, por cerca de US$ 2 milhões e 18,3 metros.

    "Se o setor está se movendo para alguma direção, é a de barcos maiores. No Rio Boat Show 2014, os maiores barcos tinham 23 metros. Neste ano, o maior tinha 24 metros", diz o inglês Nicholas Botdy, presidente da 22 Graus, especializada em aluguel e venda de superiates importados, maiores do que 24 metros.

    LUXO ALÉM DOS BARCOS

    Cerca de 100 empresas vão expor iates, lanchas, veleiros, jet-skis, caiaques, motores e acessórios. Mas o luxo não está restrito aos barcos. O Boat Show também terá o Espaço dos Desejos com lançamentos de grifes, marcas de TVs e carros.

    Se a previsão se confirmar, 2015 repetirá o ocorrido em 2014, quando o que segurou o faturamento do setor foram os barcos mais caros, de 7 a 12 metros (na faixa de R$ 200 mil a R$ 2,5 milhões) e os de 12 a 24 metros, (de R$ 1,7 milhão a R$ 20 milhões), apesar da venda de menos unidades (veja gráfico acima).

    No ano passado, barcos menores, de até 7 metros e custo de até R$ 90 mil, tiveram queda de 25% nas vendas em São Paulo, segundo Marcio Dottori, diretor do evento. Acessível para um público de poder aquisitivo menor, esse tipo de embarcação sofre tanto com a crise econômica quanto a hídrica, que baixou o nível das represas do Estado.

    CÂMBIO

    Segundo Dottori, neste ano a indústria nacional tem a ajuda do câmbio e linhas de financiamento oferecidas no evento para sair à frente dos importados.

    "Muitos fabricantes ainda não repassaram o preço do dólar, porque importaram as peças dos barcos antes da alta. O barco não vai estar mais barato do que antes, mas tem o preço com câmbio favorável."

    A concorrência externa também pesará menos. "O boom náutico do Brasil aconteceu em 2010, quando os brasileiros conheciam Miami e o dólar estava a R$ 1,80. Importávamos 80, 90 barcos. Neste ano, importamos um", diz Breviglieri, da Azimut.

    Acostumado a vender barcos holandeses de luxo no país, Robert Vreugdenhil vai dessa vez ao São Paulo Boat Show em busca de proprietários interessados em vender iates usados a compradores holandeses. Ele busca bons negócios com o mercado brasileiro em baixa e o euro a R$ 4,40. "O forte é o preço", diz.

    Botdy, da 22 Graus, vai ao evento para fazer contato com potenciais clientes, mas diz que a venda de importados vai ter que esperar o dólar baixar. "Eu não permitiria que um cliente gastasse agora."

    A Azimut vai aproveitar o dólar em baixa para exibir em novembro, na Flórida, o seu modelo Azimut 42, produzido no Brasil.

    De acordo com Dottori, o mercado brasileiro tem se desenvolvido com da instalação de fábricas estrangeiras no país, a exemplo do que aconteceu com a indústria automotiva.

    Para ele, o Brasil ainda é um mercado novo com demanda reprimida e espaço para crescimento mesmo na crise.

    "Tinha um barco para cada 267 pessoas no Brasil em 2013. Nos Estados Unidos era 1 para cada 23 pessoas, e, na França, 1 para cada 65. Não estamos tão atrás quando se trata de carros, eletrodomésticos ou motos", compara.

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    • SÃO PAULO BOAT SHOW

    Onde: Transamérica Expo Center. R. Dr. Mário Villas Boas Rodrigues, 387, Santo Amaro; saopauloboatshow.com.br
    Quando: 1º a 6 de outubro
    Horários: dia 1º, das 15h às 22h; dias de semana, das 13h às 22h; fim de semana, das 12h às 22h
    Quanto: R$ 60 (maiores de 65: R$ 30; menores de 1 m: grátis). Estac. R$ 30 (moto) e R$ 42.
    Contato: (11) 2186-1062.

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